segunda-feira, 17 de junho de 2024

Relógio de Flores Ivo Amaral

Francisco Bandeira de Melo, Marco Maciel e Ivo Amaral
Francisco Bandeira de Melo, Marco Maciel e Ivo Amaral

Texto de Francisco Bandeira de Mello*

Em pleno Agreste Pernambucano, Garanhuns não é só seu tempo de montanha, de verdes paisagens (num mundo cada vez mais árido), tempo e névoa, tempo frio e de flores, de inumeráveis mirantes, roupas de lã, seus relógios e queijos (suiçamente); ou seus velhos engenhos e fazendas de café, seu ar puro, água mineral, seu folclore e artesanato, o Magano, o Pau Pombo, o Timbó, seu Centro de Cultura ou, ali perto, Santa Quitéria de Frexeiras, com seus ex-votos e suas romarias. Mais do que tudo isso, Garanhuns nos ensina a transformação paulatina e persistente, desse acervo potencial de atrações, em produto turístico acabado, acondicionado, posto na prateleira do mercado turístico regional.

Já pelo seu admirável parque hoteleiro, ano a ano se equipando e se equiparando, no gênero, aos melhores do país; já pelas magníficas estradas que o ligam (em bonitas paisagens) à BR 232 e BR 101. Além do apoio às rotas de Paulo Afonso e o Sertão Pernambucano, em Garanhuns se pratica o marketing do turismo familiar, do turismo de férias ou fins de semana, dos pequenos congressos e convenções, bem como do turismo social na colônia do SESC.

Relógio de Flores

Relógio de Flores 'Cartão Postal de Garanhuns'

Na verdade, Garanhuns se apresenta como um dos modelos exemplares do que devemos fazer para dinamizar o turismo integracional do Nordeste; o que só poderá ser feito mediante o equipamento das rotas de penetração por onde se escoem e apoiem as grandes levas do turismo de repouso ou do turismo itinerante. Ressalte-se a importância disso tudo, quando se sabe que Pernambuco vem exercitando, através dos séculos, a vocação de Estado prestador de serviços econômicos, culturais e (agora) turísticos; quando se sabe que Pernambuco se situa no coração do Nordeste e que, por isso vimos ganhado para qualquer outro Estado como principal polo receptor dos fluxos turísticos intrarregionais (Repito: Pernambuco é o Estado da Região que atrai o maior percentual de fluxos turísticos que se geram de dentro para dentro do Nordeste e isso é um dado que deve se levar sempre em vista, claro, nos nossos manuais de atuação). Nesse contexto, reitero, Garanhuns é um polo de grande apelo para a  interiorização do turismo regional, pois, a par do seu pioneirismo, se afigura, talvez, como a mais completa e sofisticada estação de férias do interior de todo o Nordeste, mercês dos constantes melhoramentos que se vem acrescentando ao seu parque hoteleiro, um dos orgulhos do turismo pernambucano e boa surpresa, sempre, para todos os que nos visitam; mercê também do apoio que, do mesmo sentido, vem recebendo dos Governos Estadual e Municipal. 

Dominguinhos visita o Relógio de Flores

No Governo Marco Maciel, através, da Secretaria de Turismo, pudemos lançar "Férias & Flores" guias e cartazes turísticos de Garanhuns, guias que escrevi pessoalmente, cartazes quase que também tratados e criados por mim, tanto Garanhuns me toca com a alegria de seus pássaros, com a alegria de suas flores, com a alegria de suas cores e (como se diz) com a hospitalidade de sua gente.

Todos nós somos feitos de grandes ou pequenas frustrações, de grandes ou pequenos sonhos. Um dos sonhos que trouxe dos anos que vivi em Genebra, na Suíça, foi a implantação de um relógio de flores, justamente na cidade de Garanhuns, também chamada "A Suíça Pernambucana". Em Genebra, pude ver como um relógio desses marcava a própria cidade, sendo ponto de parada obrigatório para fotos e slides na rotina sempre feliz de todos os turistas.

