Narração Anchieta Gueiros
História de Garanhuns
DEVANEIO À SINHÁ
Belarmino da Costa Dourado
Em ti é que eu penso, formosa menina Nas noites de insônia, cismando ao luar.
Indago às estrelas, teu nome sorrindo,
E os astros dormindo,
Se escondem no mar.
Em ti é que eu penso, sentindo-me escravo
De teus lindos olhos, que bem lindos são...
Pergunto por ti às flores trementes.
E elas dormentes
Se inclinam no chão.
Porque não te vejo, menina ao meu lado
Nas noites de insônia, cismando ao luar,
Tão loura, tão pura, de susto tremendo,
Em mim embebendo
Teu plácido olhar.
Debalde eu te busco. Qual doida miragem
Ah! vejo-te sempre distante a correr...
O! conta-me, virgem, que praga , que sina.
Foi esta, menina
De amar-te e sofrer?
Porque não te vejo? Nas serras desertas
As aves sonoras já ouço cantar,
Acorda, não durmas, nos seio dos entes,
Há sonhos ardentes,
E amar é sonhar.
Acorda, as violetas curvadas nos galhos
Trescalam perfumes, levanta-se o sol,
A terra desperta aos riso gelados,
Aos beijos dourados
Do louro arrebol.
E choram sentidas, caindo as cascatas,
Aos áureos sorrisos da aurora quem vem;
As aves despertam do leito de penas
E as asas serenas
Molduram-se além.
Então... nas campinas etéreas do empireo
Verás desmaiando o argenteo luar...
Destacam-se os montes do azul da neblina
Desperta, menina,
Viver é amar.
E assim enleada, às noites cismando
Minh'alma se agita sedenta de luz,
Bem como o précito que após a blasfêmia
Contrito se algema
Aos braços da cruz...
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