José Hildeberto Martins | Garanhuns, 2006
Desolado,
à sombra do terraço,
volto os olhos para a janela do tempo;
e, na grave expressão de homem maduro,
encontrando a imagem do desaparecido,
contemplo o eu menino.
Ironia do sentimento talvez,
fortes e secretas inquietações do anseio,
de longe o vulto me procura,
embevecido, ainda,
na ilusão dos castelos de areia.
Quadro diáfano, fugidio...
E me falava e acenava o menino,
enquanto eu,
como se ouvisse sua voz clara,
mas confusa,
permaneci paralisado,
em indizível emoção íntima,
sem nada entender,
a não ser o gesto triste
e solitário do adeus.
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