Jesus de Oliveira Campelo | 13/06/2003
O ser humano, de um modo geral, tem a tendência de desistir dos seus empreendimentos ao primeiro sinal de fracasso, por não admitir a coragem, a determinação e a persistência como lema de vida. Quem ainda não ouviu falar da águia real, que habita no hemisfério norte e é considerada como rainha dos céus? Da águia-do-mar, a ave símbolo dos Estados Unidos da América que tem sua morada na América do Norte e na Sibéria, ou na águia-sem-rabo, considerada a menor da espécie, que vive nas regiões da África e na Arábia Saudita? São aves de grande porte, notáveis por seus tamanhos, força, de imponente agudeza de vista e voos poderosos. Essa grande ave não deve ser admirada apenas por seus atributos, mas, pelo exemplo de renovação, firmeza e decisão que dá a humanidade. Por não procurar se renovar, o ser humano sente-se, às vezes, desestimulado ou impotente para enfrentar as lutas do cotidiano e, aos poucos, vai se deixando levar pelo desespero, sem forças para reagir. A sua própria formação mental e biológica dispõe de condições e meios suficientes para torná-lo capaz de conhecer e usufruir todas suas potencialidades, mas, falta-lhe coragem, disposição, persistência e firmeza de atitudes para alcançar seus objetivos. Ao contrário da águia, que para atingir seu ciclo de vida tem que tomar uma difícil e espinhosa decisão, se quiser continuar a desfrutar de todos os privilégios que a natureza lhe oferece.
Ao atingir a idade de 40 anos, as suas unhas crescem de tal maneira que fica sem condições de agarrar as presas que lhe servem de alimento. Seu bico alongado e pontiagudo se torna cada vez mais adunco, dificultando os movimentos; Suas asas ficam cada vez mais pesadas, não lhe permitindo voar de forma precisa e perfeita. Sentindo-se nessa difícil situação, a águia só tem duas alternativas: morrer, por lhe faltar condições de voar e obter os alimentos indispensáveis a sua sobrevivência ou entrar num processo de renovação que vai durar três meses de confinamento e de grande sofrimento.
Como que viver, ela escolhe a segunda opção; e, com determinação e coragem, ela se recolhe a um local, perto de um paredão de pedra, no alto de uma montanha. Nesse novo habitat, começa o seu processo de renovação que consiste em bater o bico contra a parede de pedra até conseguir arrancá-lo. Pacientemente, espera durante algumas semanas para nascer outro. Depois da recomposição total desse órgão, inicia o trabalho de remoção das velhas unhas, arrancando uma a uma, sem pedir auxílio às outras aves. Após esse ato, espera, até lhe que nasçam novas unhas e, com a ajuda do bico, possa arrancar todas as velhas penas que cobrem seu corpo.
Revestida de nova roupagem, a águia sente que renasceu e, com firmeza, parte para enfrentar as novas batalhas que recomeçarão logo após o voo magistral que empreenderá pelo firmamento infinito. Sentindo-se rejuvenescida, recomeça uma nova vida que terá a duração de aproximadamente 30 anos. Para conseguir essa grande vitória, trabalhou sozinha e enfrentou corajosamente a dor, na certeza de que continuaria a viver como antes. O ser humano, todavia, mesmo dispondo de melhores condições, não tem, muitas vezes, o denodo e a determinação para lutar e obter as vitórias de que necessita para ser feliz ou atingir seus objetivos, e aceita passivamente o fracasso. Na maioria das vezes, se esquece de que a vida é o produto do próprio pensamento e que representa um retrato fiel do que se constrói no dia-a-dia. Portanto, realizar sonhos, ser bem sucedido, são conquistas que dependem essencialmente de cada um, e que os voos da vitória só serão conseguidos se houver: garra, disposição, coragem, determinação e, acima de tudo, persistência.
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