Por Manoel Neto Teixeira*
Está provado cientificamente que o cérebro humano é composto por três mentes: a primeira, emocional, localizada no hemisfério direito, responsável pelas sensações espontâneas provocadas por eventos externos, que dão origem ao riso, ao pranto, à tristeza e cuida também do senso espacial, sem qualquer esforço racional; a segunda, a mente cartesiana ou analítica, está localizada no hemisfério esquerdo do nosso corpo; e a intuição, considerada por alguns como a terceira mente, é abstrata e sem corpo físico, ao contrário das duas primeiras. "Mas ela existe e é real: detecta as membranas, moléculas ou fibras neuronais, que produzem impulsos eletroquímicos para nosso alerta ou tomada de decisão".
O filósofo-cientista Car G. Yung, considerado "pai da moderna psicologia", autor do clássico O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS, traduzido em dezenas de línguas, a mente humana compõe-se dos planos consciente e inconsciente. Este faz parte e é tão real na vida de cada indivíduo quanto o é o mundo consciente e meditador do ego. É porém infinitamente mais amplos e mais rico. "A linguagem e as pessoas do inconsciente são os símbolos, enquanto os meios de comunicação com este mundo são os sonhos.
Yung criou o conceito de arquétipo, de extrovertido e introvertido e abarcou o campo do inconsciente, que é parte tão vital e real da vida dos indivíduos quanto o é o mundo consciente e "meditador" do ego. A linguagem e as pessoas do inconsciente são os símbolos, e os meios de comunicação com este mundo são os sonhos. O estudo do homem e dos seus símbolos é, efetivamente, um estudo da relação do homem com o seu inconsciente, grande guia, amigo e conselheiro do próprio consciente.
Cada um reconhece o seu inconsciente e com eles nos comunicamos (um serviço bidirecional), sobretudo através dos sonhos. Este não é uma espécie de criptograma padronizado que pode ser decifrado através de um glossário para a tradução de símbolos. É, sim, uma expressão integral, importante e pessoal de inconsciente particular de cada um e tão "real" quanto qualquer outro fenômeno vinculado ao indivíduo.
Acrescenta a mesma fonte: "O inconsciente individual de quem sonha está em comunicação apenas com o sonhador e seleciona símbolos para seu propósito, com um sentido que lhe diz respeito e a ninguém mais. Sobre o homem primitivo e o homem moderno, Yung esclarece: "O homem primitivo era muito mais governado pelos instintos do que seu descendente, o homem "racional", que aprendeu a "controlar-se". Em nosso processo de civilização separamos a consciência, cada vez mais, das camadas instintivas mais profundas da pisque humana e mesmo das bases somáticas do fenômeno psíquico.
Infelizmente não perdemos estas camadas básicas; elas se mantiveram como parte do inconsciente, apesar de só se expressarem sob a forma de imagens oníricas. Estes fenômenos instintivos - que nem sempre podem ser reconhecidos como tal, já que o seu caráter é símbolo - representam um papel vital naquilo que chamei função compensadora dos sonhos".
Observa ainda que, para benefício do equilíbrio mental e mesmo da saúde fisiológica, o consciente e o inconsciente devem estar completamente interligados, a fim de que possam se mover em linhas paralelas. Se se separam um do outro ou se dissociam, ocorrem distúrbios psicológicos.
Neste particular - acrescenta Yung -, os símbolos oníricos são os mensageiros indispensáveis da parte instintiva da mente humana para a sua parte racional, e a sua interpretação enriquece a pobreza da nossa consciência fazendo-a compreender, novamente, a esquecida linguagem dos instintos.
Quando dormimos o espírito se liberta do corpo físico. É quando acontecem os sonhos, principal momento do plano inconsciente. Recomenda-se a prática de orações antes e depois do sono, o que favorece o reencontro com os espíritos desencarnados.
*Manoel Neto Teixeira, escritor e jornalista, membro de várias entidades culturais, no recife e Garanhuns, auto da coleção MULTIVISÃO, 09 volumes, é membro da Academia Pernambucana de Letras. Texto transcrito da Revista Cultural O Século de Abril de 2022.
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