terça-feira, 1 de agosto de 2023

Discurso de Dr. Rilton Rodrigues na Academia de Letras de Garanhuns


Garanhuns | 17 de fevereiro de 1979

Academia de Letras que é a lembrança e saudade das almas poéticas, que se foram, mas que ficaram na perpetuação da memória dos pósteros.

De Arthur Brasiliense Maia que, inspirado na figura acanhada e triste de um sapo, cantava:

"Mas... ah! Seja qual for o esforço despendido, jamais conseguirás fazer-te compreendido,

Ó ser que não é ser! Inócuo sonhador.


És a imagem fiel da alma forte do poeta,

a sofrer, sem revolta, a amargura secreta

na expressão de quem flui as delícias do amor".

De Belarmino Dourado que versejava numa "Tarde Verão":

"Como as virgens outrora venturosas,

eu adoro-te, oh! musa vespertina,

no silêncio das noites vagarosas.


E do amor os estos me ilumina

de vagalumes as ondas luminosas,

beijando a sós a dália purpurina."

Do inesquecível Ruber van der Linden louvando Garanhuns: 

"Mas num porvir, que meu sentir anela - 

já que o progresso por aqui radica - 

talvez descreva Garanhuns mais bela.


E que seus filhos amanhando a terra,

hão de fazê-la grande e forte e rica

com os tesouros que seu solo encerra."

De Joaquim Alves Barreto Coelho Filho que rendia homenagem à figura de seu falecido pai que foi seu guia e exemplo:

"Imprimiste em mim o idealismo

que engalana a existência dos imortais.

E na tua vida cheia de heroísmo

foste mais do que santo, muito mais."

E de outros grandes vultos da arte literária em Garanhuns como Luiz de Barros Correia Brasil, Celso Vieira, Jerônimo Gueiros, Antônio de Melo Peixoto Junior, Cecília Rodrigues, Benigno Lira e tantos outros cujas memórias pranteamos, e ainda de Lauro Cysneiros e Luís Jardim.

Esta festa do primeiro ano de existência da Academia de Letras de Garanhuns não é somente dela; é das pessoas insignes por nós muito prezadas que nos enterneceram com o calor humano de suas amizades, é de todos que aqui se fazem presentes, é, enfim, do povo desta cidade centenária que lhe serviu de berço.

E ao final de minha modesta oração, rogo vênia a todos meus colegas acadêmicos para prestar a minha  homenagem pessoal e íntima ao Centenário de Emancipação Política da terra de Simôa Gomes.

Íntima porque em forma de poesia, e para tanto tive de reviver os meus pecados literários da meninice e da adolescência, sabendo de antemão que outros acadêmicos, poetas como João Calado Borba, Maurilo Matos, Edil Graciliano ou Maviael Medeiros poderiam fazê-la bem melhor.

Perdão, pois para o meu pálido estro que se perdeu com o passar dos anos, e atentem que mais valem o preito e a intenção do que o soneto em si próprio.

GARANHUNS CENTENÁRIA

Ao amigo Ivo Tinô do Amaral, prefeito de Garanhuns pela sua magnífica administração.

Plácida, amena e bela recostada

às fimbrias dos montes da Borborema,

é mais que uma cidade, é um poema,

é joia rara em ouro engastada.


Sangri-lá do nordeste decantada,

ciente do porvir tomou por lema:

"Ad Altiora Tendere" e a suprema

esperança é verdade abençoada.


Jovem Garanhuns, cem anos de história

rica de tradição, cultura e glória,

Urbe onde se confunde a natureza.


Mil novecentos e setenta e nove.

O povo vibra e Garanhuns se move

no Centenário pleno de grandeza.

Muito Obrigado.

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