quarta-feira, 25 de junho de 2025

Revelação

João Marques

João Marques* | Garanhuns

Os 82 anos, agora, e mais o chão de outras oportunidades de experiência de vida me dão a felicidade de dizer que sei Deus, o quanto é possível ao ser humano, e sei do espírito, igualmente por o que é possível. As passagens pela existência humana foram e são a escola do saber definitivo... Regozijo-me  por este momento de afirmação, apesar de poder certamente escandalizar a alguns. Tudo tem o tempo devido, como secam os frutos e desabrocham as flores.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

O outro, ao lado

João Marques

João Marques* | Garanhuns

As religiões, todos os livros e todas as ciências, o que se fez pela civilização, tudo está validado na atenção de cada um ao outro, principalmente ao que se encontra ao lado. A crença em Deus, a esperança nos homens, tudo está na disposição que se tenha ao próximo. Todos os encantos da terra e dos céus só são válidos, se se estender os braços aos que caminham ao lado. Enfim, a vida é tudo, se o ser humano compreender e ser irmão do que existe e vive ao seu lado.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

Presença Maior

João Marques

João Marques* | Garanhuns

Comecei a pensar em Deus, na possibilidade de sua existência, eu era menino. Ah, lembro que me inquietava não saber como amá-lo, porque não o via. Passa o tempo, ele, Deus, vem crescendo, crescendo, até eu começar a sentir a sua presença. Mais presente que o vento, que a luz, do que a minha própria existência. E venho aprendendo que, antes de saber como amá-lo, sei que ele ama a todos nós, mais intenso que o vento e que a luz. E continuo aprendendo a amar, prestando mais atenção à vida que vejo, que sinto. Espero que, quando eu crescer também, saiba amar a Deus, por um pouco do que ele ama. Animo-me, porque já conheço a sua presença. E ele está em toda a parte, e é mais fácil percebê-lo com os que sofrem. Aí, estão mais presentes as suas mãos.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

Mensagem da manhã

João Marques dos Santos

João Marques* | Garanhuns

Deus é tido como se estivesse longe. Muita gente pensa assim, admitindo existir distância para o espírito, também. Ele está aqui, em todo mundo. Sua presença não é perto, ela é envolvente, como a vida, que sentimos no corpo. E Deus está em tudo, não dividido, inteiro, pela sua unidade universal. Ter essa consciência, eleva o ser criado, e tende à harmonia com todos, igualmente possuídos por Deus. Amar o próximo, como a si mesmo, pela satisfação da vontade de Deus.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

Fim de festa

João Marques

João Marques* | Garanhuns

Dançávamos, e o tempo

que era outro par

girando contentes

entre os braços dos dois


agora, tu sentes

como eram os giros

em suspiros de amor

ai, que vida, e o tempo

que era outro par


dançávamos tão perto

nossos passos iguais

e igual toda vida

na paixão de dois seres

felicidade sentida

no abraço do baile

e passaram o balanço

e os pares, e o tempo

que era outro par


e só ficamos os dois

eu e Clara

com saudades do tempo

que era outro par.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

Futebol, box ou luta livre?

João Marques dos Santos

João Marques* | Garanhuns

Ontem, eu vi. Brasil e Argentina jogando cacetada um no outro.  Foot-ball, não! De repente, não era a bola, era o corpo do jogador que estava em jogo. O chute não objetivava a bola, era a canela, o empurrão, a chave de braço, a mão na cara. Não vi mais a bola, o que corria no campo era um jogador atrás do outro, para matar. Juiz, não, polícia, e bem armada,  para conter tanta violência. Cartão vermelho para o futebol da pancadaria... Eu mereço respeito!

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

A imprensa, pelo seu dia

João Marques dos Santos

A todos  jornalistas de Garanhuns, e em memória da família dos jornalistas: Raimundo, Cláudio e Humberto de Moraes.

João Marques* | Garanhuns

É uma missão, perante a humanidade! Liderança de todas as formas de comunicação, indicando honradez nas atitudes e seguimento das leis estabelecidas. O jornalismo é idealista e dedicado a pugnar pela justiça dos atos e da ordem. Lídima nas discussões, para obtenção das melhores assertivas... e se colocar ao lado do mais fraco, garantindo  igualdade na contenda. Historicamente, a Imprensa tem desempenhado grandes feitos e conquistas. Redentora da humanidade, continua sempre voltada a apontar erros e a sugerir soluções. Em seu Dia, a Imprensa deva ser objeto de exaltação, fortalecimento e apoio, para que possa continuar gigante em favor da civilização. Parabéns, hoje, a todos os jornalistas, e gratidão à memória dos que não se encontram mais presentes na trincheira.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

Livro: Retalhos de Garanhuns - Volume VI

Autor: Anchieta Gueiros & Ulisses Viana

Tipo: Novo

Ano: 2025

Páginas: 50 (Livro com Lombada Canoa e grampo)

Medidas: 15x21

R$ 10,00 + frete

“Retalhos de Garanhuns - Volume VI”, traz biografias de importantes personagens da História de Garanhuns e do Agreste nos séculos XIX e XX, figuras que se destacaram na Política, Cultura, Educação, Religião, Medicina e na vida militar, alguns reconhecidos além das fronteiras pernambucanas. A leitura desta obra nos proporciona conhecer as origens e os feitos de cada biografado. Revela fatos marcantes, curiosidades, imagens, e nos dimensiona para o momento histórico para que o leitor possa compreender os acontecimentos e a importância dos personagens para a História.

