Januário Martins

Nasceu em Tacaratu, Pernambuco, em 10 de julho de 1902. Tacaratu naquele tempo era muitíssimo atrasado, não havendo portanto educandários suficientes para desenvolver a cultura e instrução, enfim, a educação.

Foi em um meio desta natureza, podemos dizer paupérrimo, onde  nasceu e criou-se o Januário a lidar com a agricultura, a enfrentar as maiores peripécias na luta pela vida; mesmo assim conseguiu frequentar uma escola primária onde aprendeu a conhecer as  letras do A-B-C, e, com esse princípio, prosseguiu, não vacilou pois grande era o seu desejo em aprender a ler e escrever, tanto que, nas suas horas vagas aproveitou o mais que pôde a fim de  não ser taxado de analfabeto e se tornar cidadão.

O Sr. Januário Martins em 1980, ano em que entrega sua autobiografia para publicação

Nas suas atividades com a agricultura, conseguiu fazer alguma coisa de um certo modo já considerando-se emancipado.

Aconteceu porém, que, no sentido de dar uma possível ajuda a seu irmão num transe de vida ou morte, onde o destino lhe castigou, pois teve a sua perna direita esfacelada e consequentemente perdida, pelo que teve de se deslocar para Garanhuns a bem da saúde e depois para o povoado São Vicente Férrer (do Município de Garanhuns) onde enfrentou o comércio e a agricultura num período de dezesseis anos, tendo depois por interesse comercial se transferindo para Poço Comprido, uma modesta Vila do Município das Correntes, onde permaneceu trinta e três anos. Quando ali chegou não teve dificuldades em granjear simpatia de toda aquela comunidade, de modo que, apesar de ser um autodidata, semianalfabeto, em se tratando do meio que era muito atrasado, obteve uma certa liderança: presidiu mesas examinadoras nas escolas, foi comissário de polícia quatro vezes, presidiu mesa eleitoral em doze eleições, e ocupou o lugar de subprefeito em dois mandatos governamentais. (Texto de Cristovam Martins | Orelha do livro Memórias Irrefutáveis (autobiografia) de Januário Martins | Ano 1980).