terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Os anos à frente de Luís Jardim

Luís Jardim

Meu estimado compadre e primo, Luís Jardim, filho do Capitão José Jardim e tia Santa, e, por conseguinte, irmão de Carminha, Zezinho (pai de Luis Afonso Jardim), Eulina (mãe de dois bem-queridos, Tereza Cristina e Virgínia), Zezinha e Suzete. Foi pai, em primeiro casamento, de Esdras e Iara. Boêmio por natureza e prazer, foi um funcionário irrepreensível da Secretaria de Agricultura do Estado, desempenhando o papel de Tesoureiro em uma época em que não havia rede bancária e tudo era em dinheiro vivo. Imaginem a responsabilidade dos tesoureiros nesse período!

DURANTE O CARNAVAL

Durante a semana, era um servidor exemplar, cumprindo suas obrigações sem qualquer mancha em sua ficha funcional. No entanto, de sexta-feira à noite até domingo à noite, ninguém podia contar com ele para nada. E durante o Carnaval, sua presença em Garanhuns era marcada pela sua incorporação ao Cacareco, levando-o a passar três dias e quatro noites emendados, sem trégua e descanso.

Até que um dia recebe-se a terrível notícia: Luís Jardim sofreu um enfarto e foi internado no Hospital Português, correndo risco extremo de vida. Naquela época, os recursos médicos na cardiologia ainda eram limitados, exigindo repouso absoluto e cuidados delicados. Seu cardiologista, Dr. Jarbas Malta, amigo e colega de trabalho, dedicou-se intensamente ao seu caso.

UMA FESTA

Com todo o empenho e cuidado, Luís Jardim recebeu alta após quase dois meses de internamento. Sua primeira ação foi promover uma festa em casa, nos moldes de sempre. Sua família, preocupada, denunciou seu comportamento ao Dr. Jarbas, que o repreendeu severamente. Luís, sem hesitar, respondeu: "Você não me deu alta? Aguarde pelo próximo enfarto e, se houver tempo, socorram-me; caso contrário, me enterrem e sigam em frente". E finalizou: "Jarbas, eu quero viver um ano da vida que gosto, e não dez da vida que você quer me dar!".

Ele sobreviveu por mais quatorze anos, falecendo em uma quarta-feira de cinzas, de forma prosaica, em um hospital, quando, na verdade, merecia uma despedida tão lendária quanto a de Quincas Berro D'Água ou Vadinho. (Texto de Ivan Rodrigues)

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