Volume VI

A Garanhuns dos Meus Avós  

Primeiro Avião em Garanhuns                                                

Dom Antônio Campelo

Mosteiro de São Bento

Tradições do Passado em Garanhuns

João Correia Paes

Saudades de Inhumas

Fatos Pitorescos de Garanhuns

A Bela Praça Jardim 

Francisco Veloso                   

A Prisão do Cangaceiro João Coxó

Carta aberta ao prefeito de Garanhuns Ivo Tinô do Amaral

Ivo Amaral, Amílcar da Mota Valença e Paulo Guerra
Dr. Luiz Arnaldo de Souza      São  Sebastião, Al | 01 de Março de 1981  

Por um dever, na máxima expressão da palavra por uma gratidão profunda, vindos dos anseios do nosso "ego"; num reconhecimento indeclinável às grandes qualidades do edil garanhuense a quem, nos termos articulados nesta missiva nos dirigimos e ao  público em geral.

Não há, todavia, qualquer elemento constituído que venha ocasionar procedimento em contrário ao nosso pensamento aqui firmado.

É bem verdade que aqui a nossa palavra não tem aquele ardor; aquela bravura; aquela audácia; aquela poesia, como aquelas (palavras) dos poemas de Lauro Cysneiros; das crônicas de José Francisco de Souza; das saudações de Uzzae Canuto; da palavra fácil de Zé Rodrigues; das afirmações tribunícias de Fausto Souto Maior, de memoriais e  documentários outros de intelectuais da  nossa Terra que vibram com toque de  eloquência e candente retórica, como foram os pronunciamentos de Raimundo de Moraes, da saudosa memória, a quem rendemos nossos distintos tributos com reverência e carinho, além de  outros de igual afirmação.

Nada, nada disso, mesmo em conjunto formando em quantum, não constituíam elementos substâncias, mesmo que engendrados pela sabedoria, com impulsos fulminantes de inteligência privilegiada, não atingiam o ápice à descrição do quadro renovador da administração IVO AMARAL, no quadriênio. Foram, na verdade, quatro anos de renovação à nossa Terra, num espetáculo, que faz vislumbrar a todos que convergem à nova Garanhuns.

Um espetáculo que veio entoar com as  belezas naturais indescritíveis das sete colinas, legado a Garanhuns pela  própria natureza. A administração Ivo Amaral não é apenas, um espetáculo como dizíamos. É um complexo de cena, cenário e espetáculo que a mente humana tem que delirar. 

Os quatro anos de administração que nos referimos, foram na verdade, uma. A nossa argumentação não pode deixar dúvidas, pois, décadas e mais décadas se passaram e o embelezamento artificial da nossa grande urbes era sempre esperado. Parecia que "canto de portiguarí", que segundo a sabedoria popular, anuncia a chegada de alguém ou  de alguma coisa, estava a anunciar a  mudança radical da face da terra que  nos servia de berço. Parece que tudo estava predestinado e a convocação da  nossa gente para uma tomada de posição foi um imperativo das circunstâncias. Aproxima-se a comemoração centenária da nossa Terra. Era preciso que as comemorações se efetivassem com outro aspecto da cidade. Um  aspecto que deixasse Garanhuns como uma verdadeira Garanhuns. Uma Garanhuns com suas belezas naturais estavam a reclamar.

Mas, em tempo hábil, a nossa gente tomou posição, e que aconteceu em  1976, e o sonho de muitos garanhuenses foi concretizado. Lá estavam as belezas naturais rindo (força de expressão) com a chegada das belezas artificiais para formarem um "todo", para um desafio da mente humana.

Chega a data centenária. Garanhuns não era àquela de antes. Era  agora, a grande urbes decantada pelo gênio da poesia, onde a musa é uma constante para deleitar os poetas e a melodia torna-se sonora e encanto dos morros que têm como pranto os lençóis de neves. É, sim, agora, Garanhuns encantadora. Garanhuns vislumbrante, Garanhuns, mais Garanhuns, Terra das Flores, agora com flores.

Garanhuns que a brisa da noite desce colinas para cobrir as avenidas asfaltadas como se estivesse a protege-las (avenidas das intempéries do tempo, formando lençóis brancos retirados com o aquecimento do ar, como se estivessem descobrindo-se (avenidas) para os circunstantes as delirem com a nova face da grande Terra.

É, sim um contraste de belezas naturais associadas às obras implantadas por Ivo Amaral. Sim Ivo sim garanhuenses, foi a palavra quem governou as Repúblicas de Roma e a Velha Grécia. Sim, pernambucanos de Garanhuns, foram os homens portadores de  verossímil tirocínio administrativo quem ergueram as grandes obras encantadoras nas grandes metrópoles  merecendo menção especial as Jardins Suspensos da Babilônia, a Ponte do Brooklyn, em New York, a Igreja de  Notre-Dame, em Paris, e outras de igual valor. 

