Bem conhecidos os versinhos populares que dizem: O cavaleiro só fala em cavalo / E o vaqueiro só fala em boi / A solteira só fala em casar / E o velho só conta o que foi.
Pois é gente! Nos meus quase sessenta e dois anos de vida, já não devo sacar sobre o futuro que, nos tempos de hoje, para mim, muito dinâmico, não podem ser conduzidos em termos de dilatadas projeções. Pede-me o conterrâneo, meu ex-aluno e bom amigo, Lúcio Mario Pereira dos Santos, gerente da Rádio Difusora de Garanhuns umas palavras para O MONITOR. Então, contemos "o que foi".
THOMAZ DA SILVA MAIA
Foi neste mesmo O MONITOR, nos tempos em que o mesmo pertencia à Diocese, sob a direção do Padre Pedro Magno de Godoy que eu, e mais um grupo alentado de seminaristas ensaiamos os primeiros passos na senda do jornalismo. Eu escrevia sob o pseudônimo de AÇALIV, um Vilaça às avessas que me avessou para muitas coisas, dentro da fórmula de que é "o uso do cachimbo que entorta a boca".
Daquela mesmo tempo, idos de 1930 para 1932, também mestre Costa Porto era soldado desta tropa. Ele só, não. Também o Osvaldo Medeiros e já espinho, mostrando a ponta, o Waldemir Maia Leite, filho de "seu" Leite em cujo sítio fazíamos, periodicamente, nossas farras eclesiásticas, chapando-lhes as frutas saborosas do velho Thomaz da Silva Maia. Da mesma fornada era o atual Mons. Tarcísio Falcão.
ORLANDO WANDERLEI
Depois, muitos anos depois, voltei a Garanhuns, desta vez para levar o Colombo Esporte Clube, de Limoeiro, para uma disputa com o "Comércio" de que era diretor o Orlando Wanderlei. Uma vitória e uma derrota no campo dos eucaliptos, em duas tardes memoráveis. E depois daí, nunca mais deixei de, vez por outra, me refocilar no "Tavares Correia", aproveitando o clima revitalizador de Garanhuns. Também para rezar no túmulo de D. Expedito Lopes e no Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Vendo-me, um dia, ajoelhado rezando, o saudoso mestre de Latim, Mons. Anchieta Callou, com seus olhos verdes, o dedo em riste, me exprobou o fanatismo que eu tenho pelo saudoso Bispo a quem mataram as balas inconsequentes de outro colega de batina, o Padre Hosana de Siqueira e Silva que, nos tempos do padroado, foi meu 'prefeito' e quase professor de humanidades.
IVO TINÔ DO AMARAL
Ocupado, como vivo, na condução de uma Cooperativa, que, sendo a mais antiga, é, por outro lado a maior do interior nordestino, para crédito rural, não tenho tido tempo para ir aos pés do Bispo pedir e obter graças, agora ajudadas pela força que deve ter na eternidade, o velho Mons. Anchieta Callou na mesma Catedral sepultado.
Mas assumo, agora, um compromisso: o de ir abraçar, não apenas o Lúcio Mário, companheiro de radiodifusão, como também, depois da vitória, o conterrâneo e parente Ivo Amaral que se tornou candidato da Arena à Prefeitura da terra de Simôa Gomes, para substituir Amílcar da Mota Valença, irmão mais moço do Padre Agobar Valença que foi meu colega do mesmo Seminário Diocesano e tão cedo desta vida levado por uma fatalidade. Não havia, naquele tempo, o milagre da penicilina e o jovem Padre Agobar não resistiu a uma infecção que hoje não teria qualquer significado.
Irei, sim, abraçar o Ivo e regozijar-me com os que elegeram candidato tão capaz e tão digno para dirigir a "Suíça Pernambucana". Só lamento não ser eleitor em Garanhuns para dar, com justo orgulho, meu voto a Ivo Amaral, que eu conheci menino, em Lajedo e que pelo esforço próprio galgou posições invejáveis numa terra famosa pela esmerada educação do seu povo, que já o fez vice-prefeito e, eventualmente no cargo, mostrou de quanto era capaz. Exercendo a função num período regular, todos haveremos de ver de quanto é capaz este jovem. A administração de Amílcar Valença precisa de um continuador para concluir suas obras, muitas delas, apenas, iniciadas, e Ivo, da mesma escola de Amílcar, bem poderá ser o homem certo para o lugar certo, pois não lhe faltam capacidade, mocidade e coragem para um empreendimento que exige muita sabedoria política e administrativa, como é ser prefeito de Garanhuns, a segunda cidade do interior, em desenvolvimento, mas a primeira pela ilustração de seus filhos, formados no Diocesano, no Santa Sofia, no Quinze de Novembro, nos velhos tempos em que curso de humanidade equivalia a uma formatura dos tempos atuais, quando tudo é corrido e feito ao arrepio de paixões e situações díspares.
Vamos eleger o Ivo. Não é que os outros candidatos também não sejam excelentes. Mas Ivo Tinô do Amaral leva sobre seus concorrentes a vantagem de já ter sido prefeito interino e de, na qualidade de Vice, ter assimilado o sistema de governo deste operoso Amílcar, cuja administração modelar serve de escola para outros administradores das comunas vizinhas. (Limoeiro, 2 de outubro de 1976).
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