segunda-feira, 21 de julho de 2025

Lembranças para os amigos

Altamir Pinheiro
Altamir Pinheiro

João Marques* | Garanhuns

Quem se lembra, hoje, da vida de anos passados, sabe que é muito diferente agora. Os anos não são os mesmos de antes. Os tempos, digamos, das décadas de 1950, 60 e 70. De 1980, uns poucos, talvez. Esse tempo, por aí, foi de outra vivência. Do aspecto social, para não dizer humano, que é mais alarmante. Isso foi, aqui, numa cidade menor. As cidades grandes, acompanhei de longe. Quanto menor era o movimento urbano no dia a dia, melhor.

Eu vivi, também, a benesse desses anos. Os sonhos de um jovem pobre que, vindo do sítio, se deslumbra com a cidade. Como me lembro de tudo, das pessoas e das ruas. E de como foi tudo melhor. A mim, é claro, não coube esse "tudo" plenamente, mas a satisfação em estar em meio de todos. Observava e, naturalmente, vivia contente naquele espaço de maior motivação para viver.

ÉPOCA MAIS FAMILIAR

Dos acontecimentos sociais ou, geralizando, entre as passagens de intensa recordação, participei de algumas. Intensamente, quando as lembro como um tempo feliz. É que se vivia uma época mais familiar. As famílias melhor se relacionavam e todos, parentes e amigos, se misturavam na boa convivência.

Na rua, as pessoas se  cumprimentavam largamente. Muitas vezes, paravam, para uma conversa ligeira, quando se informavam de como estavam passando os outros. "Lembranças" para amigos e  conhecidos. Recomendações se faziam, pela melhor educação e grande diferença de tempo. Com a mulher, os mais velhos tinham trato especial, pela demonstração de respeito. Enfim, a vida era melhor vivida e melhor compartilhada. Assim, pude merecer a atenção dos níveis sociais mais adiantados e, com amabilidade, ficar conhecido na cidade. Hoje, é claro, sou muito mais conhecido. Pelo tempo de existência avançada e, principalmente, pelas conquistas. Não muitas, mas, ao menos, condição da glória de viver, ensinada pelos antigos: Gerar um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Fiz  tudo isso já. E, longe ainda da decrepitude, floresço como posso uma vida prestativa e útil. Cumprimento todos. 

Altamir Pinheiro, que foi meu companheiro do bando do Brasil, e é assinante da página Cinema, depois de ter a minha concordância, escreve neste mês de dezembro (2018), festivo, sua matéria sobre mim. E diz que sou "o artista" merecedor de suas referências, ocupando o espaço reservado às grandes estrelas da arte de interpretar bem a vida. Fico devendo, por isso, a criação de uma página dedicada à bondade dos amigos. E sinto que, apesar dos tempos diferentes, posso caminhar na Avenida, com o contentamento de estar entre irmãos. Muito obrigado, Altamir Pinheiro.

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