Em Garanhuns, é bem verdade, não foram erguidos jardins suspensos, nem  outras obras que denominamos. Mas, nos quatro anos de governo de Ivo Amaral, um conjunto de obras foram implantadas que deleita a mente humana do mesmo modo que àqueles, num  desafio de 100 anos.

Um desafio sim, resultado da livre manifestação dos garanhuenses no desfecho político de 1976, cujo objetivo foi  o hasteamento da bandeira do desenvolvimento, como primeiro passo a afastar pretenciosos e defensores  da própria causa, e que por décadas e mais décadas, tolheram o nosso desenvolvimento, acionando o breque do progresso.

É esta a missão que nos compete, é esta a nossa obrigação, e, finalmente, dever nosso como o é de outros garanhuenses que senhoram com o renascimento da nossa Terra. Como está Garanhuns? Tão encantadora como sempre foi desejada pelo gênio da poesia na musa mais afável do poeta.

Daqui das alagoas, a saudade imorredoura da Terra que nos serviu de berço, de onde estamos há 5 anos afastados por conveniência e não sabemos até quando, mesmo assim, cumpri-nos o dever de levar ao público o quanto de nosso desejo e contentamento pela  administração imbatível de Ivo Amaral, dando a nossa grande urbes um cenário vislumbrante que ele muito merece e  há muito reclamava.

Através desta missiva "ABERTA" não poderíamos usar de expediente se não este para levarmos ao público o quanto do nosso orgulho em vermos Garanhuns dos nossos sonhos dias, levantando-se para novos horizontes num equilíbrio de belezas (naturais e artificias), resultado do dinamismo, vaidade e consciência dignificante do grande edil garanhuense - Ivo Amaral.

Sim, Ivo, estais cumprindo a tua missão muitas vezes retiradas em oportunidades outras, especialmente quanto do exercício do mandato de vereador, onde o nosso diálogo sempre foi franco e para assumir a chefia municipal, sempre foi a nossa orientação, até quando vimos nosso sonho concretizando, embora ausente. Mas mesmo assim, sempre rogamos a Deus, e tudo aconteceu graças a grandeza da nossa gente, no momento mais oportuno da nossa história - data centenária da nossa urbes.

Não nos é permitido qualificar à presente como significativa. Mas, para nós é o seu significado por demais imperativo e oportuno. Tangencia-me as  expressões à grandeza da nossa Terra, cuja instauração deve-se à grandeza de espírito da nossa gente, especialmente no momento mais oportuno para içar a bandeira da paz, fazendo reviver o amor, o carinho e a nossa glória com novas ideais e novas perspectivas para realçar a grandeza da nossa  cidade, uma caminhada ao engrandecimento de causar inveja a outros centros, quer do Estado, do Nordeste e por que não se diga do Brasil.

O marco está fincado. A coragem é o meio ao sustentáculo da filosofia político-administrativo. O esmorecer traduz covardia. O nosso solo não tem  uberdade com prontos dos enfraquecimentos. Os vencidos não encontrarão meio-ambiente em nossa Terra, como agasalho. Nossos campos (Gara na linguagem indígena) são ubérrimos pela valentia (força de expressão) da nossa gente.

A mudança radical da nossa urbes no quadriênio administrativo - 1977/1980, tutelado por Ivo Amaral é um marco indelével e merece nossos aplausos. É um orgulho para Garanhuns, uma glória para nós garanhuenses.

Daqui das Alagoas, aplaudimos a  administração Ivo Amaral e enviamos a  quem interessar possa, nossos tributos ao grande edil garanhuense, com  distintos parabéns aos munícipes, pela grandeza que alcançou a nossa Terra, de nós estremecida. (Texto transcrito do Jornal O Monitor de 21 de Março de 1981).

Foto: Ivo Amaral, Amílcar da Mota Valença e Paulo Guerra.

Prefácio do livro Garanhuns Ano 100

Luiz Souto Dourado

Dr. José Francisco de Souza* | Garanhuns - 1979

Nosso prefeito - Souto Dourado - é um homem de visão panorâmica. Aprecia as coisas do espírito a procura na medida do possível aprimorá-las.

Governa a sua terra com alma e coração procurando conduzir o seu povo por caminhos sempre renovados. A segurança do êxito é o segredo de sua personalidade. Gosta de originalidade como adorno de sua inteligência de escol.

Se fosse possível todas as coisas boas do mundo deveriam ser um patrimônio de sua encantadora cidade. Não obstante isto, não mede esforço no sentido de proporcionar meios que  a dignifiquem. Está sempre sonhando com o melhor.

A sua meta de governo é provocar possibilidades. É receber a transmitir através de entendimentos. Para ele todas as pessoas possuem qualidades de servir à comunidade. Basta que haja um pouco de boa qualidade e de compreensão.

