terça-feira, 22 de agosto de 2023

Súplica da terra para a nuvem

Súplica da terra para a nuvem
Sítio Aguazinha - Iati, PE - Dezembro de 2019 | Créditos da foto: Anchieta Gueiros

Tenente Moura*

Querida nuvem alvinha

Que andas no firmamento

Te vejo tão enxutinha

Como eu neste momento...


Nesse teu perambular

Te lembras do meu jardim

Que só vive a suspirar

O teu chôro sobre mim?...


Te adoro. Te anseio

Te miro tanto de cá

Mas noto que tens receio

De no meu colo chorar...


O teu choro é alegria

Para minha filharada

E sem ele a tirania

E deixa bem ressecada...


O teu chôro benfazejo

A tudo pode criar

Portanto vês meu desejo:

Vás te pejar lá no mar


Para depois de pejada,

alvinha, quero te ver

Pois a lágrima derramada

Faz tudo em mim reviver...


Estou aqui ressequida,

Meus filhos passando fome

E tudo minha querida

A vil secura consome...


Se tua lágrima não vir

Depressa molhar meu rosto

Afirmo que tudo aqui

Se mirrará de desgosto...


Suplico que venhas logo

Tirar-me o peso da cruz

Mas quando vieres rogo:

Que peças ao Bom Jesus.

*Poeta e jornalista / Garanhuns, década de 1980.

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