terça-feira, 25 de julho de 2023

João Marques


Cláudio Gonçalves*
 

O escritor, poeta e compositor João Marques dos Santos, ex-funcionário do Banco do Brasil, nasceu em Garanhuns no Sítio Timóteo em 13 de julho de 1940, na Mochila, filho de Vicente Quirino dos Santos e Maria Marques dos Santos, descende da fundadora de Garanhuns Simôa Gomes de Azevedo, ocupou honrosos cargos na Cultura de Garanhuns, entre eles, Ex-Presidente da Academia de Letras de Garanhuns e Diretor de Cultura de Garanhuns. O Mochileiro João Marques também é um dos sócios fundadores do Instituto Histórico, Geográfico e Cultural de Garanhuns. 

HINO DE GARANHUNS

O Hino de Garanhuns é motivo de orgulho para todos os garanhuenses. Quando ouvimos a sua execução, somos tomados por um sentimento de emoção e grande altivez. Frequentemente ouvimos comentários elogiosos sobre a composição, cuja letra retrata fielmente as belezas naturais, pedaços do céu, Salve as Sete Colinas, as grandezas que se revelam no presente e no futuro de Garanhuns e as passagens históricas, em que os filhos da Terra evocam os teus vales que esconderam os fugitivos de cor, a liberdade que da Terra arvora, o lema “Ad Altiora Tendere”, a bandeira sagrada e serena e o feito histórico de Simôa Gomes. Cada verso do hino expressam com realismo o que os filhos de Garanhuns gostariam de exprimir ao mundo sobre o amor que sentem pela Cidade das Flores e como é dito em um dos seus versos: Cantando com a alma que sente. 

A composição do Hino de Garanhuns desperta curiosidades, entre elas, como surgiu à inspiração do autor para produzir uma obra que se perpetuará no tempo. 

João Marques dos Santos relata nessa entrevista inédita com riquezas de detalhes, um dos momentos que marcaram a História de Garanhuns e também profundamente a sua vida.

Recorda o compositor João Marques, que em dezembro de 1995 no governo do então Prefeito de Garanhuns, Bartolomeu Souto Quidute, este enviou um convite ao Grêmio Cultural Ruber van der Linden solicitando a composição de um hino para o município, pois desejava concluir o seu mandato deixando um hino para Garanhuns. João Marques ficou com a incumbência da composição.

Encarregado de compor o hino, João Marques pegou o velho violão Giannini, e sabendo apenas ensaiar alguns acordes, conscientizou-se de que fazer o Hino de Garanhuns seria uma tarefa difícil e importante. 

Naquele momento ao iniciar a composição, o autor relembrou que na sua juventude, assistia a uma apresentação de Luiz Gonzaga na Rádio Difusora de Garanhuns em 1957, quando o cantor antes de apresentar de cantar a música a Feira de Caruaru, disse à plateia que Garanhuns merecia também uma música bonita e fez então um apelo aos compositores da cidade para fazerem uma música. Luiz Gonzaga gravaria em 1978 em seu disco intitulado Dengo Maior a música do cantor e compositor Caruaruense Onildo Almeida, Onde o Nordeste Garoa, homenagem a Garanhuns. Diante de um dos maiores desafios de sua vida, João Marques, lembrou-se momentos antes de compor o Hino de Garanhuns do apelo de Luiz Gonzaga e se motivou para fazer a música bonita que o Rei do Baião havia pedido aos compositores de Garanhuns há 38 anos atrás.

Fechou os olhos e pediu a Deus que o iluminasse para fazer uma canção que o povo de Garanhuns queria, fez um acorde em Fá Maior e iniciou a música e letra, sentindo uma grande fluência em seu pensamento ao cantar a primeiro verso: Filhos da Terra, oh! gente. 