Orienta o seu governo por meios suasórios, não acredita que se possa construir com violência. É preciso convencer pela inteligência. A inteligência a serviço do progresso é uma força indomável de coesão.

Calmo e sereno vai conduzindo a sua  cruz sem reclamar a ajuda de um Cirineu. Muitas vezes para um pouco, tranquilamente repete o compasso monótono da espera.

No "nirvana" de seu mundo interior reside a força indeclinável de sua capacidade. Nos dias tumultuosos do momento não perde a calma. Governa o seu povo com uma vara mágica como se fosse uma fada. Tudo tem o seu tempo e a sua hora certa.

Cada dia que passa é mais um degrau que se  vence no caminho da eternidade. É uma filosofia de governo que não agrada aos seus adversários. Para eles o desmando seria melhor.

Dentro desse esquema, o indivíduo poderá discordar do Prefeito. O que não é fácil, é ser inimigo de Luiz Souto Dourado como pessoa humana. Está sempre pronto para servir, contanto que possa trazer algo de importante à terra.

Aí está a transformação da antiga estação num "Centro de Cultura". Construção que idealizou e realizou contra a falta de entendimento de  muita gente.

O prefeito é um homem que não desamina e não recua facilmente. Para ele projetar já é realizar.

A "centro de cultura" é uma realização que honra a Cidade do planalto. É uma construção antiga, que tomou, sem  perder a tradição, a fisionomia própria da época.

Sala para cinema de arte e palco para teatro, restaurante, biblioteca. É um ambiente apropriado para conferências, realizações de Congresso Médico. Representação artística e cultural. A nossa terra sempre teve neste setor um lugar de  destaque.

O aproveitamento da Estação em casa de cultura é uma  das facetas luminosas do espírito de Luiz Dourado. O prédio é um monumento imperecível. O maior realce, no conjunto, no seu todo é, segundo o nosso entendimento, a originalidade.

Assim muitos acontecimentos que se relacionem com a  grandeza de Garanhuns como teatro moderno, mensagem cultural serão atraídos para órbita da administração - Souto Dourado.

A começar pela Convenção - ou seja pela quinta Convenção Distrital do Lions, ora se realizando nesta Cidade, no  salão do Centro Cultural de Garanhuns.

A Convenção é verdadeiramente um acontecimento digno de aplauso e respeito. Ele representa uma nova possibilidade de aproximação humana pela integração do homem.

A Quinta Convenção Distrital do Lions nos trouxe várias mensagens de amor, companheirismo e confraternização.

É uma festa digna pela beleza moral e intelectual de seus  integrantes. A sua temática mais importante é a bandeira de  confraternização - "Unidos servimos melhor".

O nosso Prefeito - Souto Dourado - como Governador da Cidade recebeu de braços abertos os Convencionais, os Leões que nos honram com a preferência, abrindo-lhes as portas do Centro de Cultura de Garanhuns, antes de oficialmente inaugurado.

Souto Dourado gosta e sabe receber fidalgamente os que honram a nossa terra, escolhendo-a, como os Leões, para uma Convenção de amor e fraternidade.

*Advogado, jornalista e historiador.

Anchieta Gueiros e Lívia Souto

terça-feira, 24 de junho de 2025

Incursões sobre os 500 anos do Brasil


Manoel Neto Teixeira*

Como jornalista e professor universitário, não tenho dúvida em recomendar a leitura do livro História do BRASIL (para ocupados), editora Leya Brasil-SP, edição 2020. Organizado pelo escritor e editor Luciano Figueiredo, a obra compõe-se de 70 ensaios assinados por historiadores e pesquisadores de reconhecida capacidade, versando sobre os vários aspectos que permeiam a nossa História, nas suas dimensões territoriais, antropológicas, econômicas, sociopolíticas e culturais. O Brasil Colônia, Império e República, portanto 500 anos de embates e caminhadas.

Diferente da maioria das publicações, concebidas de forma quase sempre monocrática, História do BRASIL (para ocupados) compõe-se de seis capítulos na seguinte ordem: 1 – Pátria descoberta; 2 – Fé e a ordem cristã; 3 – Poder; 4 – Povo; 5 – Guerra; 6 – Construtores.

A leitura dessa obra corrige falhas, omissões e lacunas da História oficial, ministrada nas escolas, de canto a canto do país, por professores (as), quase sempre leigos, que se limitam a transmitir as lições dos livros didáticos concebidos sob a ótica dos “vencedores”, conforme assinala o jurisconsulto Raimundo Faoro, no seu clássico Os Donos do Poder.

A obra desdobra-se na seguinte ordem, com os títulos e respectivos autores:

DESCOBERTAS: Quem descobriu o Brasil – Joaquim Romero de Magalhães; O nome Brasil – Laura de Mello e Souza (pgs. 16 a 21).

ENTRE BÁRBAROS: Canibais e corsários: canibalismo para alemão ver – Rinald Raminelli; Bandeiras indígenas – John Monteiro; Invasão francesa – Maria Fernanda Bicalho (pgs.  29 a 41).

