A razão está em feitos e fatos de dois mandatos de prefeito e deputado. Ali, no Relógio de Flores, nas primeiras ruas calçadas e asfaltadas, nas reformas do Pau Pombo e principalmente na criação do Festival de Inverno. Quando num dia qualquer de sua primeira administração o jornalista Marcílio Reinaux adentrou o gabinete com a ideia de se criar um festival de artes em Garanhuns, Ivo entusiasmou-se. Estávamos em meados dos anos 1977-1982, período de sua primeira administração. O que se tem de espetacular nisso é a ousadia. Porque ninguém poderia imaginar qualquer coisa funcionando a céu aberto em pleno mês de julho, de dias cinzentos e frio intenso. Até aí a cidade hibernava por todo período de inverno e era quase impossível encontrar um transeunte durante a noite pelas ruas e praças da cidade. Mas a ideia de acordar a cidade estava sendo fecundada na incubadora de um gabinete, composto por um prefeito de visão exacerbada e sua equipe composta por pessoas abnegadas pelo trabalho e apaixonadas por Garanhuns.
Ivo governava Garanhuns com poucos recursos e a cidade expandia-se, avolumando as necessidades de infraestrutura. Era uma época em que ser gestor de um município carecia de esforço centralizado em prioridades e, ao mesmo tempo, dar impulsos proporcionais a vocação da cidade. O festival precisa sair do papel e sairia na sua segunda gestão. Criou uma comissão para cuidar do assunto, mas exigiu ficar à frente de tudo. Não por desconfiança de seus fiéis auxiliares, mas por querer ficar atento a todos os passos, exatamente para assegurar-se de que entregaria a Garanhuns um evento que daria nome à cidade para a eternidade. O festival nasceu. É injusto dizer que o primeiro evento aconteceu de maneira simples no oitão do Centro Cultural. Na realidade, já nasceu grande e ousado, analisando que estávamos 24 anos atrás, a iniciativa era inédita, o período chuvoso, as atividades festivas da cidade tinham tamanhos modestos e tudo era novo aos olhos do povo. Então o Festival de Inverno já nasceu grande e ousado. Foi ganhando corpo alimentado pela aceitação popular e aperfeiçoado pelo seu criador. Administrações sucessivas após a sua e ainda hoje os únicos referências de turismo e cultura continuam sendo os que foram criados por Ivo Amaral. Nenhum dos gestores vivenciados pelo município ao longo de mais de duas décadas, conseguem sair desses marcos ou foram capazes de superá-los criando alternativas semelhantes. Mas é justo que se diga que se limitam à valorização do que Ivo criou.
O Festival de Inverno tornou-se Patrimônio Imaterial da Humanidade, tornando-se o maior evento multicultural da América Latina. Agrega valores inestimáveis à cidade, gera trabalho e renda, agiganta a autoestima da população. A Suíça Pernambucana fervilha todos os anos quando o xale da garoa cobre a cidade nos dias frios de julho. Garanhuns exibe-se para as lentes, rodopia nos batuques de Maracatus de baque virado, canta e sorri pela madrugada, ganha as cores das artes e como diria Ronildo Maia Leite: "Até o Cristo do Magano se desatarraxa para aplaudir" ou; "O Céu existe entre Sete Colinas, Garanhuns é de lá". Agora são criador e criatura junto e aos olhos de todos nós. A homenagem outorgada pelo ex-Governador Eduardo Campos e toda sua equipe em 2014 foi a plenitude da justiça a um benfeitor incontestável.
(Texto transcrito da Revista CENARIUM).
Prefeitos da era do Festival de Inverno
- Ivo Tinô do Amaral 1989 a 1992, criou e fez o primeiro festival entre 13 e 28 de julho de 1991 e o segundo entre 17 e 26 de julho de 1992.
- Bartolomeu Magno Souto Quidute 1983 a 1996.
- Silvino de Andrade Duarte 1997 a 2000 e 2001 a 2004.
- Luiz Carlos de Oliveira 2005 a 2008 e 2009 a 2012.
- Izaías Régis Neto de 2013 a 2016 e 2017 a 2020.
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