sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Despedida

A nossa amizade é uma permanência congratulatória porque sempre vivemos unidos e separados pelos destinos e pelos fados como diria o poeta de maio 'Arthur Brasiliense Maia'.

A despedida proporciona algo emocionante. São duas pessoas que se encontram. Uma vem dizer adeus. É a separação da pessoa física que busca a distância no tempo e no espaço. Na mesma passagem a ausência do amigo desperta um quadro sombrio emoldurado pela inefável saudade. Em todo partir há um misto de recordação e lembrança. Só os tardios de sentimentos nunca se apercebem desse sinal psicológico da vida humana na sua plenitude.

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O nosso amigo (Pedrinho) passou muitos anos integrando à comunidade da Terra do Magano, da nossa cidade de Garanhuns, hoje centenária. Suas atividades foram planificadas pela visão panorâmica de seu universo mental. Nos segmentos de sua vida de pequeno comerciante, havia reserva no seu tempo, para a recreação de seu espírito. Sempre pousou o seu olhar penetrante no pálio azul do céu. Amigo das belezas dos nossos arrebóis. Madrugador e jovial, o seu mundo interior pontilhado das mais sublimes inspirações, era atento.

Amante da música. Não só da música. Mas da erudição de harmonias e ritmos. Toca violino. Instrumento de Paganini, símbolo de perfeição desse instrumento. Possuía (ao nosso tempo) uma  boa discoteca. Era um arquivo colossal de discos manuseados com fidalguia de seu refinado gosto artístico. Tudo que vive possui um pouco do sopro Divino e esse sopro é a alma do músico, reflexo universal da alma da música. Ainda hoje não sabe entender uma cidade sem o preparo do universo musical. Dos instrumentos o violino é o príncipe da fidalguia orquestral.

Rua Quinze de Novembro - Garanhuns

É um instrumento vocacionado, sem  essa tendência para tocar o seu espírito, o músico pode ser um tocador de violino, nunca um violinista. Essa maneira de conceituar a arte da execução instrumental é toda sua. É o efeito de seu autodidatismo como acontece com os que vieram para recordar o que já aprenderam em outras oportunidades da vida. Essa nossa temática é um pouco do nosso entendimento de ordem espiritualmente codificada.

No Centro de Cultura Intelectual Severiano Peixoto - sodalício de letras e cultura, que fora o primor das nossas tendências literárias, 'Pedrinho', ligou-se de alma e coração ao seu ordenamento. Organizou  muitas horas de arte. Solo de violino, declamações, e apresentações dialogadas da poética dos nossos modernistas. A sua colaboração foi oportuna, artística e eficaz. Luís Maia e José Francisco ao lado de outros letristas, sentiam-se profundamente emocionados. Assim foi a atuação de Israel Henrique de Carvalho e de sua família no sentido de aprimorar momentos de arte da nossa Garanhuns.

A nossa mente faz e desfaz deuses, pode ser cruel e bondoso. Tem ainda o poder de fazer coisas maravilhosas. É capaz de conservar opiniões, de criar ilusões,  de inventar muitas coisas que se movimentam, capaz de construir monumentos ideais. Conceber máquinas calculadoras, computadores no setor da informática. Ela é muito criadora de possibilidades, onde o homem aventura-se como autossuficiente. A mente só não pode é criar a verdade. O que ela cria não é a verdade é mera opinião, juízo, e por conseguinte revela muita coisa importante na vida do homem, se ele não descobrir o que é verdadeiro.

Para descobrir o verdadeiro, deve a mente estar completamente tranquila. Essa tranquilidade é uma devoção - e não o ir ao templo oferecer flores, empurrando para o lado do caminho, os que pedem esmolas. A nossa mente fica serena e capaz de não descobrir pela primeira vez a amizade sincera. Mas repetir a renovação de sua descoberta, como aconteceu naquela manhã de sábado em que você (Pedrinho) veio se despedir, em nossa residência, em virtude de sua ida definitiva para o Recife. O nosso abraço foi altamente significativo. Duas entidades amigas que representavam longos anos de amizade e respeito mútuos. Maria, (minha esposa) beijou-lhe a fronte prateada pela neve dos anos. Ela também participara de todos os nossos deslumbramentos culturais. Você Israel, na sua vida de provecta, o nosso respeito se equivalem pela quase, mesma faixa etária. A nossa diferença é de poucos anos. A nossa amizade é uma permanência congratulatória porque sempre vivemos unidos e separados pelos destinos e pelos fados como diria o poeta de maio 'Arthur Brasiliense Maia'.

A nossa despedida foi altamente significativa por ter sido à presença de seu  neto, por sinal, um jovem bem simpático e atenciosamente compenetrado. Aqui na rua 15 de Novembro (foto) ficamos nós com os olhos fitos nas madrugadas loiras e nas manhãs brumosas da cidade das Sete Colinas verdejantes. É você Pedrinho ao lado de sua grande esposa que Deus não poderia lhe dar uma companheira melhor, aí no Recife, suas filhas e netos são hoje sua renovação no Eterno Presente. (Texto do Dr. José Francisco de Souza (foto) | Garanhuns, 12 de setembro de 1987).

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