É bem de ver que o País transitava nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, e é também de se esperar, que na vigência de uma guerra mundial, muitos outros problemas mais graves tomavam conta das autoridades da Nação. Portanto, a espera e a luta foi grande, mas sempre entendida e justificada pelo fato de se estar vivendo numa época de guerra e restrições de toda sorte.
Mas, a ação do Dr. Swetnan não ficaria restrita ao grande momento da conquista da oficialização do educandário. Outros grandes melhoramentos no aspecto material haveriam de surgir como por exemplo a construção das novas instalações destinadas ao estudos das Ciências, Física, Química Biológica, Desenho e outras áreas de ensino. Muitos dos contemporâneos do Dr. Walter Swetnan, afirma que ele era possuidor de uma cultura humanística de larga projeção. "Uma cultura polimorfa" como diria o Dr. Urbano Vitalino, um dos destacados nomes da nossa Advocacia Pernambucana, ex-aluno do Colégio Quinze. O próprio Dr. Walter Swetnan dava mostras - sem - exibicionismo - de portador de uma cultura sem similares em Garanhuns, em Pernambuco e no Nordeste. Jairo Portela, hoje advogado com Banca instalada no Recife, destacado empregado da CHESF por duas décadas, foi no Colégio Quinze, uma espécie de patrimônio. Aluno, depois Inspetor de Disciplina, Diretor de Internato e Professor de Matemática e Desenho, afirma que Dr. Swetnan dominava vários idiomas. "Dr. Walter Swetnan", afirma Jairo Portela, "era formado em Línguas Orientais, podendo ler também hieróglifos e caracteres cuneiformes". Além dessa sua exclusiva capacidade, o doutor professor lia originais da Bíblia em Hebraico e Aramaico, falando fluentemente o francês, o espanhol, e conhecendo razoavelmente o latim e o grego. É de se esperar portanto que do Dr. Swetnan logo cedo dominasse a nossa língua portuguesa. Quem lembrava dessa proeza de falar - com o passar dos anos - o português, era o professor Aggeu Vieira, conhecidamente um estudioso da nossa linguística.
A professora Noemi Gueiros Vieira, esposa do professor Aggeu, um, dos mais respeitados nomes da cultura de Garanhuns e que teve a sua formação saída dos bancos do Quinze, é quem nos conta alguma coisa sobre o Dr. Walter Swetnan. Diz ela: "No desempenho das suas tarefas de Diretor (ele era o Diretor e professor), Dr. Swetnan era sempre muito compreensivo com os alunos, demonstrando um acendrado conhecimento de psicologia educacional". Nesse ponto, o comportamento do amigo Diretor era conhecido: não aplicava punições excessivas, mas primava pela disciplina.
Muito ligado aos esportes - quem nos lembra é ainda a professora Noemi Gueiros Vieira - Dr. Swetnan jogava muito tênis, ao lado do Dr. Franklin Thompson (filho do velho diretor Dr. Thompson), do Dr. Neville e do professor Aggeu Vieira. Os quatro formavam as duas duplas de maiores tenistas do Colégio. Dr. Walter Swetnan permaneceu à frente do Colégio por uma década inteira, como diretor e como professor. Após este período retornou aos Estados Undos, para "umas poucas férias" e de lá foi obrigado a ficar por diversos motivos, inclusive de saúde). Muitos dos seus colegas professores e alguns alunos lembram o fato pitoresco de que Dr. Swetnan costumava assobiar permanentemente. Descontraído em seu gabinete, fazendo alguns trabalhos rotineiros assoviava, e às vezes percorrendo o solfejo continuava. "Passar pelos corredores do Colégio ainda hoje, é lembrar na memória auditiva a passagem do Dr. Swetnan pelo Quinze e o que foi a sua figura em nossa Cultura", acrescenta dona Noemi Gueiros Vieira.
As ações do Dr. Walter Swetnan seria seguidas pela administração do professor José Maurício Wanderley também uma grande figura do Colégio Quinze, tendo ali formado e educado toda sua família.
*Marcílio Reinaux / Escritor, desenhista, poeta e historiador / Recife, 24 de Agosto de 1985.
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