Maurilo Campos Matos
Garanhuns moleque,
Moleque feliz,
De calção verde e boina azul
Com flocos de nuvem.
Nas noites frias
Poreja estrelas.
Nas noites quentes
Goteja orvalho.
Gosto de ver teus braços
De rua com mangas de pedra,
Estendidos nos montes
Que ondulam as serras.
Moleque elegante
De roupa granfina:
Blusão de mosaico,
Botões de mercúrio,
Tem voz de "boate",
Olhar de piscina.
Moleque de rua
Da Rua da Foice,
De mangas arregaçadas.
Metido nas calças cáqui
Dos barrancos
Com duas listras
De ferro,
Por onde passa
Soprando, afobado,
Latindo, cansado,
Focinho no chão,
Cachorro danado,
Com o faro na pista
Da velha estação.
Moleque de recado
Pregoeiro sem rival
Que fala com a boca de quem toma
Água Mineral.
Moleque boêmio
Que bebe, e não cai,
Canadas de chuva
E não gasta um tostão.
Moleque menino
Que vive urinando
Nas fraldas dos montes
De inverno a verão.
Moleque traquina,
De noite anda à toa,
Bebendo neblina,
Fumando garoa.
Garanhuns | 11 de Agosto de 1963.
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