Grandes Vultos de Garanhuns - Um grupo de intelectuais lutava por uma transformação política. Era um movimento cultural. Novas ideias marcariam a vida da nossa comunidade. A chamada ordem social das classes conservadoras, deveria se modificar. Havia condições básicas para uma democracia social. Não vigoravam atos institucionais. Os espaços de liberdade se achavam bem ampliados. Todos sentiam-se capazes de transitá-los com certa segurança. As prerrogativas judiciárias eram respeitadas. A importância do problema encontrava ressonância em todos os setores. Sentia-se os efeitos da contribuição de cada um.
O poder moderador - sentia o despontar de um mundo novo - que nascia cheio de esperanças. Com ele o homem teria de conhecer a gênese do medo e libertar-se dos meios de fuga. Por outro lado haviam os indecisos. Os que advogavam que as coisas não deveriam ser precipitadas. Aguardar a marcha dos acontecimentos seria mais prudente. Na corrida, na roda viva - fica-se sempre no mesmo lugar. É uma espécie de eterno retorno. Quem ama a sua liberdade não luta contra os outros. Basta dominar plenamente os seus impulsos. Nesse movimento de opinião ninguém poderia superá-lo sozinho. A vida é um processo contínuo de renovação em busca de uma finalidade maior. Esse processo tem que ser observado em toda a sua plenitude. Para entendê-lo não deve existir barreira de resistência entre o observador e a coisa observada. Não se pode observar qualquer coisa sem acompanhar a sua marcha. Esta observação, por seu turno, não é estático. O pensamento é força propulsora de todos os movimentos. Mesmo, os que tinham ares tranquilo e conciliadores eram participantes da transformação política de sua terra. Apenas, por modesta, não foram polêmicos. Um deles, o vulto de nossa apreciação de hoje, não chegou ocupar cargos de grande porte. Conseguiu se afirmar dentro de suas possibilidade. Usou sempre os seus próprios recursos humanos, dentro da área de sua capacidade se impôs pela sua dignidade. Prova de fidelidade às origens de sua modesta formação de homem público.
Antônio Florentino de Almeida nasceu na terra do planalto. Respirou o ar puro do lendário "Brejo das Flores". Nunca se ausentou por muito tempo da sua querida cidade. A sua postura no exercício de suas funções, no departamento de polícia local, foi digna de um homem correto. Encarava o problema de repressão com paciência. Sempre vigilante, apercebido nas ações. Era alto, tranquilo e justo na medida do possível. Entendia que na vocação de homem público, existem fatos que não pertencem a sua experiência total. O deslocamento físico nunca foi objeto de cogitação de seu mundo íntimo. Homem digno da estima de todos valores humanos da nossa sociedade.
Na qualidade de suplente de delegado em exercício, manteve-se com a dignidade de um homem de boa formação moral. Mantinha a dignidade e o decôro do cargo. Nos momentos difíceis agia com a serenidade dos homens fortes que continuam na justiça. Nunca gerou pânico, nem abuso de autoridade, mereceu sempre a solidariedade do poder Judiciário.
Antônio Florentino de Almeida foi nosso amigo em todos os momentos. Muito estimado pelos nossos genitores. Conhecemo-lo já nas funções de delegado de polícia. Por força da nossa profissão, advogado criminal, muitas vezes fomos alvo de sua fidalguia. O seu comportamento era tão digno e tão viva a sua personalidade, que passou por todos os regimes. nem a Revolução de 1930 com o Estado Novo e a Ditadura Getulista conseguiram afastá-lo da funções de suplente e de delegado de polícia. É um dos vultos, da nossa terra, cuja memória já lhe foi tributada pelo poder público municipal. O seu nome foi dado a uma das ruas da sua terra natal.
*José Francisco de Souza / Advogado, jornalista e historiador / Garanhuns, 17 de março de 1979.
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