Garanhuns | 17 de fevereiro de 1979
Academia de Letras que é a lembrança e saudade das almas poéticas, que se foram, mas que ficaram na perpetuação da memória dos pósteros.
De Arthur Brasiliense Maia que, inspirado na figura acanhada e triste de um sapo, cantava:
"Mas... ah! Seja qual for o esforço despendido, jamais conseguirás fazer-te compreendido,
Ó ser que não é ser! Inócuo sonhador.
És a imagem fiel da alma forte do poeta,
a sofrer, sem revolta, a amargura secreta
na expressão de quem flui as delícias do amor".
De Belarmino Dourado que versejava numa "Tarde Verão":
"Como as virgens outrora venturosas,
eu adoro-te, oh! musa vespertina,
no silêncio das noites vagarosas.
E do amor os estos me ilumina
de vagalumes as ondas luminosas,
beijando a sós a dália purpurina."
Do inesquecível Ruber van der Linden louvando Garanhuns:
"Mas num porvir, que meu sentir anela -
já que o progresso por aqui radica -
talvez descreva Garanhuns mais bela.
E que seus filhos amanhando a terra,
hão de fazê-la grande e forte e rica
com os tesouros que seu solo encerra."
De Joaquim Alves Barreto Coelho Filho que rendia homenagem à figura de seu falecido pai que foi seu guia e exemplo:
"Imprimiste em mim o idealismo
que engalana a existência dos imortais.
E na tua vida cheia de heroísmo
foste mais do que santo, muito mais."
E de outros grandes vultos da arte literária em Garanhuns como Luiz de Barros Correia Brasil, Celso Vieira, Jerônimo Gueiros, Antônio de Melo Peixoto Junior, Cecília Rodrigues, Benigno Lira e tantos outros cujas memórias pranteamos, e ainda de Lauro Cysneiros e Luís Jardim.
Esta festa do primeiro ano de existência da Academia de Letras de Garanhuns não é somente dela; é das pessoas insignes por nós muito prezadas que nos enterneceram com o calor humano de suas amizades, é de todos que aqui se fazem presentes, é, enfim, do povo desta cidade centenária que lhe serviu de berço.
E ao final de minha modesta oração, rogo vênia a todos meus colegas acadêmicos para prestar a minha homenagem pessoal e íntima ao Centenário de Emancipação Política da terra de Simôa Gomes.
Íntima porque em forma de poesia, e para tanto tive de reviver os meus pecados literários da meninice e da adolescência, sabendo de antemão que outros acadêmicos, poetas como João Calado Borba, Maurilo Matos, Edil Graciliano ou Maviael Medeiros poderiam fazê-la bem melhor.
Perdão, pois para o meu pálido estro que se perdeu com o passar dos anos, e atentem que mais valem o preito e a intenção do que o soneto em si próprio.
GARANHUNS CENTENÁRIA
Ao amigo Ivo Tinô do Amaral, prefeito de Garanhuns pela sua magnífica administração.
Plácida, amena e bela recostada
às fimbrias dos montes da Borborema,
é mais que uma cidade, é um poema,
é joia rara em ouro engastada.
Sangri-lá do nordeste decantada,
ciente do porvir tomou por lema:
"Ad Altiora Tendere" e a suprema
esperança é verdade abençoada.
Jovem Garanhuns, cem anos de história
rica de tradição, cultura e glória,
Urbe onde se confunde a natureza.
Mil novecentos e setenta e nove.
O povo vibra e Garanhuns se move
no Centenário pleno de grandeza.
Muito Obrigado.
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