Não podemos dizer que ele tenha sido um homem de letras nem se para conquistar o seu título de maestro, foi um homem de oração no sábio conceito de Gandhi. O seu País, na Europa, foi palco dos acontecimentos políticos e sociais mais importantes da humanidade e da história do mundo. Que a França, sob muitos aspectos, é um País singularmente favorecido pela natureza e pelas suas condições geográficas gerais o sabemos pela condição específica de seu povo. De maneira geral, o tipo médio do francês, de qualquer classe ou situação que ele possa ver parece carregar consigo uma certa dose de filosofia prática da vida que o supre com máximo de contentamento, em troca de um mínimo dispêndio. Antes de mais nada, ele não é um ambicioso no sentido em que usamos essa palavra. Sabe perfeitamente que a desigualdade é o signo sob que nasceram todos os homens. As lindas mulheres de Versalhes ornamentaram a graça e beleza de um povo eleito. Paris - cidade luz - ilumina a consciência do belo sexo, onde o amor acontece plenamente nos recantos mais pitorescos de suas passagens. Amor é a única mensagem redentora da humanidade. Seu poder equilibra a harmonia universal. Para isto é preciso que a liberdade se transforme em perene estado de ação espiritual, para que não se repita o patriótico brado de repulsa: Liberdade! Liberdade! quantos crimes se cometem em teu nome! Esse protesto ainda permanece no mais profundo arcano da alma de todas as pátrias. É o sol que fecunda a terra e aquece a alma das coisas. Mas, o episódio histórico que assinalou, como verdadeiro marco, no tempo, o momento da emancipação espiritual do homem, somente ocorreu em fins do século XVIII, na efervescência da Revolução Francesa. O estabelecimento do Culto da Razão por Pierre Gaspar Chaumett, com a entronização da bailarina Candeile, da Ópera de Paris, na presença de Robes Pierre, em 1793, na Catedral de Notre Dame, é um episódio que representa a verdadeira invasão do processo histórico pelo mito. Noutro contexto poderíamos alcançar muitas coisas sob a sábia orientação de Herculano Pires.
Sem procurarmos entrar em maiores indagações, acentuaremos que Descartes fundava o seu racionalismo na inspiração do Espírito da Verdade. Aparente contradição, que mais tarde se esclarecerá. Fracassada a tentativa revolucionária não tardou muito a tentativa de Auguste Comte, de fundação da Religião da Humanidade. Nessa linha milenar se insere o racionalismo Espírita que surge com Kardec, como síntese de finitiva de um grande processo histórico. O Espiritismo representa o triunfo decisivo da razão. Não sobre a fé. Mas sobre o dogmatismo fidelista. Todos os conceitos universalistas deste modesto trabalho de pesquisa tem força total de definição - segundo a importante missão do homem aqui na terra.
MAESTRO FERNAND JOUTEUX
Nasceu há 89 anos , na cidade francesa de Chinon e estudou no Conservatório de Paris, onde foi contemporâneo de várias celebridades e aluno predileto de Massanet, de quem, por motivos diversos, mereceu palavras de incentivo e de admiração. Há cerca de 50 anos o compositor resolveu viajar no sentido de alcançar novas possibilidades artísticas. A música é universal e o artista também. Optou pelos nosso Brasil. Não sabemos se ele conhecia a missão do Brasil no conceito das Nações do Mundo espiritual. "Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho". Percorreu o Pará, o Amazonas, buscando novas inspirações. Pretendia compor novos poemas sinfônicos. Conviveu com pessoas que conheceram de perto, Antônio Conselheiro. Euclides da Cunha "A Epopeia de Canudos" foi a sua temática musical.
Num dia lindo cheio de Sol. Maestro Jouteux aqui chegou. Ele, a esposa e uma moreninha brasileira a qual adotara como filha. Foi amigo íntimo do Cônego Lira que muito ajudou dando-lhe até casa para residir. Instalado modestamente procurou ensinar e difundir a boa música. Música erudita. Organizou um grupo de amigos da arte e sob a sua sábia orientação reuniam-se em uma das Naves da Catedral: Arlindo Coelho exímio flautista, Horácio Vilela violinista e depois professor e figura integrante da Orquestra Sinfônica do Recife, e também o nosso querida Israel de Carvalho (Pedrinho) e outros menos notáveis. Esse conjunto foi o ponto alto da música clássica em nossa Terra. Na residência da família Coelho as tertúlias eram o ponto culminante da nossa sociedade. O coral da Igreja, as missas solenes. As músicas sacras regidas pelo maestro era um banho lustral de harmonia. Em busca da realidade de seus sonhos que era montar a sua ópera o "Sertão". Jouteux foi residir em Minas Gerais. Depois de várias metrópoles a terem rejeitado, naturalizou-se brasileiro para inspirar maior confiança como interprete das coisas nossas. Belo Horizonte teve a honra de ser palco da estreia num mundial da ópera "O Sertão". Quatro atos em cena e 40 anos nos bastidores. O governo de Juscelino Kubitschek doou a importância de cem mil cruzeiros para a montagem do hino de canudos. Dias antes, por ocasião de um dos ensaios, era tão intensa a sua alegria, que uma das pessoas presentes lhe disse: "Maestro, estamos com medo de que o senhor morra" mas a resposta veio imediata: "Depois de 40 anos de sofrimentos osso muito bem ter um dia de satisfação".
Maestro Fernand Jouteux - grande músico, aluno do genial Júlio Massanet viveu muitos anos em Garanhuns, aqui ensinou e executou o seu gênio artístico. Estimado pelo mundo espiritual da arte da terra das flores e dos jardins, é sem dúvida, um dos vultos mais comoventes da nossa cidade. Quem com ele aprendeu um pouco de música clássica, ainda hoje agradece ao maestro Jouteux. (*Advogado, jornalista e historiador | Garanhuns, 25 de março de 1978).
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