segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Pesquisa refaz primazia poética na Literatura Brasileira

A temida e devastadora Inquisição, arma destrutiva da Igreja Católica, responsável por centenas de prisões sumárias e execuções na fogueira, entre os quais os próprios Bento Teixeira e Bartolomeu Fragoso

Manoel Neto Teixeira*

O pesquisador, acadêmico e escritor pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho acaba de desnudar um equívoco histórico na literatura brasileira: ao manusear arquivos na Torre do Tombo em Lisboa, a propósito do seu pronunciamento como novo membro da Academia das Ciências de Lisboa, constatou que, ao contrário de todos os registros históricos, de que Bento Teixeira seria o primeiro poeta brasileiro, esta primazia deve-se ao poeta Bartolomeu Fragoso.

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E  justifica, ao confrontar datas: A Prosopopeia, de Bento Teixeira, foi publicada em 1601, enquanto a obra poética de Bartolomeu Fragoso vem de entre 1579 e 1952. E, creio que terá valido a pena esta releitura do papel que teve, entre nós, por se tratar de algo muito relevante para a literatura brasileira. Mudando um marco, até aqui generalizadamente aceito, de atribuir essa primazia a Bento Teixeira - por conta de poema claramente posterior, no tempo, aos de Bartolomeu Fragoso, esclarece.

Esses outros pontos foram comentados em conferência que o Dr. José Paulo Cavalcanti Filho proferiu, dia 11 do corrente, na Academia Pernambucana de Letras. Ocasião em que distribuiu brochura sobre o tema de sua pesquisa na Torre do Tombo, entre os convidados - acadêmicos, escritores, professores e pesquisadores que lotaram o salão nobre da APL, da qual faz parte.

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Na oração de posse na Academia das Ciências de Lisboa, o escritor José Paulo Cavalcanti disse, entre outros aspectos: "É uma honra enorme fazer parte  desta Academia das Ciências de Lisboa, denominação que passou a ter com a República. Agradeço aos agora confrades e o faço na figura de dois personagens relevantes. Um representando a direção, presidente da Casa e de sua classe de Letras, o Professor Dr. José Luís Cardoso, tão generoso nesta  acolhida; e outro representando seus membros, o ilustre acadêmico Antônio Valdemar, símbolo da cultura portuguesa, inclusive por seu trabalho incansável de aproximar as duas Academias, esta e a Brasileira de Letras, onde tenho a honra de ocupar a Cadeira 39 - que tem como patrono um personagem familiar a Portugal, o historiador Francisco Adolfo de Varnagem, o visconde de Porto Seguro. A todos, e a cada um, muito obrigado".

Discorrendo sobre "O triste Fim de Bartolomeu Fragoso", Dr. José Paulo observou que "Não se trata de uma descoberta pessoal. Primeiro a se manifestar a respeito foi o historiador Victor Eleutério. Cabendo-me agora estudar mais detalhadamente, na Torre do Tombo, o processo da Inquisição que sofreu e pelo qual foi condenado. Com detalhes sobre os caminhos que percorreu e a vida que teve em terras do Brasil; ainda, e especialmente, para tornar públicos os seus poemas, até agora desconhecido, já vertidos em um português que se possa compreender nos dias de hoje".

Na sua obra Literatura no Brasil Colonial, o professor e escritor pernambucano José Brasileiro Vilanova registra que "não será possível admitir que a literatura brasileira, pelo simples fato de ter sido escrita aqui, mas que cresceram nos moldes lusitanos, com mentalidade portuguesa e linguagem da Corte, excetuados casos esporádicos, entre outros, Gregório de Matos e Caldas Borba. De fato, falta-lhes ainda o espírito brasileiro.

Entre a farta documentação manuseada nos arquivos da Torre do Tombo, Dr. José Paulo discorre sobre a instalação e o papel do "Santo Ofício", a temida e devastadora Inquisição, arma destrutiva da Igreja Católica, responsável por centenas de prisões sumárias e execuções na fogueira, entre os quais os próprios Bento Teixeira e Bartolomeu Fragoso. Discorre sobre a vida familiar de ambos, suas viagens para o Brasil, bem como sobre as suas respectivas obras.

Na saudação ao acadêmico José Paulo Cavalcanti, sob o título "Pernambuco Universal", Dr. Antônio Valdemar, jornalista, escritor e também membro da Academia de Ciências de Lisboa, discorre sobre o seu extenso currículo, obras, destacando Fernando Pessoa -  Uma Quase Autobiografia, com sucessivas edições. 

*Manoel Neto Teixeira (foto), historiador e jornalista, autor, dentre outros títulos, da série MULTIVISÃO, composta de dez volumes, é membro da Academia Pernambucana de Letras Jurídica. E-mail: poysneto@yahoo.com.br | Texto transcrito da Revista Cultural O Século |Janeiro de 2024.

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