Os ex-alunos do professor Antônio Vilaça - nascido no sítio Cágado, ao tempo em que Lajedo era simples povoação agregada ao município de Canhotinho, estão rejubilados pela outorga, em janeiro último, da comenda "Cultura Viva de Pernambuco", com a presença, dentre outras notoriedades do mundo literário, dos escritores Jorge Amado e Zélia Gatai.
Um desses ex-alunos - o Comunicador Social, Lúcio Mário Pereira dos Santos houvera solicitado-me uma crônica sobre o evento, que faço retardamente, mas sempre em tempo de enaltecer a ação de Roberto Pereira, quando presidente da "Fundarpe", na gestão governamental de Roberto Magalhães - Gustavo Krause.
O meu amigo Vilaça, celebrizado pela autoria de "Histórias que Limoeiro Conta", "Meu Limão meu Limoeiro", "Páginas de Limoeiro", "Livro Memória", "A Sombra de Dois Pinheiros", e, em revisão por Edvalda, de um livro sobre a vida e os feitos do Coronel Chico Heráclio, celebriza assim e também a memória dos agricultores Guilhermino Virgulino de Sobral e Cecília de Souza Vilaça, seus pais.
À parte a amizade e a admiração que nutro pelo Homem e Escritor, admiração e amizade que vêm dos tempos de Fausto Souto Maior, meu pai, que foi seu amigo e leitor, eu tenho uma singular fascinação pelo Espírito de Luz que encarna Vilaça, para gáudio da sua família e da nossa sociedade contemporânea.
Com muita honra e não vaidade nos idos de 1984, eu sugeri num artigo de jornal, que a Secretaria da Cultura do nosso Estado, pela "Fundarpe", homenageasse o Escritor com a sua comenda mais expressiva - da mesma forma com que houvera homenageado Monsenhor Adelmar da Mota Valença, pesqueirense de Garanhuns, por sugestão dos ex-alunos, em propositura do deputado Ivo Tinô Amaral.
Ao mencionar o grande Educador do Agreste Meridional, mister se faz que também mencione Vilaça como Educador de igual grandeza, no Agreste Setentrional e, ambos, egressos do Ginásio do Padre Antero, tiveram passagem pelo Seminário Católico. O meu perfilado de hoje, para aqueles que não sabem, eu anuncio que foi um dos fundadores do Ginásio de Limoeiro e do Ginásio São José, de Nazaré da Mata. Além disso, na importância cultural, jornalista, escritor, produtor radiofônico, professor de Filosofia, Lógica, Humanidades e História.
Nesses últimos dois anos, eu confesso que fiquei muito preocupado, vendo o tempo passar e com ele a falta da concessão da comenda à Vilaça, final e felizmente outorgada em janeiro último. A justiça tarda mais não falta, foi com esse adágio que o Comunicador Social, Lúcio Mário Pereira dos Santos, escreveu-me reiterando o pedido da presente crônica.
Para que os meus leitores possam mensurar a grandeza de Vilaça, permito-me, a título de informação, contar-lhes o seguinte episódio: Na residência do Leblon, onde habitou o meu irmão Rildo Tavares Souto Maior, ei fiquei conhecendo, nos amargos anos 60, Maurílio Ferreira Lima, antes que ele partisse para o exílio africano da Argélia.
Maurílio, ex-aluno de Vilaça, estava amargurado e apreensivo com os desmandos da ditadura, revolução-redentora para um punhado de militares e maus brasileiros. A conversa convergiu para assuntos pernambucanos e, Álvaro Rocha, ex-prefeito constitucional de Garanhuns, um dos presentes, mostrava-se preocupado com o destino de Arraes, preso incomunicável em Fernando de Noronha.
Decorridos precisos 23 anos, em 11 de março de 1987, escreve-me Vilaça: "... Eu estava neste ponto, quando Evalda me chamou para ver Maurílio Ferreira Lima que estava na Manchete, sendo entrevistado, num programa de quase onze de noite, saindo-se maravilhosamente, o que prova a sua grande inteligência. Aliás, não é só Maurílio que é inteligente, também os irmãos Mauro e Maerle são brilhantíssimos, ao que me parece, herança materna.
Antes da carta, atentem os meus leitores, eu, preocupado que a ideia da concessão do título "Cultura Viva de Pernambuco" à Vilaça, não prosperasse, houvera-lhe solicitado permissão para falar com Maurílio, em Brasília, no sentido de que, no governo Arraes, de que ele é influente personalidade peemedebista, agilizasse sua concessão. O escritor, em resposta, alegou-me uma série de fundamentadas razões pessoais e políticas, sem menosprezar as qualificações do ex-aluno e amigo, e negou-me, altivo e perempto, a permissão.
Graças a Deus e a Roberto Pereira, "no domingo, 18 de janeiro, na cidade de Nazaré da Mata, onde nasceu Marcos, também terra de Edvalda, e da qual sou cidadão por deferência unânime de sua Câmara de Vereadores, me foi concedido o título de Cultura Viva de Pernambuco, numa solenidade em que foram apostas duas placas, pela "Fundarpe": uma na casa onde viveu Mauro Mota e outra, onde nasceu Marcos". Palavras de Vilaça, um homem simplicíssimo e precioso.
*Rinaldo Souto Maior / Jornalista, cronista e historiador / São Paulo, 4 de Abril de 1987.
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