O TRÁFEGO NEGREIRO: Sem Angola não há Brasil – Luiz Felipe de Alencastro; Traficante chachá – Alberto da Costa e Silva (pgs. 46 a 50).

ÁFRICA NO BRASIL: Os mistérios da rosa – Luiz Mott; Candoblé para todos – João José Reis; Capoeira mata um – Carlos Eugênio Líbano (pgs. 56 a 73).

AMAZÔNIA E FANTASIA: Nasce a Amazônia – Rafael Chambouleyron; Louco, aventureiro e místico – Chris Burden (pgs. 81 a 86).

FÉ – A ORDEM CRISTÃ: Exércitos de Cristo – Ronaldo Vainfas; Compromisso entre irmãos – Caio Boshi (pgs. 98 a 103).

SANTOS E SANTAS: Santo Guerreiro – Georgina Silva dos Santos; Santa e Padroeira – Juliana Beatriz Almeida de Sara; Salve Anastácia - Mônica Dias de Souza (pgs. 109 a 119).

DEMÔNIOS E TUMBAS: Vade retro – Marcia Moisés Ribeiro; Feitiços e feiticeiros – Daniella Bruno Calainho (pgs. 133 a 137).

MISTÉRIOS E CONCILIAÇÃO: Maçonaria na luta – Marco Morel; Kardec entre nós – Emerson Giumbelli (pgs. 133 a 128).

PODER – INVESTIMENTOS E CAPITAIS:  Civilização de açúcar – Ana Maria da Silva Moura; Ouro de tolo – Ângelo Carrara; Ciclo do café – Sheila de Castro Faria (pgs.146 a 157).

NOVA ORDEM, VELHOS PACTOS: Além do café com leite – Claudia M. R. Viscardi; O que querem os tenentes? – Marieta de Moraes Ferreira; Mudança de comando – Marly de Almeida Gomes Viana (pgs. 165 a 177).

FASCISMO VERDE-AMARELO: Segurança nacional – Maria Luiza Tucci Carneiro; Nazismo tropical – René E. Gestz (pgs. 181 a 187).

GOLPE MILITAR, VIOLÊNCIA E EXCLUSÃO: Nos porões  do Estado Novo – José Murilo de Carvalho; 1964: golpe militar ou civil? – Daniel Aarão Reis; 1968: um ano chave – Lucilia de Almeida Neves Delgado (pgs. 192 a 202).

POVO: D. JOÃO DE PASSAGEM: Todos a bordo! – Lília Moritz Schwarez; Qie rei sou eu? – Lúcia Maria Bastos P. Neves e Guilherme Pereira das Neves; Sempre Carlota – Francisca Nogueira de Azevedo (pgs. 210 a 225).

D. PEDRO-I, ARDENTE e CORTESÃO: O indiscreto “demonão” – Mary Del Priore; Leopoldina, a austríaca que amava o Brasil – Clóvis Bulcão (pgs. 231 a 235).

D. PEDRO-II e a ULTIMA CORTE: A República de Dom Pedro-II – José Murilo de Carvalho; O reinado de Isabel – Robert Daibert Júnior (pgs. 244 a 247).

O MAU LADRÃO: Ficha suja – Eduardo Bueno; A arte da subtração – Ronaldo Vainfas; Basta de corrupção – José Murilo de Carvalho (pgs. 253 a 263).

SEXUALIDADES MESTIÇAS: “Não existe pecado do lado de baixo do Equador” – Ronaldo Vainfas; Santo ofício da homofobia – Luiz Mott; Um caldeirão de amores – Mary Del Priore (pgs. 269 a 284).

HUMORES E SABORES: Pinga da boa – Luciano Figueiredo; Sabores da colônia – Paula Pinto e Silva (pgs.288 a 294).

GUERRA: OPRESSÃO COLONIAL: Índios, hereges e rebeldes – Ronaldo Vainfas; Fim de jogo em Guararapes – Rômulo Luiz Xavier do Nascimento; Pobres, rudes e ameaçadores – Laura de Mello e Souza; Quilombo de um novo tipo – João José Resi (pgs. 302 a 318).

SANGUE NAS PROVÍNCIAS: A Bahia pela liberdade – Hendrik Kraay; Farrapos com a faca na bota – Sandra Jatahi Pesavento; Insurreição praeira – Marcos de Carvalho; A Guerra de Canudos à sombra da República – Jacqueline Hermann (pgs. 325 a 340).

ABOLIÇÃO E A REPÚBLICA DESIGUAL: Flores da liberdade – Eduardo Silva; O povo contra a vacina – José Murilo de Carvalho; Abaixo a chibata – Marco Morel (pgs. 347 a 359).

GUERRA NA AMÉRICA E NA EUROPA: Paraguai: guerra maldita – Francisco Doratioto Nas trincheiras contra Hítler – Luis Felipe da Silva Neves (pgs. 363 a 369).

CONSTRUTORES ENTRE DOIS MUNDOS: Maurício do Brasil – Evaldo Cabral de Mello; Chica da silva além do mito – Júnia Ferreira Furtado; José Bonifácio inconformado – Ana Cristina Araújo (pgs. 376 a 388).

