Genivaldo Almeida Pessoa* | Garanhuns, 2006
Recolho! Recolho sim.
Últimas migalhas de milho, da última safra.
Agora é o fim! A jornada poderá ter novo princípio.
Homem sofrido da roça
E, de raça também,
Recolhe últimas reservas da colheita,
Esperando que tempo ruim logo passe.
No leito, pensamentos rejeitam,
Sofrimento que há tanto tempo,
Causa tomento a toda a família.
Os filhos e filhas, já não aguentam...
A fome, é nome e espelho.
Do desespero de quem precisa comer.
Sem comer a tanto tempo,
Não aguentam viver...
Uma xícara sem pires,
Sem colher,
Ainda acolhe um pouco de café;
Resta-lhe coragem, mesmo sem chuva,
O ser, sem ter
Retalha também a fé.
Eu também colho
os abrolhos da minha vida...
*Professor, escritor e poeta.
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