Grandes Vultos de Garanhuns - Há diferença entre a cortesia e o impulso natural de um jovem. A juventude busca uma afirmação. É uma vida que desponta. Suas atitudes são sempre instáveis. É o resultado de um inconformismo de ordem psicológica. Essa instabilidade é característica do espírito jovem. Da ânsia natural dos que sentem o calor do sol das primeiras madrugadas. É a manifestação da beleza em si mesma. Nesse estado tudo se renova com a vida. Este processo de renovação convoca o seu humano a não se repetir. Seu talento se afirma na busca de cores reais. Dos quadros inspirados nas paisagens humanas. A expressão pode ser um meio de fuga. No sentido de projetar o que existe de poético no seu mundo interior. Definir as coisas era a sua preocupação como escritor. Para compreendê-lo como inteligência é preciso um clima emocional. De outra forma seria um incompreendido. Permaneceria como se fora um mito intelectual. Esta categoria de homem é sempre plural pelo seu comportamento na vida. É único como pessoa humana - mas as suas atividades são várias. Unidades na variedade é o que representa esses vultos. O comando de sua capacidade mantem-se incontrastável. Como autoafirmação nunca se deixa vencer pelas convenções. O seu pensamento é livre no contexto da vida social. nem das horas era escravo. O que tem de acontecer possui muita força. O homem nem sempre se encontra com outro pela primeira vez nesta vida. Era um estudioso sobre a pluralidade dos mundos. Tudo tem o seu tempo e sua hora certa. É uma questão de apercebimento. Sem homens vivos não há histórias. Todo homem procura na história dos outros um pouco da sua própria história. Os acontecimentos são produtos do trabalho conjugado. Nesse elo de comunhão, fica muito em benefícios de todos que aqui vivem. A verdadeira cultura que modifica a conduta dos homens, é um patrimônio dos que pertencem à academia do Espírito. Onde a sabedoria infinita purifica as almas. Assim a sua posição intelectual era um ponto de referência entre a sua concepção e a vida espiritual.
Ângelo Cibela - Descendente de italianos. Talvez nascido no Brasil. Viveu aqui boa parte de sua mocidade. Dirigiu e fundou jornais. Assíduo colaborador de movimentos intelectuais. Só usou, entre nós, a força da inteligência. Sempre alegre e bem disposto. Portador de sólida cultura. Empreendedor e muito tolerante. Justificava sempre a intolerância como falta de amadurecimento espiritual. Não alimentava preconceitos humanos. Aberto ao diálogo franco sem reservas mentais. Seu estado psicológico era de arquétipo que se sentia a verdadeira alegria de viver, jamais coordenou seus passos por caminhos escusos. Franco e decidido. Cordado e sempre jovial.
Não escondia a sua vocação pelas coisas do espírito. A sua palavra fluente possuía o dom de convencer e agradar. O livre convencimento era o símbolo de sua pregação. Como todo ser humano foi muito observado. Lutou com muita dignidade para se fazer entender como homem de letras. O nosso ambiente era ainda muito estreito. Possivelmente sentira um pouco de solidão intelectual. Mas, era uma solidão povoada de risos, palavras, vozes. Eram as suas lembranças. Ao lado do grande jornalista Hibernon Wanderley, fundou a "Revista de Garanhuns" caderno literário de publicação mensal cujo primeiro número circulou em 15 de novembro de 1930. Ilustração e desenhos do consagrado, escritor, poeta e também pintor Luís Jardim. Conhecia bem os princípio da filosofia dos orientais. Pertencia e ofereceu os seus serviços à Sociedade Teosófica. Admirava a capacidade intelectual da Doutora Annie Besant e dos seus ensinamentos teosóficos. Lia com muita atenção e apercebimento os livros desse grande instrutor do mundo: Krisnhamurti. Durante o tempo que conviveu conosco a sua atuação foi eficiente. Fez conferências de conteúdo espiritualista. Viveu muitos anos como intelectual na Empresa "Jornal do Comércio". Na época da ditadura getulista, fundou uma Revista - "A Economista" na qualidade de seu diretor entrevistou todos os Interventores e Políticos de vários Estados. Conhecia todos os recantos da nossa Pátria. Casou-se com uma das lindas jovens, do seu tempo: Dona Maria José Dourado. Foi amigo e orientador intelectual do Prefeito Antônio Brasileiro. Foi um dos que lutaram para que fossemos nomeado, advogado dos presos pobres. Ao seu trabalho, devemos a função que ainda hoje exercemos. Era nosso amigo de todas as horas. Fechou os olhos para este mundo, depois de tanto lutar pelo bem da humanidade. É portanto, um dos vultos da nossa cidade.
*Dr. José Francisco de Souza / Advogado, jornalista e historiador / 4 de agosto de 1979.
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