Emocionado e humanamente envaidecido: assim recebo essa autêntica láurea: O Título de Cidadão Honorário de [Garanhuns], outorgada por esta emérita Câmara de Vereadores. Título valioso - repito - concedido por esta Casa Legislativa, expressão máxima da representação popular e política do Município e espelho do pensamento vivo da comunidade.
Esta honraria, inestimável e preciosa, devo-a, certamente, muito mais à generosidade dos ilustres vereadores do que a méritos pessoais, pois, salvo melhor juízo - julgo não possuí-los para tamanha distinção.
Sendo-me permitido falar aqui a linguagem da história antiga, direi que ser cidadão de Garanhuns é o mesmo que ser Cidadão Romano, guardadas as proporções no tempo e no espaço. Pois lá, a cidadania ficava inscrita na memória do poder político maior, dos tribunos, dos legionários. No Corpus Juris Civil e nas Leis Ordinárias. Aqui a cidadania fica registrada nos Anais desta Casa, na sensibilidade da classe política, na continuidade do tempo, na lembrança e no coração do povo.
E se falo, agora, na Cidade Eterna, berço da ordenação jurídica é porque - do mesmo modo que a Velha Roma. Garanhuns geograficamente também está cercada por Sete Colinas. Sete Colinas coloridas legendárias e cheias de encantamentos. São as sete portas abertas a acolhedoras da cidade.
Dizem as lendas (e elas são muitas) que nestes montes, nestas serras e depressões geográficas se congregam todos os ventos. Os ventos velhos, uivantes, furiosos e irreverentes; os ventos novos, inquietos e salvadores; as brisas brandas com nuances e carícias femininas. A névoa, a garoa, a neblina.
Dessa variedade de elementos da natureza e do privilégio da altitude do Magano, surgem as nossas maiores potencialidades naturais: o clima as águas o frio, as flores, além da beleza dos nossos parques e cercanias. São estes, na verdade, os nossos maiores embaixadores.
É preciso, entretanto, que se exponha ostensiva e insistentemente a real imagem da cidade de Garanhuns, hoje tão distorcida e deturpada, lá fora. Que se divulguem, nos quatro pontos cardeais, as amenidades e os encontros que a Natureza generosamente concedeu à terra do velho Sítio Garcia e da matriarca Simôa Gomes de Azevedo.
Há alguma coisa, no entanto, conspirando contra a beleza ecológica e a hospitalidade da nossa terra. Urge uma tomada de posição decisiva. É uma atitude quase "proustiana": a procura e reconquista do tempo perdido.
Neste particular, eis o dilema: ou reagimos ou pereceremos.
Para tanto, mobilizem-se as forças vivas da cidade; o dinâmico Prefeito Ivo Amaral, os nossos atuantes deputados José Tinoco de Albuquerque e José Cardoso da Silva, esta Augusta Casa e todos os segmentos da sociedade.
E imperioso fazer-se uma contra-reforma, recuperando a nossa imagem e recolocando-a no seu devido lugar, através da modernidade dos meios de comunicação e propaganda.
E por aqui vou ficando. Porque, "assim como o homem é a medida de todas as coisas", o tempo é a medida do meu discurso.
Antes, porém, quero registar os meus agradecimentos ao ilustre Vereador Audálio Ramos Machado, autor do projeto que me concedeu esta honrosa Cidadania. Atuante político e possuidor de todas as qualidades positivas, Audálio Ramos Machado, sem dúvida alguma, terá pela frente um brilhante futuro.
Agradeço, igualmente aos vereadores que apoiaram e votaram a proposta antes mencionada: Humberto Alves de Moraes, José Ataíde Acioli Filho, Severino Albino da Silva, Antônio Marlos Ferreira Duarte, Luiz Taveira de Melo, Severino Guimarães, Antonio Edson de Araújo, José Estevão dos Santos e Pedro Leite Cavalcante, então Presidente desta casa. Muitos não voltaram ao convívio deste Legislativo, mas todos estão presentes na minha gratidão.
Agradeço ainda a presença dos atuais vereadores a este solenidade, bem como ao seu Presidente Paulo Francisco Gomes, lutador cheio de méritos.
Agradeço, finalmente, a presença dos amigos que vieram prestigiar esta solenidade, bem como àqueles que manifestaram a impossibilidade do seu comparecimento.
A todos, enfim, o meu reconhecimento eterno.
Muito Obrigado.
(Discurso proferido pelo Dr. João Calado Borba na solenidade de entrega do Título de Cidadão Honorário de Garanhuns).
Garanhuns, 01 de Abril de 1989.
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