Dr. José Francisco de Souza* | Garanhuns, 29/03/1980
A entidade básica do processo social é o indivíduo com seus desejos e receios. Suas paixões para o bem ou para o mal. Para se perceber essa dinâmica, impõe-se o conhecimento da capacidade de cada homem. É algo sintomático o receio que cada um tem de ser ele mesmo. De enfrentar-se com todos os seus problemas. Esse desespero, medo interior, muitas vezes, deforma a vontade. Esta vontade se projeta pela força de uma compulsão interior. Desejo de ser livre em todos os seus movimentos. Em psicologia ficar sozinho, é sentir o crescimento do seu próprio Eu. Por incrível que pareça, muitos indivíduos vivem bloqueados pelo terror do desvão de sua maneira de viver. A triagem moral não lhes agrada. As emoções são impulsos. A sua detecção nem sempre torna perceptível o fenômeno. Há muitas opções diferentes.
O medo a liberdade, ensejou uma análise vertical do grande psicanalista ERICH FROMM. O seu ponto de vista, de ordem científica defendido neste livro difere profundamente do ponto de vista de Freud. Não critica o procedimento cultural do mestre de VIENA. Apenas, observou a sua temática pelo prisma da sociedade atual. O contexto sócio econômico do mundo hodierno, deu nova dimensão a certos conceitos. A sociedade de consumo é tiranicamente poderosa. O império do capital pertence aos grupos multinacionais. Consolidou-se assim a escravidão humana.
Apenas um palpite feliz. Os arquétipos são para Jung "complexos" da humidade, produzidos por traumas coletivos. Assim como traumas infantis produzem os chamados complexos psicanalíticos, as condições coletivas pelas quais passou a humanidade, em suas fases de desenvolvimento primitivo, teriam produzido as arquétipos. Como se vê as analogias do organismo Spenceriano tantas vezes combatido pelos seus antagonistas. Na época atual novas aplicações lhe foram dadas. Discordamos da teoria do inconsciente coletivo como causa e origem de arquétipos coletivos. Estes super-humanos no campo das indagações científicas. Da cultura humanística são Espíritos de esfera superiores que se propõem conduzir o progresso da humanidade. Este é ponto pacífico para nós.
ERICH FROMM, psicanalista da corrente moderna discordava do criador da psicanalise: FREUD. O mestre Fromm falecido a pouco acreditava no homem superior como arquétipo da sociedade: "cremos que o homem é primordialmente um ser social, e não como Freud admite, primordialmente autossuficiente e só seguramente necessitando de outros para satisfazer suas necessidades instintivas." Nesse sentido a psicologia dos encontros é imperativa. A disparidade entre a orientação biológica de Freud e a orientação de Fromm; é questão de realce do homem como elemento integrante da sociedade.
E não como materialista em gênero e número impondo-se ao fenômeno social. O homem não foi feito para ser esmagado pela sociedade. Entre o indivíduo e a sociedade deve haver coexistência pacífica. Como discípulo em muitos pontos discordam um do seu mestre. O fundamento da psicanálise de SIGMUNA a FREUD era a teoria da libido como força instintiva da vida sexual. Tudo depende dessa energia reprodutora da espécie humana. Esta, para Freud, era a razão única, instrumento, ou arma de que dispomos para darmos sentido à vida. Para prescindirmos das ilusões religiosas e outros tabus que escravizam o homem. Ao longo dos inúmeros livros, Fromm defende e apresenta a tese de que a liberdade tem duplo significado para o homem hodierno: a de que ele se emancipou das autoridades tradicionais e tornou-se um "indivíduo", mas que ao mesmo tempo ficou isolado. Acha que a vida não careça de nenhuma justificativa dada pelo sucesso ou qualquer outra coisa, em que o indivíduo não seja subordinado nem manipulado por qualquer força alheia a ele; quer seja o Estado ou máquina econômica. Foi um arquétipo no sentido do homem e seus ideias não sejam a interiorização de exigências externas, mas sejam realmente dele. É o mesmo conceito espiritual do homem. Como se contraria e se contesta princípios que alimentam a alma. Como esse espírito iluminado foi alvo de ferrenhas e bárbaras perseguições no nazismo. Nunca se abusou tanto das palavras para esconder a verdade. "Creio que todo homem representa a humanidade". "Somos diferentes quanto à inteligência, saúde, talento".
ERICH FROMM nasceu em Frankfurt, Alemanha, estudou psicologia, sociologia e filosofia nas Universidades de Frankfurt, Munich e Heidelberg; nesta última Universidade fez doutorado em filosofia, antes de ingressar para o famoso Instituto Psicanalítico de Berlim, onde se demorou vários anos. Após a tomada do poder pelos nazistas na Alemanha, emigrou para os Estados Unidos, onde radicou-se, tendo adotado a nacionalidade norte-americana. Com a idade de quase 80 anos desencarnou fechando os olhos para esta vida material. O seu desenlace aconteceu na sua Pátria de adoção, Estados Unidos. ERICH FROMM um dos reformadores da psicanálise, um dos gênios da humanidade. Além de outros livros que enriquecem o patrimônio cultural da humanidade escreveu: "Psicanálise da Sociedade Contemporâneo", "Análise do Homem", "O medo à liberdade", "Conceito Marxista do Homem" e "Meu Encontro com Max e Freud".
ERICH FROMM foi um dos mais profundos estudiosos dos arcanos da alma humana e da sociedade moderna.
*Advogado, jornalista, cronista e historiador.
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