sábado, 26 de agosto de 2023

Tempo de cada um


João Marques* | Garanhuns

Ao longo de minha vida, tenho tido tempos diferentes. Diferenças de verdadeiras estações. Lembro de todos. E me vejo no topo, com as experiências acumuladas. Agora, não passaria como passei os meus 20 anos. Os 30 seriam mais brilhosos...

Vejo, contudo, que, isoladamente, não vivemos iguais os mesmos tempos. O que recordo dos meus 20 anos não é a mesma recordação de outra pessoa. A minha estação pode ter sido verão, e a dele inverno. Assim, não vivemos, iguais, o mesmo tempo do calendário. Cada um tem o seu tempo, porque as nossas estações são desencontradas. Quando eu queria sol, o outro quis chuva. E entre as duas formas de tempo há muitas passagens. Mais ou menos chuva, mais ou menos verão. Todos quisemos a primavera, mas não soubemos cultivar flores, mas muitas vezes espinhos. A vida é assim, não nos importa muito acertar. E cada um carrega um drama dentro de si. As estações da alma são mais que 4, e não correspondem sempre às estações do ano. O pouco que se conseguir viver a realidade, é de bom tempo, e serão maiores e melhores as lembranças no futuro.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

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