Ação gratulatória

Dr. José Francisco de Souza*

A gratidão é o sentimento mais puro que a pessoa humana pode cultivar. Esse reconhecimento se manifesta espontaneamente dentro de cada um de nós. A esse gratulatório é superior, por natureza, ao plantel do tempo, que não pode apagar a lembrança dos acontecimentos marcantes. Eles marcam pela grandeza de seus méritos dentro do conteúdo de todas as coisas.

A VIDA É UMA CONSTANTE RENOVAÇÃO

Nunca serão folhas mortas conduzidas a esmo pelo sopro do vento norte, ou do vento sul. Porque no leste da vida de cada um há sempre uma brisa e no oeste o sol é poente. É o prenúncio de um novo dia que desponta. De uma nova aurora cheia de deslumbramento. Onde as palavras sempre têm novos significados. A vida é uma constante renovação de todas as coisas.

Nada mais importante para a criatura do que tornar-se um elemento criador de possibilidades, no sentido de se harmonizar no convívio de seus semelhantes.  Isso não é privilégio de ninguém, mas, sempre acontece com aqueles que se destinam pelos caminhos pontilhados de luz. O meigo Nazareno é a luz do mundo.

TUDO QUE É PLENO, BASTA-SE A SI MESMO

O homem condicionado, a certos vínculos da sociedade material, não se sensibiliza com a lustração desses princípios, porque não consegue liberta-se facilmente. O seu entendimento não se propõe alcançar a sua finalidade. Quem  entente as coisas e as pessoas as aceitam como na realidade o são. Sempre respeita o fato de acordo a sua natureza de ser.

É preciso não se desviar para o descontentamento, porque quem atingiu a sua liberdade vive sempre a sorrir com os louros dessa conquista. É um acontecimento inequívoco, único e francamente decisivo. É uma nova maneira de se sentir o poder da força da gratidão, que permanece viva em cada um de nós. Ser grato, não pode ser considerado um desafio de um dever social, porque é sobretudo, uma prova de grandeza moral de  todo homem de bem.

Os que assim vivem deixam sempre que as coisas aconteçam, não é ação inteligente provocá-las. O importante é estarmos apercebidos na ação. Vigilantes para que possamos sentir a plenitude de sua manifestação. Tudo que é pleno, basta-se a si mesmo.

A lembrança de certos casos que não estamos à altura de sua razão de ser, vale pela realidade de um dever. Que não é outra coisa senão mais uma forma de condicionamento social. A sociedade é muito convencional. É enfeitada de normas e condições que até certo ponto restringe a livre manifestação.

O ordenamento social eivado de vícios não pode entender o sentimento de gratidão. A não ser como dependência de um indivíduo pobre. Basta que haja o domínio do império capitalista em que  o pobre sente-se grato por viver sob seu  comando. Aqui se impõe um ponto de apercebimento. Não se depreenda de modo abusivo pensamento complementar em forma de gratidão. É uma atitude frontalmente contrária a qualquer imagem mental. Os conceitos que qualificam essa conduta é uma integração de seus elementos em si mesmo. (*Advogado, jornalista, cronista e historiador | Garanhuns, 25 de outubro de 1986).