terça-feira, 22 de agosto de 2023

Saudade do passado


Paulo Dácio de Melo (O Poeta da Natureza)

Que saudade eu tenho!

De um carro de boi cantando,

Quando o carreiro passando,

Com a sua cantoria,

E a boiada puxando,

Levando a mercadoria,

E espalhando no Brasil,

Até que um dia surgiu,

Um carro motorizado,

Na cidade eu venho, no barro andando,

Que saudade eu tenho de um carro de boi cantando.


Quando eu era menino,

Eu aprendi ser carreiro,

Carreava o dia inteiro,

Chegava à tarde cansado,

Com o carro carregado,

Encostado no terreiro,

Tirava a chaveia e canga o tanoeiro

E o tempo foi passando,

Que saudade eu tenho de um carro de boi cantando.


A vida de um carreiro,

É sofrida mas saudosa,

Não é como motorista,

Que é muito perigosa

Um carro de boi virando,

Só quebra alguns fueiros,

O motorista virando,

Perde dinheiro, e humano

Na cidade tiro sarro e vou passando

Que saudade eu tenho de um carro de boi cantando.


Este país foi criado

A custa do peão,

De tropeiros e de carreiros,

Foi assim que foi criado,

Não foi com engravatado,

Corrupto e trapaceiro,

Que roubou nosso dinheiro,

E mandou pro estrangeiro,

E levaram para cidade,

E ficou o barro secando.

Que saudade eu tenho de um carro de boi cantando.

Garanhuns, ano 2017.

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