Fotos  e slides, esses, que certamente iriam passar de mão em mão (ou de olho em olho) nos registros fraternos ou familiares na volta ritual de todas as viagens. Um marco simples, portanto, mais de forte registro para os habitantes e visitantes de Genebra; mas de grande efeito multiplicador na divulgação daquela cidade Suíça. E era isso que  desejávamos para Garanhuns. Pois bem. Foi um sonho que se realizou no Governo Marco Maciel, graças à compreensão do prefeito Ivo Tinô do Amaral que, em convênio com a Empetur, completou as verbas e pôs a prefeitura à frente da iniciativa. É, creio, um bom exemplo de que, mesmo com pouco dinheiro, mas com boa vontade, se pode fazer alguma coisa significativa. Inaugurado na primeira semana de fevereiro de 1981, esse relógio (nesse tipo, o primeiro do Norte Nordeste) tem a função social de dizer as horas (suiçamente para o povo Garanhuense; fala também das flores de Garanhuns; simpática  cidade do Agreste de Pernambuco que, assim, acerta os seus ponteiros em novo lance de pioneirismo regional. Fonte: Jornal Correio Sete Colinas - Abril de 2002

*O poeta, escritor e jornalista Francisco Austerliano Bandeira de Mello, 75 anos, morreu na madrugada da sexta-feira, 7 de outubro de 2011 no Recife. Bandeirinha, como era conhecido, participou do projeto do Centro de Convenções de Pernambuco (Cecon) e foi Secretário de Turismo, Cultura e Esportes.

Fotos: (1) - Francisco Bandeira de Mello, governador Marco Maciel e o prefeito Ivo Amaral, início da década de 80. (2) - Relógio de Flores.

Relógio de Flores Ivo Amaral

Através da Lei Municipal nº 5.005/2022  o ponto turístico passou a ser denominado "Relógio de Flores Ivo Amaral". Uma justa homenagem ao ex-prefeito Ivo Tinô do Amaral.

Relógio de Flores na década de 1990

A crônica de um relógio que é a cara de Garanhuns

Texto de José Rodrigues da Silva*

Conta-nos a história que o então secretário de Turismo, Cultura e Esportes de Pernambuco, Francisco Bandeira de Melo, em viagem à Suíça, viu em uma cidade daquele país, parecida com a nossa, um Relógio de Flores. Fotografou-o e na volta apresentou ao Prefeito da época, Ivo Amaral, que tratou, imediatamente, de concretizar a ideia e fazer os procedimentos para a implantação do mencionado relógio em nossa cidade.

O Relógio de Flores, em moeda da época, custou CR$ 420.000,00 (quatrocentos e vinte mil cruzeiros). O seu equipamento é de fabricação nacional, da marca Dimer Tagus; na construção da obra tomou parte a equipe da Empetur, com a participação de técnicos da Prefeitura de Garanhuns, a saber: engenheiro João Inocêncio, arquiteto Marcílio Maia, e o secretário de Planejamento, professor Jaime Pinheiro.

Pronto e implantado o relógio, tomaram parte do evento de inauguração, no domingo 25 de janeiro de 1981, com a presença do secretário Francisco Bandeira de Melo e o presidente da Empetur, Ricardo Costa Pinto, todos os secretários municipais, grande parte da população da cidade e autoridades municipais, estaduais e federais que ali se encontravam para ver a beleza da obra.

O Relógio de Flores, obra construída por Ivo Tinô do Amaral, com 25  anos de existência, ainda hoje causa admiração à todos que o visitam. O Relógio de Flores, único no Norte/Nordeste, dá a impressão de que é uma estrela caída do céu em forma de brinco de ouro, colocada por Mão Divina em orelha de Virgem. Quem vier à Garanhuns e não visitar o mencionado medidor de horas e minutos não pode sair dizendo que visitou a nossa Suíça Pernambucana. Ivo Tinô do Amaral foi o prefeito que, até hoje, nenhum outro conseguiu superá-lo.

Em se tratando de cultura, foi o criador do Festival de Inverno, das grandes festas juninas. Construiu praças importantes e reformou outras tantas. Entre elas, destacamos a Praça Tavares Correia, pedestal do Relógio de Flores.

O tempo é implacável, o Sol é escaldante, a chuva é fria, mas nenhum destes fatores da natureza, até hoje, conseguiu apagar o esplendor das obras construídas por Ivo Tinô do Amaral, quando prefeito de Garanhuns.

O relógio do qual estamos falando nasceu no meio das rosas de uma cidade das flores, chamada Garanhuns, e está completando 25  anos de instalação.

*Jornalista, professor  e historiador / Garanhuns, janeiro de 2006.

Foto: Relógio de Flores na década de 1990.

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