Dom José Adelino Dantas (foto) - portador de conhecimentos profundos sobre vários ramos da cultura. Humanista de alta qualificação e de sólida investidura Episcopal. Sob o domínio desses princípios dava entender, quando seu universo se projetava ao diálogo, que para ser sacerdote não bastava, apenas, o lastro da formação cultural, no sentido teológico, que na sua época de seminário era tão séria e tão profunda. Impunha-se, sobretudo, na vocação, no desprendimento, a formação, deixar tudo e com espírito de renúncia, seguir o Mestre. O exemplo maior dessa alta qualificação moral, foi Francisco de Assis, muito citado por Dom Adelino. Modelo inefável das maravilhas de seu mundo íntimo. Professor de muitas disciplinas, estudioso dos problemas sociais, latinista famoso. Profundo conhecedor de Astronomia, Matemática e Ciências em quase todos os seus ramos. Muito influenciado pela formação da cultura do mundo grego e das línguas clássicas. Fazia gosto, ouvi-lo na interpretação das sábias cartas do grande apóstolo das gentes.
Fora o sexto Bispo da nossa querida Diocese de Garanhuns, a sua orientação psicológica demonstra a sua alta visão panorâmica e as altas proporções de sua capacidade de agir e sentir como um verdadeiro príncipe da Igreja. Servir ao próximo se caracterizava a missão mais importante, e a mais nobre, mesmo com sacrifício da própria vida.
A vida do outro é a continuação de tudo que se revela como essência e natureza humana. É um preceito do verdadeiro amor de Jesus, um cristão é outro Cristo. Asilo dos anciões, foi a realização mais nobre do seu elevado Espírito. Só entendia a alma cristã dedicada às obras de Assistência Social. Nunca fomos muito bom católico, contudo, aproximou-se de nós e nos casou eclesiasticamente. A cerimônia verificou-se na Palácio Episcopal (Palácio do Bispo) foi um ato de grande decisão e muito significativo como brilho da nossa constelação familiar. Daí, por diante. Dom Adelino fez questão de privar da nossa amizade. Sempre que possível nos visitava. A sua morte nos deixou tanta Saudade...
Dom Adelino Dantas, representava a mais alta significação desses princípios e bem informado na cultura da antiguidade clássica. Era, contudo, um homem atualizado. Falava pouco, e no tempo exato em que a sua palavra era solicitada. Como orador, sacro, era mais praticante doutrinário. A sua dialética quase irrefutável, despertava aos seus ouvintes, um passo à Inteligência. Em matéria de assistência aos menores e velhos abandonados a diocese de Garanhuns, sob o seu governo atingiu um ponto bem alto. Quando o conflito vem de fora, ainda se pode encontrar alguma consolação. Não tinha tal espécie de conflito - porque vivia a riqueza de seu universo interior. Era um homem tranquilo. Falava-se muito do que se tem como certeza, mas o certo propriamente é o que mais se ignora que é a morte. Sempre usou os recursos do espírito para o entendimento das pessoas e das coisas.
O nosso saudoso, Dom Adelino, foi governador da Diocese de Garanhuns, no período de 14 de setembro de 1958 a 25 de fevereiro de 1967. Contava com 74 anos quando desencarnou em Caicó. Seu corpo baixou ao túmulo na Igreja de Carnaúba dos Dantas como sempre fora o seu desejo. Reconhece-se a qualidade dos Espíritos pela sua linguagem: a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é digna, nobre e edificante, nunca são pontilhadas de reticências.
Certamente, nas vascas de sua morte, seus lábios sibilaram as últimas notas sonoras, das harmonias, entre dois mundos que se integram na mesma Faixa Vibratória: o mundo de novas dimensões espirituais de um verdadeiro Apóstolo no Tempo e no Espaço.
*Dr. José Francisco de Souza / Advogado, jornalista e historiador / Garanhuns, 9 de Abril de 1983.
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