terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Manoel Paes Torres

Manoel Paes Torres

Dr. José Francisco de Souza*

O universo de cada ser humano tem a sua linguagem específica, em que as regras e métodos de comunicação não dispõem de forças decisórias. Quem pretende entender o outro usando certo sincretismo de linguagem, jamais alcançará a alta esfera do diálogo. Essa forma de comunicação depende de modo acentuado daquilo que se poderia denominar de permanente estado de Espírito. Na lógica nos ocupamos mais de proposições de que de crenças, uma vez que a lógica não está interessada naquilo em que  as pessoas creem - mas apenas nas condições que  determinam a verdade ou não das crenças possíveis. Uma proposição é uma série de palavras (algumas vezes, uma única palavra) que se exprime uma coisa que pode ser afirmada ou não. Nesse sentido, o vulto de hoje se comportava de modo altamente qualificado.

MANOEL PAES TORRES

Membro de família tradicional da nossa terra, Cedo iniciou seus passos pelos caminhos ásperos do trabalho modesto e honrado. Balconista de uma das panificadoras mais movimentadas do nosso comércio. Aos primeiros contatos com a vida sentiu a necessidade de ampliar os seus dotes intelectuais. Buscou o professor  Arthur Maia e matriculou-se na 'Escola RAUL POMPÉIA' e com ele iniciou seus estudos de literatura e língua portuguesa. Foi sempre um bom aluno e amigo do seu e nosso professor. Em pouco tempo já se destacava projetando a sua capacidade de assimilação. Sempre se destacando no currículo de sua aprendizagem. Ingressou no curso noturno de contabilidade, cujo diretor era o professor Ademar Travassos. Completando assim, os conhecimentos e os preparatórios indispensáveis à vitória de seus altos propósitos. Depois da Revolução de 1930, deixou o comércio e foi nomeado Secretário da Prefeitura de Angelim, cujo governador do Município era o Patriarca Coronel Calado Borba.

CALADO BORBA

Naquela época a vitória de uma boa administração dependia de um bom secretário. A sua capacidade revelou-se superior em todos os setores da administração. Como pessoa humana era o maior entre os seus iguais. A política com seus encantos, nunca lhe seduziu. Depois de muito tempo resolveu voltar às suas raízes. E aqui comprou a maior Fazenda de Café dessa região, a tradicional 'Fazenda Brasileiro'. Casou-se com um dos padrões da  honra e da dignidade da família CALADO BORBA. Desse enlace nasceram muitos filhos todos bem qualificados moral e intelectualmente: Professores, agricultores, bancários, professor de Geologia, literatos e jornalistas.

MANOEL PAES TORRES. Sempre altivo e nobre. Sua conduta inatacável. Não gostava de exibição. Mantinha contato com vários setores de nossa vida pública. Homem de alta visão, modesto e sincero consigo mesmo. Economicamente sólido e disso não fazia alarde, seus negócios eram ajustados.  Lia muito os clássicos portugueses e brasileiros. Amigo das letras e da imprensa. Gostava de literatura de cordel e também fazia bons versos. Falava pouco e bom. Usava sempre a sublime faculdade de escutar. Não conhecemos uma pessoa em Garanhuns, de qualquer qualificação social, que não admirasse a conduta moral e intelectual de MANOEL PAES. Em dias da semana transata ele desencarnou.

P.S. 'Todos seremos julgados pelo mesmo tribunal, sem distinção de cor e nobreza, vamos assim assistir a um julgamento verdadeiramente imparcial pois para Jesus, o grande Mestre, os direitos são iguais para toda a humanidade'. Manoel Paes Torres. (*Advogado, jornalista, cronista e historiador | Garanhuns, 23 de abril de 1983).

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