GUARDIÕES: Maria Quitéria vai à guerra – Patrícina Valim; Osório em toda a parte – Francisco Doratioto; Quem desenhou o Brasil – Rubens Recúpero; Fé na taba – LorelaiKury (pgs. 393 a 408).

A PALAVRA E O GESTO: Muitos Gregórios – João Adolfo Hansen; Machado entre letras e números – Gustavo Franco; Coma palavra, Lima Barreto – Beatriz Resende (pgs. 414 a 426).

INVENTORES: Oswald à vista – Renato Cordeiro Gomes; A invenção da MPB – João Máximo; “O meu pai era paulista”... – Francisco Alambert (pgs. 431 a 447).

LIDERANÇAS: Vargas exemplar – Ângela de Castro; Um presidente bossa nova – Marly Motta (pgs. 454 a 460).

SONHADORES: Palavra de Tiradentes – Tarcísio de Souza Gaspar; O marinheiro e seus bordados – José Murilo de Carvalho; O herói da floresta – Kenneth Maxwell (pgs. 466 a 476).

Faço minhas as palavras do organizador e editor dessa obra, Luciano Figueiredo, em um dos tópicos da sua Apresentação, por sintetizar a sua abrangência e conteúdo:

“A forma inovadora de abordar o passado neste livro combina com essa vivência contemporânea ao oferecer uma visão à História do Brasil arranjada como um caleidoscópio. Cerca de setenta brilhantes historiadores contam passagens singulares da formação do país, resgatando os grandes acontecimentos e passagens, trazendo à tona dramas coletivos e individuais com enorme conhecimento de causa e muita sensibilidade. Tudo isso em uma leitura prazerosa, com que se esmiuçam detalhes pitorescos e fatos curiosos. Nada daquela impostação professoral, nada de jargões ou trechos indecifráveis”.

Para entendermos melhor o Brasil de hoje, urge uma volta às últimas décadas do século XIX (fim da escravidão e do Império) e à primeira do século XX, já na República, com a leitura de História do BRASIL (para ocupados), precisamente o ensaio “O povo contra a vacina”, do escritor José Murilo de Carvalho, às pgs. 352 a 358.

Rio de Janeiro, então com seus 800 mil habitantes, era tomada pelos vírus da febre amarela, peste bubônica, tuberculose, malária, tifo e outras enfermidades, a fazerem milhares de vítimas. O então presidente da República, Rodrigues Alves, convoca o sanitarista Oswaldo Cruz, a quem incumbe criar as condições para livrar a população dessas moléstias. Surge daí a vacina contra a febre amarela e o Governo decreta a obrigatoriedade da vacinação para todos. Surge incontinenti fortes reações contrárias, com passeatas e toda sorte de reações contrárias, mexendo inclusive com as Forças Armadas. A intensidade das reações contrárias à vacinação levou o presidente Rodrigues Alves a decretar “Estado de Sítio”.  

Leitura que recomendo, repito, aos três níveis de ensino e a quantos precisam e gostariam de saber mais e melhor sobre a História desse gigante chamado Brasil.

*Manoel Neto Teixeira, jornalista e escritor, é membro, dentre outras, da Academia Pernambucana de Letras Jurídicas – cadeira 44. E-mail: polysneto@yahoo.com.br

Fonte: Blog Jornal O Século

Significação

João Marques dos Santos

João Marques* | Garanhuns

Poeta é palavra

igual ao sol

que volta e morre

e ausente, permanece

dentro das pedras

dos frutos que irrompem

nas manhãs plantadas

(da casa nunca esquecida

dentro de outra casa)

porque germina

como a semente e

se torna signo, flor


poeta é escrito

infinitamente palavra

luz de estrela feita

misteriosa e persente

misteriosamente a alma

que sofre também por si

e morre pela palavra.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

Machado de Assis inda deitado

João Marques

João Marques* | Garanhuns

Outro dia, acordei com uma cigarra cantando no poste que  fica na frente de casa. Admirei-me. Não me lembrei de outra vez em que tivesse sido acordado por uma cigarra... E nem pelos passarinhos! Sempre escutei os passarinhos depois de acordado. Os pássaros, as vacas, as ovelhas, toda a natureza sonora, quando vivia no sítio. Mas cigarras logo bem cedo e acordando-me, não!

Por coincidência, descobri que Machado de Assis, antes de mim, também, tinha sido acordado por uma cigarra. Ele conta o seu despertar numa crônica de 7 de janeiro de 1894 e eu a tenho no 2º volume de "A Semana". Já transcrevo a história, para verem como acordava Machado de Assis ou o que pensava um escritor há cem anos, logo que  acordasse... 

