quinta-feira, 4 de julho de 2024

Os Irmãos Moura Lins

Sebastião Moura Lins
Paulo era o mais velho, foi com Pedro Célio, Marcelo e Mourinha que  eu mantive durante muitos anos uma convivência amiga, fraternal e leal. Os irmãos Moura Lins eram filhos de um antigo comerciante e industrial de Garanhuns, o também saudoso Sebastião Moura Lins, estabelecido inicialmente na avenida Santo Antônio, com o ramo de  tecidos e, posteriormente, na rua Dom José, com uma fábrica de café e de  produtos derivados do milho. "Seu" Sebastião tinha um prole numerosa, além dos quatro filhos homens, tinha várias filhas, me lembro bem de Célia. Gostava de receber os amigos dos filhos, tanto em sua casa no bairro da Boa Vista, como em suas empresas no centro da cidade. Foi passando da rua Santos Dumont para a avenida Santo Antônio que eu conheci Pedro Célio "fabricando" carrinhos e caminhões de brinquedo. Eu como menino pobre em Garanhuns, não podia comprar os brinquedos nas lojas e me interessei pelos "produzidos" por Pedro Célio. Daí para uma boa e duradoura amizade foi  rápido.

Juscélio
Já estávamos crescidos. Dos carrinhos e caminhões de brinquedo para a bola foi  um pulo. Eu tentava dominar o balão de  couro mas não era muito bom com a pelota. Já Pedro Célio em vez de jogar na "linha" preferiu a difícil posição de goleiro. Para formarmos um time foi rápido: eu como sempre muito falador seria o técnico e  Pedro Célio o goleiro. Já rodeados pelos amigos mais próximos que jogavam futebol, eu e Pedro Célio deveríamos com a turma escolher o nome do time e as cores do novo clube juvenil garanhuense. O nome escolhido foi e de Sociedade Atlética Nacional e as cores azul e amarelo. Foi a primeira agremiação juvenil de Garanhuns com envelope e papel ofício timbrado, padrão calções e camisas de primeira, comprado em Recife e sede na rua Dom José. Só faltava o campo para treinar.

E conseguimos dois: o principal sempre foi na estrada que vai para Frexeiras, em Heliópolis, no terreno onde foi o antigo 71º BI e área de treinamento do Tiro de Guerra 265. O outro era o campo do Sport Clube de Garanhuns, que ficava na avenida Caruaru, ao lado do Parque Euclides Dourado. A sede do Sport ficava na praça Souto Filho. Mas, enfrentávamos os adversários em todos os campos: no do clube Arraial que ficava atrás da Casa dos Eucaliptos; no da rua São Vicente, no bairro de São José; na rua da Areia e Magano, no Mundaú e São Miguel, enfim, nos sete cantos de Garanhuns. Famosos na cidade como um time jovem, organizado e competitivo, partimos para excursões. São Bento do Una, Bom Conselho e tantas outras cidades do Agreste Meridional. O sucesso continuava.

A maioria dos integrantes estava em  período de Vestibular. Muitos deixaram a  cidade e passaram a morar em capitais como o Recife e Maceió. Na década de 1960, o Nacional viveu a sua maior crise e terminou acabando. Além de Pedro Célio no gol, Marcelo já jogava na lateral esquerda e Mourinha era o mais versátil: roupeiro e torcedor número um. Mas, tinham outros "craques" que não perderam uma só partida. Elpídio Feitosa, José Geraldo Ribeiro, Roberto França e Cláudio Branco, eram alguns deles. Depois entraram José Henrique de Barros Neto, Flávio Lyra, Eufrásio, Reginaldo, André de Góes, Reginaldo Lagartixa e José Mário Vieira.

Muitos tiveram uma rápida passagem pelo Nacional. Juscélio era um deles e chegou a ser jogador profissional em Garanhuns e Caruaru. Os irmãos Ovídio e Hélio Vieira eram outros. Quando vinham do Recife, para passar férias em  Garanhuns, jogavam no Nacional.

*Marcílio Luna | Jornalista, cronista e historiador | Garanhuns, 8 de Junho de 2002. 

Fotos: (1) - Sebastião Moura Lins ainda jovem. (2) - Jogador Juscélio.

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