Cláudio Gonçalves*
O escritor, poeta e compositor João Marques dos Santos, ex-funcionário do Banco do Brasil, nasceu em Garanhuns no Sítio Timóteo em 13 de julho de 1940, na Mochila, filho de Vicente Quirino dos Santos e Maria Marques dos Santos, descende da fundadora de Garanhuns Simôa Gomes de Azevedo, ocupou honrosos cargos na Cultura de Garanhuns, entre eles, Ex-Presidente da Academia de Letras de Garanhuns e Diretor de Cultura de Garanhuns. O Mochileiro João Marques também é um dos sócios fundadores do Instituto Histórico, Geográfico e Cultural de Garanhuns.
HINO DE GARANHUNS
O Hino de Garanhuns é motivo de orgulho para todos os garanhuenses. Quando ouvimos a sua execução, somos tomados por um sentimento de emoção e grande altivez. Frequentemente ouvimos comentários elogiosos sobre a composição, cuja letra retrata fielmente as belezas naturais, pedaços do céu, Salve as Sete Colinas, as grandezas que se revelam no presente e no futuro de Garanhuns e as passagens históricas, em que os filhos da Terra evocam os teus vales que esconderam os fugitivos de cor, a liberdade que da Terra arvora, o lema “Ad Altiora Tendere”, a bandeira sagrada e serena e o feito histórico de Simôa Gomes. Cada verso do hino expressam com realismo o que os filhos de Garanhuns gostariam de exprimir ao mundo sobre o amor que sentem pela Cidade das Flores e como é dito em um dos seus versos: Cantando com a alma que sente.
A composição do Hino de Garanhuns desperta curiosidades, entre elas, como surgiu à inspiração do autor para produzir uma obra que se perpetuará no tempo.
João Marques dos Santos relata nessa entrevista inédita com riquezas de detalhes, um dos momentos que marcaram a História de Garanhuns e também profundamente a sua vida.
Recorda o compositor João Marques, que em dezembro de 1995 no governo do então Prefeito de Garanhuns, Bartolomeu Souto Quidute, este enviou um convite ao Grêmio Cultural Ruber van der Linden solicitando a composição de um hino para o município, pois desejava concluir o seu mandato deixando um hino para Garanhuns. João Marques ficou com a incumbência da composição.
Encarregado de compor o hino, João Marques pegou o velho violão Giannini, e sabendo apenas ensaiar alguns acordes, conscientizou-se de que fazer o Hino de Garanhuns seria uma tarefa difícil e importante.
Naquele momento ao iniciar a composição, o autor relembrou que na sua juventude, assistia a uma apresentação de Luiz Gonzaga na Rádio Difusora de Garanhuns em 1957, quando o cantor antes de apresentar de cantar a música a Feira de Caruaru, disse à plateia que Garanhuns merecia também uma música bonita e fez então um apelo aos compositores da cidade para fazerem uma música. Luiz Gonzaga gravaria em 1978 em seu disco intitulado Dengo Maior a música do cantor e compositor Caruaruense Onildo Almeida, Onde o Nordeste Garoa, homenagem a Garanhuns. Diante de um dos maiores desafios de sua vida, João Marques, lembrou-se momentos antes de compor o Hino de Garanhuns do apelo de Luiz Gonzaga e se motivou para fazer a música bonita que o Rei do Baião havia pedido aos compositores de Garanhuns há 38 anos atrás.
Fechou os olhos e pediu a Deus que o iluminasse para fazer uma canção que o povo de Garanhuns queria, fez um acorde em Fá Maior e iniciou a música e letra, sentindo uma grande fluência em seu pensamento ao cantar a primeiro verso: Filhos da Terra, oh! gente.
Afirma o compositor que de todas as músicas e poesias que fez, o Hino de Garanhuns foi o mais fácil e rápido. Um processo de produção que teve início na sala de sua casa (Rua Desembargador João Paes, nº 60) à noite e foi concluída pela manhã, cerca de três horas. Durante a composição o autor teve a preocupação de adaptar o hino à topografia do solo de Garanhuns, com seus altos e baixos, para que ao cantarmos sentíssemos como se estivéssemos percorrendo as ladeiras de Garanhuns. Confessa João Marques, que teve todo o cuidado para não fazer um hino parecido com outros e deu toda originalidade possível na letra e na música.
Feita a composição procurou imediatamente o prefeito Bartolomeu Souto Quidute e tendo mostrado o seu trabalho foi de imediato aceito e em seguida submetido á apreciação de algumas famílias tradicionais do município, que aprovaram o belíssimo Hino de Garanhuns.
O governo municipal enviou a composição para o consagrado Maestro Duda, José Ursicino da Silva. Colocado os arranjos, o compositor João Marques admirou-se quando ouviu o arranjo musical do famoso Maestro Pernambucano, pois a composição não havia sofrido nenhuma alteração e contemplava trinados latinos, conforme queria o compositor, um arranjo que desse a música uma sensibilidade latina, em vez dos tradicionais hinos heroicos da Europa. Além do belíssimo arranjo, o Coral do Conservatório de Música do Recife interpretou de forma magnífica o Hino de Garanhuns.
No dia 02 de fevereiro de 1996, o Prefeito de Garanhuns, Bartolomeu Quidute, sanciona a Lei nº 2793 aprovada pela Câmara de Vereadores de Garanhuns, tornando oficial o Hino do Município de Garanhuns.
O Hino de Garanhuns foi executado pela primeira vez no dia 03 de fevereiro de 1996, em solenidade acontecida á noite no Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti, sendo o hino interpretado por Dalva Diniz e Jurandir Tenório com acompanhamento do 71º Batalhão de Infantaria Motorizado de Garanhuns.
Passados 27 anos do lançamento do Hino de Garanhuns, o autor admira-se de o povo de Garanhuns gostar tanto da peça musical, e percebe que o hino e muito admirado pelas pessoas das cidades vizinhas, Capital e turistas.
Revelou-nos João Marques que três personalidades da Cultura apresentaram os parabéns ao autor, foram eles: O Mestre Dominguinhos, o Mastro Duda, e o maestro do Conservatório de Música de Recife.
O autor terminou a sua narração estampando no rosto a sua emoção ao descrever a história do Hino de Garanhuns, e dizendo-nos, que considera suas duas grandes honras na vida: Ter nascido em Garanhuns e composto o seu hino.
Os meus agradecimentos ao poeta, escritor e compositor, João Marques dos Santos, pela honra de poder escrever esses relatos inéditos de um momento que em o seu hino de fulge esplendor, tornou-se patrimônio de todos os garanhuenses, e autor e hino entraram para os anais da História de Garanhuns.
HINO DE GARANHUNS
Letra e Música: João Marques dos Santos
Arranjos: Maestro Duda
Filhos da terra, oh! gente,
Ergam a voz, brilhem as frontes,
Cantando com a alma que sente
E que vai nas brisas dos montes.
Salve Garanhuns!
Os jardins, as palmeiras e alguns
Pedaços do céu... mãos divinas!
Salve as sete colinas!
Nos anais, "Florescente e garbosa
Garanhuns", fostes sempre assim.
A elegância, a beleza da rosa,
As paisagens, estesias sem fim.
Os teus vales bravios outrora
Esconderam fugitivos de cor...
A liberdade da terra arvora
Estes homens de novo pendor.
E o lema "Ad Altiora Tendere"
É o mais fervoroso ideal.
A bandeira, sagrada e serena,
E Simôa da história fanal.
Tuas belezas, cidade das flores
E os ares, poema acolhedor...
Ai! Suspiros! Que vida, que amores
Neste hino, que fulge esplendor.
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