Por aqui, quando as cigarras cantam muito, dizem que é verão, vem muito sol. E eu - filho legítimo do inverno - sinto mais o incômodo do calor. Natural e poeta pelo inverno, sinto-me bem em Garanhuns, esta terra que quase ficava toda inverno. E isto não aconteceu, porque justamente as cigarras, com seu  coro, atraíram para estas serras o verão também... isto foi antes que os guarás e os anús tomassem conta de tudo. Já dominavam os vales e as fontes. Depois, os sertanistas vieram com o fogo incendiário, abrindo veredas de sol e levantando tetos quentes para abrigar os nativos. Simôa Gomes, garanhuense, primeiro que nós, quando nasceu, não teve mais jeito, as cigarras cantavam pelos bambús e, noutra manhã, até a acordaram. Cigarra teimosa!

A minha, mais irônica, pousou e cantou num poste. Simôa Gomes, não sei o que pensou. Machado de Assis, já lhes mostro. Eu, invernal, chegando a um friozinho, para ficar mais tempo na cama, imaginei que, em lugar da cigarra, fosse um sapo (um sapo voador). O poste começava a cobrir-se de folhas verdes, as lâmpadas viraram frutos dependurados e os fios ficavam em sentido vertical, para caírem como os pingos da chuva... Mas, infortúnio meu, uma muriçoca insistente, que veraneava dentro do mosquiteiro, veio completar o coro aos meus ouvidos. Bem pertinho agora, para ser mais real. Saí de baixo do mosqueteiro - e porque não dizer poeticamente: do meu velho mosquiteiro - e fui para a primeira coisa do dia: lavar o rosto com água de alguma chuva.

Agora, Machado de Assis inda deitado:

"Quem será esta cigarra que me acorda todos os dias neste verão do diabo, quero dizer, de todos os diabos, que eu nunca vi outro que me matasse tanto. Um amigo meu conta-me cousas terríveis do verão de Cuiabá, onde, a certa hora do dia, chega a parar a administração pública. Tudo vai para as rêdes. Aqui não há rêde, não há descanso, não há nada. Este tempo serve, quando muito, para reanimar conversações moribundas, ou para dar que dizer a pessoas que se  conhecem pouco e são obrigadas a vinte ou trinta minutos de bonde. Começa-se por uma exclamação e um gesto, depois uma ou duas anedotas, quatro reminiscências, e a declaração inevitável de que a pessoa passa bem de saúde, a despeito  da temperatura.

- Custa-me a suportar o calor, mas de saúde passo maravilhosamente bem. Não sei se é isso que me diz tôdas as manhãs a tal cigarra. Seja o que fôr, é sempre a mesma cousa, e é notícia d'alma, porque é dita com uma grande sonoridade e tenacidade que excede os maiores exemplos de gargantas  musicais, serviçais e rijas. A minha memória, que nunca perde essas ocasiões, recita logo a fábula de La Fontaine e reproduz a famosa gravura de Gustavo Doré, a bela moça de rebeca, que o inverno veio achar com a  rebeca na mão, repelida por uma mulher trabalhadeira, como faz a formiga à outra. E o quadro e os versos misturam-se, prendem-se de tal maneira, que acabo recitando as figuras e contemplando os versos.

Nisto antra um galo. O galo é um maometano vadio, relógio certo, cantor medíocre, ruim vianda. Entra o galo e faz com a cigarra um concêrto de vozes, que me acorda inteiramente. Sacudo a preguiça, colijo os trechos de sonho que ficaram, se tive, e fito o dossel da cama ou as tábuas do teto. Às vezes fito um quintal de Roma, de onde algum velho galo acorda o ilustre Virgílio, e pergunto se não será o mesmo galo que me acorda, e se eu não serei o mesmíssimo Virgílio. É o período de loucura mansa, que em mim sucede ao sono. Subo então pela via Ápia, dobro a rua do Ouvidor, esbarro com Mecenas, que  me convida a cear com Augusto e um remanescente da companhia geral. Segue-se a vez de  um passarinho, que me canta no jardim, depois outro, mais outro. Pássaros, galo, cigarra, entoam a sinfonia matutina, até que salto da cama e abro a janela." (Respeitando a ortografia da impressão em 1962).

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

Anchieta Gueiros em Aniversário no Sítio Baixa do Baixa do Imbé, Brejão - PE

Fogueiras de São João

Créditos do vídeo - Various Artists - Topic

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Fogueiras de São João (feat. Quinteto Violado) - Dalva Diniz - Quinteto Violado.

Letra e música: João Marques dos Santos 

De Labiata a Canoa da Lagoa (Passando por Tacaratu, Via Quipapá ou Caruaru).

As celebrações do status de cidade


Por Manoel Neto Teixeira*

Garanhuns retomou as celebrações da sua condição de cidade (completou 143 anos no último dia 04 de fevereiro de 2022). Vale lembrar que a elevação de vila (1811) para cidade deu-se através da lei 1.309, aprovada pela Assembleia Legislativa do  Estado, conforme projeto da autoria do  deputado Silvino Guilherme de Barros, mais conhecido como Barão de Nazaré.

Na edição 111 desta revista cultural (O Século) o editor João Marques, a propósito dessas comemorações, elenca dez fatos relevantes da história  de Garanhuns, entre os quais, a criação do Festival de Inverno, em 1991, pelo então prefeito Ivo Amaral, que cumpria o seu segundo mandato à frente do Executivo municipal. Na sua primeira gestão, foi  celebrado o centenário da elevação ao status de cidade (1979), com uma extensa programação cultural, destacando-se a entrega do título de Cidadão de Garanhuns ao carismático Frei Damião.

