domingo, 27 de outubro de 2024

Jesus Cristo


João Marques* | Garanhuns

Jesus, no seu tempo, era conhecido ou reconhecido por poucos. Não eram todos que acreditavam em suas palavras. As curas é que atraiam, e muitos o tinham apenas como mais um profeta. No meio dos discípulos, dos parentes ou da gente que o cercava, era uma pessoa comum, com algumas características próprias ou diferentes.

Seu rosto era natural, de um hebreu normal. E podia ser olhado à vontade. Sorria, também. Sua mãe, também, era normal. E, na época, ninguém a via como santa, era uma mulher igual às outras.

O homem Jesus era bonito, já pela lucidez que transmitia o rosto. Face larga, olhos azulados, sobrancelhas estendidas e finas, e de um brilho escuro. Cabelos e barba alourados e crescidos, não muito longos, conforme o costume. Um sorriso ameno e constante no rosto, de uma expressão amimadora. Como quem está sempre contente. Andava de sandálias rústicas, roupa simples. E gostava de ficar só, a não ser quando estivesse conversando ou falando a muitos. Tratava sua mãe como Senhora... seu pai, com uma palavra de tratamento, sem tradução, que significava a pessoa a quem se deve respeito e obediência... Irmãos e discípulos pelo nome, muitas vezes pelo nome e o sobrenome. Era costume. E, apesar de homem simples, tinha gestos solenes, tratos amáveis.

Não repetia o que havia dito, ou o mesmo assunto, preferia dizer com outras palavras, como se falasse de algo novo. Sua fala era muito viva, vibrante, daí ser sempre superior nos diálogos. Numa conversa, ninguém conseguia contrariá-lo. Inclusive, os governadores e os sacerdotes não tiveram condição de conversar muito tempo. Não permitia ser tratado como Senhor, ou de forma diferente, com reservas. Recolhia-se da presença de todos, quando ia orar. E aos olhos de alguns, parecia outra pessoa, tal a atitude de paz e transfiguração do rosto. Quando reapareceu aos seus apóstolos, ressuscitado do corpo crucificado, a aparência não pôde ser reconhecida por todos, e nem todos o viam direito... Em espírito, o seu rosto ficou mais rejuvenescido, e de uma luz tênue e atrativa. É o que sei, pelo pensamento e pela graça de Deus.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

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