terça-feira, 1 de agosto de 2023

Um jogo inesquecível

Um jogo inesquecível

Clovis de Barros Filho*

São Paulo (SP) - Como diz o provérbio, a primeira vez ninguém jamais esquece. E não esquece mesmo. Foi assim que aconteceu comigo na estreia como aspirante do Sete de Setembro num inesquecível jogo contra o Cruzeiro de Laércio no campo da AGA. E olha que não foi fácil jogar pelo "mata rato" apelido do alviverde naquela época. Eu cheguei ao Sete pelas portas do fundo. Todos os treinos eram realizados no campo do Colégio XV de Novembro. Não perdia um. Ficava lá vendo os titulares e os aspirantes trocando de roupa e com uma enorme vontade de estar no meio deles. De tanto persistir indo a todos os treinos, ajudando inclusive a descarregar o material que vinha numa kombi, comecei a ficar conhecido do pessoal. E foi exatamente numa situação dessas, pois tinha faltado um jogador que fui convidado a completar o time de aspirantes. Nem precisa falar da minha alegria quando seu Manoel o velho e ranzinza roupeiro foi autorizado pelo treinador que era se não me engano Doutor Haroldo um engenheiro agrônomo da ANCAR, a me dar o material de treino. Seu Manoel caprichou. Me deu dois meiões rasgados, um par de chuteiras toda cheia de pregos e um calção todo remendado. Mais nem aquilo tirou a minha emoção e alegria. A partir daquele dia passei a ser conhecido e vez por outra entrava para substituir algum jogador que faltara ao treino. Um dia num apronto, para um jogo contra a AGA no campo do XV lotado, para assistir ao treino  foi ai que  tive a oportunidade ouro. Joguei muito naquele treino e quem estava lá nas arquibancadas assistindo era o presidente do Sete de Setembro o Sr. Rubens. Assim que o treino acabou  ia me dirigindo para o local onde trocávamos os uniformes, quando de repente alguém me chama pelo nome. Era o Sr. Rubens. Ele foi direto e me perguntou se eu já tinha assinado com o clube. Eu disse que não que era um tapa buraco. Ele falou que se eu quisesse poderia passar lá na sede na Rua do Recife e assinar a ficha de filiação do clube na Liga. Fiquei muito contente foi uma noitada de festa com meus amigos lá na Boa Vista comemorando a minha efetivação como atleta setembrino. A partir dali seu Manoel roupeiro passou a me dar material de primeira.

Voltando ao jogo contra o Cruzeiro que foi a minha estreia. O calor era insuportável no verão. Os jogos do aspirante começavam por volta das 13 horas. A bola do jogo era sempre as mais velhas e completamente ovaladas mais nem isso tirava nossa vontade de fazermos bons jogos. Partimos para cima do Cruzeiro nosso time era muito bom. Num dos lances recebi um passe fora da área a bola veio redondinha pedindo para ser chutada. Apesar de um pouco longe arrisquei um chute de direita com o lado de fora do pé. A bola fez um curva incrível e mesmo antes de chegar ao gol eu já comemorava. E não deu outra o goleiro se esticou todo porém não conseguiu pegar. Meu irmão que assistia ao jogo em cima de uma casa fora do campo quase cai do telhado de tanto pulo que deu. Sete 1 x 0 no final fizemos mais 4 ou 5 gols. Acabado o jogo alguém que era diretor do Sete se aproximou e me deu C$ 10,00. Gastei a fortuna com bolinho de queijo e um belo maltado na padaria Íris.

*Clovis de Barros filho nasceu na Serra da Prata (Iatecá). Estudou no Colégio Diocesano de Garanhuns do Admissão ao Científico onde concluiu em 1968. Reside em São Paulo desde 1970. É Licenciado e Bacharel em Química Industrial pela Universidade de Guarulhos e Químico Industrial Superior pelas faculdades Osvaldo Cruz - SP.

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