terça-feira, 22 de agosto de 2023

A toada


Paulo Dácio de Melo (O Poeta da Natureza)

Vou lhe pedir meu amigo e camarada

Uma toada pra gente poder cantar.

Pra alegrar este mundo de tristeza

Que o progresso fez com a natureza

Mudou o cenário do sertão onde nasci

E onde eu vi no sertão tanta beleza

Tanta inocência sem malícia isso eu vivi

Eu me criei contemplando a natureza.

Aquela beleza que eu vi, não vejo mais.

Esse progresso criminoso e traidor

Me enganou e enganou os meus pais.


Não vejo mais o cantar dos passarinhos

A asa branca já não vejo mais cantar

A serieme ninguém, mais sabe onde está

A vaqueirama que eu, ouvia aboiar

Já se calaram com tristeza no coração

Tanta tristeza que eu vejo no sertão

Nossa irmão! Não sei se vou aguentar!

Esse progresso criminoso e traidor

Me enganou e enganou os meus pais


Não vejo mais uma boiada pastando

Só vejo andando caveira de animais

Eu preferia o mundo em que nasci,

Onde vivi em lombo de animais

Não vejo mais

Um carreiro carreando

O carro de boi cantando,

Ai que saudade me trás.

Esse progresso criminoso e traidor

Já acabou com a esperança do sertão

Fez rodovias pra escoar a riqueza

E a natureza transformou-se em carvão

E o coração do sertanejo apaixonado

Já foi levado em cima de um caminhão

Ficou pra traz o respaldo do progresso

Toda a miséria, tristeza e a desilusão

A fome a seca e a tristeza do sertão

Estou furioso te afasta, por favor

Esse progresso criminoso e traidor.

Garanhuns, ano 2017.

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