Afirma o compositor que de todas as músicas e poesias que fez, o Hino de Garanhuns foi o mais fácil e rápido. Um processo de produção que teve início na sala de sua casa (Rua Desembargador João Paes, nº 60) à noite e foi concluída pela manhã, cerca de três horas. Durante a composição o autor teve a preocupação de adaptar o hino à topografia do solo de Garanhuns, com seus altos e baixos, para que ao cantarmos sentíssemos como se estivéssemos percorrendo as ladeiras de Garanhuns. Confessa João Marques, que teve todo o cuidado para não fazer um hino parecido com outros e deu toda originalidade possível na letra e na música. 

Feita a composição procurou imediatamente o prefeito Bartolomeu Souto Quidute e tendo mostrado o seu trabalho foi de imediato aceito e em seguida submetido á apreciação de algumas famílias tradicionais do município, que aprovaram o belíssimo Hino de Garanhuns. 

O governo municipal enviou a composição para o consagrado Maestro Duda, José Ursicino da Silva. Colocado os arranjos, o compositor João Marques admirou-se quando ouviu o arranjo musical do famoso Maestro Pernambucano, pois a composição não havia sofrido nenhuma alteração e contemplava trinados latinos, conforme queria o compositor, um arranjo que desse a música uma sensibilidade latina, em vez dos tradicionais hinos heroicos da Europa. Além do belíssimo arranjo, o Coral do Conservatório de Música do Recife interpretou de forma magnífica o Hino de Garanhuns. 

No dia 02 de fevereiro de 1996, o Prefeito de Garanhuns, Bartolomeu Quidute, sanciona a Lei nº 2793 aprovada pela Câmara de Vereadores de Garanhuns, tornando oficial o Hino do Município de Garanhuns. 

O Hino de Garanhuns foi executado pela primeira vez no dia 03 de fevereiro de 1996, em solenidade acontecida á noite no Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti, sendo o hino interpretado por Dalva Diniz e Jurandir Tenório com acompanhamento do 71º Batalhão de Infantaria Motorizado de Garanhuns. 

Passados 27 anos do lançamento do Hino de Garanhuns, o autor admira-se de o povo de Garanhuns gostar tanto da peça musical, e percebe que o hino e muito admirado pelas pessoas das cidades vizinhas, Capital e turistas. 

Revelou-nos João Marques que três personalidades da Cultura apresentaram os parabéns ao autor, foram eles: O Mestre Dominguinhos, o Mastro Duda, e o maestro do Conservatório de Música de Recife. 

O autor terminou a sua narração estampando no rosto a sua emoção ao descrever a história do Hino de Garanhuns, e dizendo-nos, que considera suas duas grandes honras na vida: Ter nascido em Garanhuns e composto o seu hino. 

Os meus agradecimentos ao poeta, escritor e compositor, João Marques dos Santos, pela honra de poder escrever esses relatos inéditos de um momento que em o seu hino de fulge esplendor, tornou-se patrimônio de todos os garanhuenses, e autor e hino entraram para os anais da História de Garanhuns.

HINO DE GARANHUNS

Letra e Música: João Marques dos Santos

Arranjos: Maestro Duda


Filhos da terra, oh! gente,

Ergam a voz, brilhem as frontes,

Cantando com a alma que sente

E que vai nas brisas dos montes.

Salve Garanhuns!

Os jardins, as palmeiras e alguns

Pedaços do céu... mãos divinas!

Salve as sete colinas!

Nos anais, "Florescente e garbosa

Garanhuns", fostes sempre assim.

A elegância, a beleza da rosa,

As paisagens, estesias sem fim.

Os teus vales bravios outrora

Esconderam fugitivos de cor...

A liberdade da terra arvora

Estes homens de novo pendor.

E o lema "Ad Altiora Tendere"

É o mais fervoroso ideal.

A bandeira, sagrada e serena,

E Simôa da história fanal.

Tuas belezas, cidade das flores

E os ares, poema acolhedor...

Ai! Suspiros! Que vida, que amores

Neste hino, que fulge esplendor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Floresta agonizante

Genivaldo Almeida Pessoa Antes... Terra de índios valentes Que habitavam a mata virgem, Que amparavam, animais, árvores e rios, Guerreiros e...