sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Lembranças de Minha Mãe


José Inácio Rodrigues* 

Mãe, depois da tua dolorosa viagem,

Não sinto mais os albores da coragem

Para raciocinar naquele infeliz dia!

Tenho-me reportado, à tua doce lembrança

Porem, não encontro o ar da esperança...

Só dissabores, solidão e melancolia!


Muitos desenganos, nesta minha lida!

Também, decepções, tédio, dores, penar...

Mas, as tuas lições, mãe querida,

São exemplos, para minha pobre vida,

Então, às vezes, posso sorrir e sonhar!

Meu coração, ainda, não foi refeito,


Desde aquele, quatro de abril, para cá!

Hoje, trago-o aqui, mãe, dentro do peito,

Irascível; doce dama, de um jeito,

Que, não posso, nem sequer chorar!

Dai-me, por favor, aquelas lembranças

Que antes vivíamos, em nosso lar...


Naquele tempo de amor e bonança,

Que hoje, meu coração, não mais alcança,

Porque, neste mundo, vivo a vagar!

Recolhe-me, mãe, ao teu regaço amado,

Pelos menos, para que, eu possa recordar,

Aquelas músicas bonitas de outrora...


Que, já não cantas mais agora,

Como cantavas antes para em embalar!

Mãe... És um crisol de resignação!

Eu, um receptor de ansiedade...

Hoje, sinto tédio, solidão,

E um fastio no coração...


Numa torrente de dor e saudade!

Agora mãe, canta uma cantiga,

A mais doce, mãe, a mais antiga...

Para que eu possa sonhar!

Canta, por favor, mãe, canta...

Com esta tua voz de santa,

Aquela linda canção de ninar!

*Bacharel em direito, professor, poeta, radialista, vereador e prefeito de Garanhuns.

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