Esses e outros fatos estão registrados no livro de nossa autoria, GARANHUNS, ÁLBUM DO NOVO MILÊNIO (1811-2016), às páginas 74-75), que reproduzimos aqui, pela sua relevância e abrangência, no tempo e espaço:

"O centenário de elevação político-administrativo de Garanhuns à condição de cidade (04.02.1879) foi exaustivamente comemorado, envolvendo a população e as autoridades constituídas, em torno de ampla e diversificada programação. Além de shows musicais, inauguração de obras públicas e ventos socioculturais, houve uma série de palestras e cargo de personalidades de destaque da cultura pernambucana  brasileiro, como Gilberto Freyre, Costa Porto, Mauro Mota, José Brasileiro Vilanova e Rubens Costa.

O então prefeito Ivo Amaral, que cumpria o  seu primeiro mandato à frente do Executivo, elaborou uma programação que  marcasse esse centenário, destacando-se, entre outros, a cerimônia de outorga do  título de "Cidadão de Garanhuns" ao beato frei Damião de Bozzano, cujas missões arrebatavam multidões pelo interior do  Nordeste.

Noticiado pela Imprensa da terra e pelos jornais da capital, a chegada de frei Damião atraiu milhares de pessoas, entre admiradores  devotos do frei capuchinho, além das  autoridades civis, religiosos e militares.

A cerimônia de entrega do título foi realizada no saguão do Palácio Celso Galvão reunindo, além do prefeito Ivo Amaral, vereadores, o bispo da Diocese, Dom Thiago Póstma, o comandante do 71º BI, coronel José Maria do Aragão, secretários municipais, entre outras autoridades e grande público. Discursaram o prefeito, o  vereador e jornalista Antônio Edson, autor da proposta de concessão do título, e o  próprio frei Damião.

Ainda como parte da programação oficial, houve o lançamento da 8º edição do livro MARIA PERIGOSA, de autoria do escritor garanhuense Luís Jardim, sob o patrocínio da Prefeitura de Garanhuns."

Garanhuns está situada no chamado Planalto da Borborema e seu território foi concedido em forma de Sesmaria pelo  então governo da Capitania de Pernambuco, em dezembro de 1658, aos mestres de  campo Nicolau Aranha de Farias e o capitão Cosme de Brito Cação.

Esse imenso território começava no rio Canhoto, na confrontação da parte leste do sítio denominado Tiririca e, em rumo para o sul, até o riacho Conceição, limitando-se com terras que depois foram concedidas formando a Sesmaria dos  Burgos. A escritura dessa concessão está registrada no sétimo livro da Fazenda Real da Capitania de Pernambuco, à folha número 138, em 11 de outubro de 1678.

Com o destroçamento da chamada "República dos Palmares", que tinha como principal líder o carismático Zumbi, os negros que escaparam ao cerco fugiram para as bandas do norte e oeste de Pernambuco, conseguindo novas organizações também em forma de Quilombos, inclusive nas terras de Garanhuns, a exemplo do  Quilombo do Magano, logo depois destruído pelo mestre de campo Domingos Jorge Velho, por determinação oficial.

Garanhuns está situada nos limites das zonas Agreste e Sertão. Seu imenso território foi sendo desmembrado em  novos povoados e vilas, hoje transformados em municípios-cidades, a exemplo de  Correntes, Bom Conselho, São Bento do  Una, Capoeiras, Caetés, Serrinha, São João, Belo Jardim, entre outros. Com tais desmembramentos (emancipações), Garanhuns é hoje um dos menores municípios do Agreste Meridional de Pernambuco. Sua população, segundo o último Censo de IBGE (2010) está em torno de 135 mil habitantes, com mais de 90% habitando a zona urbana, posto que restaram-lhe apenas os distritos de São Pedro, Miracica e Iratama.

Concluo evocando o poema "Sertaneja", do livro RECOMEÇO, do jornalista e poeta Mauro Sales, por simbolizar um tanto a alma de sua gente:

A flor do mandacaru

Enfeita o rosto moreno

Na paisagem do sertão.


Poeira vermelha esconde

O verde das palmas

Dos cactos

E os arreios sem brilho

Dos cavalos.


Não há ciganas

Nem cangaceiros

Lá onde a moça nuinha

Aguarda as dobras da noite

Sob o manto fiel

Dos vagalumes.

*Manoel Neto Teixeira, autor, dentro outras, da obra GARANHUNS, ÁLBUM DO NOVO MILÊNIO (1811-2016), é membro da Academia Pernambucana de Letras Jurídicas, Cadeira 44).

Transcrito da Revista Cultural O Século | Diretor/redator João Marques dos Santos | Março de 2022.

Revelação

João Marques* | Garanhuns Os 82 anos, agora, e mais o chão de outras oportunidades de experiência de vida me dão a felicidade de dizer que s...