segunda-feira, 13 de maio de 2024

A carta

José Francisco de Souza

Dr. José Francisco de Souza*

Nosso mundo se modifica, vive em constante mutação. O cenário altera o panorama visual de acordo com o nosso estado de Espírito. De tantas opiniões diversas sobre o nosso comportamento, não modificam a estrutura da causa em si. A nossa maneira de ser e as nossas atividades podem ter muita importância.

Tudo depende de como se olha.

Há segmentos vários no patamar das obrigações e deveres profissionais, nenhuma delas se objetiva contrariando a nossa vocação. Os ditames de consciência escolhe a pauta imperativa dos postulados do nosso mundo moral. Esse universo nos proporciona certa ilustração no sentido de que vale mais receber do que cometer injustiças. O ser humano é muito sensível às sugestões. Vive sob domínio da receptividade psicológica.

Devemos cuidar, não de parecer, mas de ser integral na ação. Essa complementação totaliza a nossa imagem e semelhança com todos os humanos. A distinção é do julgamento do juízo de cada um. Do tribunal da consciência, onde a justiça é pontilhada de virtudes, de força moral. O nosso conceito sobre o comportamento dos homens que passaram pelo nosso tempo, é algo altamente qualificado porque estamos fazendo história. E história é algo social na esfera da possibilidade como esfera da necessidade, do ontem, do agora e do amanhã. Nesse sentido os fatos se renovam como acontecimentos do eterno presente.

Assim é que, um dos filhos de Manoel Paulo, em seu nome e da ilustrada família Paulo de Miranda, mandou-nos esta carta de princípios, onde a gratidão, é o realce maior do seu estilo:

"Dr. José Francisco de Souza.

Prezado Senhor,

Através da edição de "O Monitor', datado de 15 do corrente, tomei conhecimento da crônica escrita por V. S., traçando com sinceridade que lhe é peculiar, perfil da personalidade marcante de Manoel Paulo, pessoa que viveu, em nossa cidade de Garanhuns, por várias décadas. A respeito do que foi dito, sinto-me perfeitamente à vontade para prestar o meu apoio, considerando que as palavras ditadas por um profundo sentido de justiça, refletiram com clareza uma análise feita a respeito de um homem, que, verdadeiramente, encarou as normas e costumes de uma época, conforme suas próprias palavras.

Evidentemente, meu pai foi autêntico na forma simples e laboriosa de viver, deixando para os seus descendentes, exemplo de segurança, honestidade e retidão de caráter. Foi forte frente a adversidade, companheiro quase inseparável da sua existência, generoso com os mais  fracos e necessitados, e, acima de tudo, abraçou com rigorosa disciplina, as suas  próprias responsabilidades. Com esse comportamento, como não poderia deixar de ser, ele conquistou uma verdadeira legião de amigos, entre as várias gerações que conheceu.

Por fim, como último exemplo, ao sentir que a vida que ele amou, tão intensamente, se extinguia: acolhe com serenidade a morte que se aproximava, demonstrando, mais uma vez, a naturalidade com que sempre encarou os fatos inevitáveis.

Assim sendo, quero em meu próprio nome e no dos meus familiares, agradecer a sua manifestação de apreço, ao fazer de forma pública, referências elogiosas ao meu pai, ocasião em que aproveito para desejar-lhe uma vida longa e venturosa, extensiva aos que lhe são caros.

Atenciosamente

Djalma Paulo de Miranda".

A sua carta muito nos tocou, Djalma Paulo de Miranda, não podemos enxugar as lágrimas que deslizam pelas faces humanas, nem de todos os que choram na Terra, entretanto, podemos atenuar a provação de um amigo, da família de um vizinho, proporcionando-lhe a certeza de que o amor não desapareceu dos caminhos humanos. A sua gratidão é uma espécie de salário moral. (*Advogado, jornalista e historiador | Garanhuns, 12 de abril de 1986).

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