segunda-feira, 3 de junho de 2024

Professor Uzzae

Uzzae Canuto

Dr. José Francisco de Souza*

Emérito professor em matéria de temática transcendental, inclinou-se sempre ao domínio do entendimento. Permanecerá em silêncio auscultando o recolhimento de seu mundo interior, antes de constatar o segredo da luz e da sombra. A sua vocação pontilhada de harmonias espirituais, trilhou seguramente pelos caminhos de forma singular. Cultura não é meramente a soma de várias atividades é sobretudo um modo de viver com intensidade.

A nível de oratória, arte de falar ao público, seu comportamento ideológico e a magia de suas palavras sempre versáteis, era inspirado pelo seu estado de Espírito. Não o sabemos se essa finalidade precípua era na realidade os objetivos de  seu mundo intelectual. O óbvio é que sempre foi digno do espaço cultural que conquistou com muito brilhantismo. Tudo é vida, a morte é apenas uma transição, que pode ser tão importante como a vida. Esses contornos de ordem dialética se consubstancia no seu estilo prosaico. Pregando o Evangelho se transfigura como se estivesse no Jardim das Oliveiras.

Aqui, entre nós, na Terra do Magano que se eleva para o alto como a desafiar o infinito, os seus cabelos foram sempre acariciados pelas brancas auras. Livre, natural, e espontâneo, jamais se condicionou aos preceitos determinado pelo seu currículo filosófico. As lendas e narrativas eram ornamentadas como ponto alto da tradição. Os gestos não adiantam nada sobre as proporções em que a ação e passividade se reportam dentro do nosso espaço interior. Em nós o que não é feito por nós é sofrido por nós. Tanto mais de que a morte recebemos passivamente a vida. Ou seja a vida é sempre pretérita não como tempo verbal. E sim como preexistência. Cristo, por exemplo, sempre viveu em mundos superiores antes da encarnação.

As Igrejas asseguram que é o nosso dever de criatura vivermos sempre mais através dos elementos morais de nós mesmos, segundo as aspirações da vida presente. A distância que separa é também caminho que reúne. O homem nunca se separa do outro por causa do vínculo existencial. Daí a lembrança de seus magníficos versos, a nós dedicados e ao querido jornalista Rinaldo Souto Maior. Ou seja Teresina, São Paulo e Garanhuns, cidade das flores. Por uma maravilha complementar, o homem que se entrega ao Maio Divino, sente-se por ele orientado nas suas potências interiores com uma segurança que lhe faz evitar o receio das tentativas místicas.

Nenhuma alma contacta com Deus, sem ter feito, através da vida, um determinado trajeto, o qual num sentido, é distância que não separa, porque é a integração de alma para alma pela harmonia espiritual emanado do Alto. A maravilha essencial do Meio Divino é a facilidade com que reúne em si as qualidades que nos parecem mais contrárias. "Ninguém vive nem morre só para si. Mas, quer pela nossa vida, quer pela nossa morte, pertencemos a CRISTO". Sob a égide protetora desses ensinamentos a sua palavra pontificada de luz iluminou muitos de sua geração, como pregador.

Lendo os seus versos elevamos os nossos olhos para o azul suspenso, ornamento e graça da nossa encantadora Garanhuns, e vimos nuvens nuvens pressurosas buscando um recanto do Infinito alcandorado, como se fossem sopradas pelas brisas dos ventos. E aqui na Terra, os homens sacrificam uns aos outros deformando as belezas naturais da vida que se renova constantemente dentro de seu Universo. (*Advogado, jornalista e historiador | Garanhuns, 11 de maio de 1985).

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