segunda-feira, 17 de junho de 2024

Garanhuns que eu vivi

Elpídio de Noronha Branco

Otávio Augusto | Recife, agosto de 2007

Importa dizer, já aqui, que pelo que tenho escrito, refiro-me a Garanhuns no período em que efetivamente lá morei e que compreende os anos de 1957 a 1963, exatamente o tempo em que estudei os quatro anos no curso ginasial e os três do curso clássico, ficando, assim claro, que não sou filho daquela santa terra e nem assim me considero, pois não tive a honra de lá nascer e não posso considerar-me como tal, visto que como ensina Gabriel Garcia Marques em sua obra "CEM ANOS DE SOLIDÃO" para que eu assim pudesse considerar-me seria necessário que tivesse alguém de minha família ali sepultado e isto não acontece. Posto o acima dito quero falar das grandes figuras políticas que existiam naquela cidade e que foram, ao meu sentir, Dr. Elpídio de Noronha Branco, o Coronel Francisco Simão dos Santos Figueira e o Sr. Aloísio Souto Pinto.

DR. ELPÍDIO BRANCO

Estes cidadãos foram, ao meu entender, exemplos de homens públicos que comparados aos de hoje, notadamente os que militam na política, mereciam serem referências diárias nas salas de aulas como exemplos de dignidade e correção nos desempenho de suas atividades. Quando cheguei para morar em Garanhuns o seu líder maior era o Dr. Elpídio de Noronha Branco, que sendo deputado e ligadíssimo ao governador do Estado General Cordeiros de Farias, tinha todas as condições de representar o governo naquela região, como muita especialidade em Garanhuns, cuja dimensão territorial compreendia além da atual mais os municípios de São João, Brejão, Caetés e Paranatama. É bem de ver, que na região do Agreste Meridional existiam outras lideranças políticas como o Cel. José Abílio, de Bom Conselho e Dr. Audálio Tenório, de Águas Belas, mas sem dúvida alguma o Dr. Elpídio Branco era a maior liderança da região, principalmente de Garanhuns, seu reduto eleitoral que naquele tempo além do município que é hoje, tinha a lhe compor os atuais municípios de São João, Caetés, Brejão e Paranatama.

Pois sim, o deputado Elpídio de Noronha Branco exercendo toda influência e sendo amigo dos governantes do dia jamais se locupletou de bens públicos. A lembrança que eu tenho do Dr. Elpídio é a de um excelente caráter, totalmente vocacionado para servir, ainda que para isso não tivesse muita rigidez nos princípios políticos/partidários, tanto que se atribui a ele uma frase que na verdade é do mineiro Benedito Valadares: ""sapato branco e oposição só é bonito nos outros". Claro que eu nunca entendi isso como sendo de Dr. Elpídio Branco até porque o vi,  inúmeras vezes, vestido todo de branco, inclusive os sapatos. Dr. Elpídio é respeitado ainda hoje, por todos que com ele conviveram como foi o caso do atual vereador do Recife Liberato Costa Junior, que diz que Dr. Elpídio conhecia profundamente contabilidade pública e era um excelente gestor de negócios.

CEL. FRANCISCO FIGUEIRA

O Cel. Francisco Simão dos Santos Figueira, era coronel da guarda nacional. Posto assim, nunca vestiu uma farda, nunca teve comandante nem comandado, nunca deu voz unida e nunca recebeu continência, mas se impunha pela honorabilidade e honradez de princípios que orientaram a sua vida pública e privada. Ele foi prefeito de Garanhuns de 1955/1958 e deixou um marco indelével na consciência de todos que o conheceram, pois se tratava de um homem íntegro e exemplar, a ponto de, mesmo os seus adversários políticos jamais ousarem lhe fazer qualquer insinuação desairosa quanto ao caráter. Importa dizer, que o Cel. era um excelente agricultor e também um grande comerciante de café, mas sem dúvida alguma totalmente vocacionado para a vida pública. Prefeito de Garanhuns foi também deputado. Por aquela região e da forma como Dr. Elpídio era um homem ouvido dentro do PSD, o Cel. Figueira o era dentro da UDN não sendo demais  dizer que eles eram grandes próceres estaduais em seus respectivos partidos.

ALOÍSIO SOUTO PINTO

Depois que o Cel. Figueira deixou a prefeitura nela foi substituído por um ex-vereador daquele município de Garanhuns e que lhe mereceu todo o apoio para eleger-se prefeito: trata-se do Sr. Aloísio Souto Pinto, que como prefeito foi um diligente realizador de obras, sendo a mais marcante, ao meu entender, a profunda transformação que fez na Avenida Santo Antônio, demonstrando inclusive a sua grande visão quando na parte daquela avenida que fica em frente ao Hotel Garanhuns e bem próxima ao templo da Igreja Presbiteriana, fez construir uma praça, com um anfiteatro para possíveis  encenações de peças teatrais..

Dr. Elpídio Branco, o Cel. Figueira e o Sr. Aloísio Souto Pinto morreram deixando poucos bens materiais para os seus herdeiros e isto numa época em que não havia Tribunal de Contas nem a Lei de Responsabilidade Fiscal que de alguma forma servem para inibir os ordenadores de despesas do momento. (Transcrito do Jornal A Gazeta de Bom Conselho).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O político e as raízes de Souto Filho

Gerusa Souto Malheiros* Do poder, meu pai não sentiu jamais o desvario, nem o considerou um bem de raiz. Da sua tolerância, da moderação e d...