terça-feira, 1 de agosto de 2023

Espiritismo

Hélio Amorim*

O Dever (Lázaro) 

O dever é a obrigação moral, primeiro para consigo mesmo, e depois para com os outros. O dever é a lei da  vida; encontramo-lo nos mínimos detalhes, como nos atos mais elevados. Estamos nos referindo ao dever moral, e não ao que se refere às profissões.

Na ordem dos sentimentos, o  dever é muito difícil de ser cumprido, porque se encontra em antagonismo com as seduções do interesse e do  coração. Suas vitórias não têm testemunhas, e suas derrotas não sofrem repressão. O dever íntimo do homem está entregue ao seu livre arbítrio; o agulhão da consciência, esse guardião da probidade interior, o adverte e sustenta, mas ele se mostra frequentemente impotente diante dos  sofismas da paixão. O dever do  coração, fielmente observado eleva o homem. Mas como precisar esse dever? Onde ele começa? Onde acaba? O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a  tranquilidade de vosso próximo, e termina no limite que não desejareis ver transposto em relação a vós mesmos.

Deus criou todos os homens iguais para a dor; pequenos ou grandes, ignorantes ou instruídos, sofrem todos pelos mesmos motivos, a fim de que cada um pese judiciosamente o mal que  pode fazer. Não existe o mesmo critério para o bem, que é infinitamente mais  variado nas suas expressões. A igualdade em relação a dor é uma sublime previsão de  Deus que quer que os seus filhos, instruídos pela experiência comum, não cometam o mal desculpando-se com a  ignorância dos seus efeitos.

O dever é o resumo prático de todas as especulações morais. É uma intrepidez da alma, que enfrenta as angustias da luta. É austero e dócil, pronto à dobrar-se às  mais diversas complicações, mas permanecendo inflexível diante de suas tentações. O homem que cumpre o seu  dever ama a Deus mais que as criaturas, e as criaturas mais que a si mesmo; é a um só tempo, juiz e escravo na sua própria causa.

O dever é o mais belo galardão da  razão; ele nasce dela, como o filho nasce da  mãe. O homem deve amar o dever, não porque ele o preserve dos males da vida, aos quais a humanidade não pode subtrair-se, mas porque ele transmite à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.

O dever se engrandece e esplende, sempre sob uma forma mais elevada, em  cada uma das etapas superiores da humanidade. A obrigação moral da criatura para com Deus jamais cessa, porque ele deve refletir as virtudes do  Eterno, que não aceita um esboço imperfeito, mas deseja que a grandeza da  sua obra resplandeça nos seus olhos.

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