Sátiro Ivo da Silva

Grandes Vultos de Garanhuns - As transformações provocadas pelo surto industrial em certas áreas criaram novas modalidades de vida. Pequenos grupos surgiram pela aceitação dessa mentalidade progressista. O despontar dessa civilização demonstrava que o processo de industrialização não se opera apenas com matéria prima. É imprescindível capital financeiro, tradição técnica e pessoal qualificado. Requisitos de que evidentemente, nem dispomos. A realidade nunca é estática: é constituída por tensões e movimentos contínuos. É um sistema de forças operantes que atuam em todos os momentos. A própria estrutura não é separável e nem de natureza diferente. Consiste na forma dessa atuação dinâmica.

Entre a sociedade e o indivíduo se interpõe realidade intermédia; para as quais os indivíduos convergem e se integram na sociedade total. Um dos aspectos característicos do nosso progresso comum, é o comércio. É o encadeamento de negócios de alto porte econômico. São os empórios se desenvolvendo através de importação e exportação de mercadorias. É o centro de convergentes das  operações lucrativas a oferta e procura. Naquele tempo a nossa Garanhuns estava fora da faixa de "Cidade de Porte Médio". Contudo, a cultura do café sempre foi entre nós, a mais promissora fonte de riqueza. O comércio por estas e outras circunstâncias era "A Estrela Polar" indicando o rumo seguro e próspero dos filhos do Planalto.

A cidade das "Sete Colinas" já havia conquistado posição ímpar entre suas congêneres. O seu clima específico era decantado em  prosa e versos. Centro de  sanidade natural no meio da doença. Futuro franco e cheio de esperança. Estabelecimento comercial de alto nível financeiro - destacava-se em toda a "Região do Nordeste Meridional". Sátiro Ivo da Silva (Foto) - o seu universo não era a cultura intelectual. A sua  inteligência revelou-se criadora de possibilidades, no setor comercial. Homem de  mentalidade arrojada, dirigia os negócios da Firma com muita habilidade. A bandeira do progresso tremulava no alto do Magano sempre sedutor e virente. Como poderosa força econômica, a sua atuação era um entrecruzamento de círculos sociais. Motivo pelo qual era muito solicitado pelos colegas que participavam da política local. Não temos conhecimento de sua presença em movimento de natureza política.

Sentia  que o poder público não era suficientemente enérgico para consolidar a sua  posição, em defesa do bem coletivo. Sua elevada posição em defesa do bem coletivo representava para ele o respeito as mais amplas liberdades individuais. Os grupos políticos pensavam de acordo com as restrições emanadas das classes dominantes.

Entre o seu invejável patrimônio econômico e o poder político ele preferia administrar o primeiro. Mesmo - porque a rigor não havia ainda um partido com força de opinião. Casou-se com dona Clotilde, senhora de fina educação e de tradicional família do município de  "Águas Belas". Elegante, sóbrio, afável, levemente imperioso na voz e no gesto, como convém a um filho da Terra de Simôa Gomes. Habituado ao alto convívio social, o seu espírito assimilou com profundidade que o conceito de autoridade provém da lei e do  concurso social. É uma delegação da sociedade como ordenamento jurídico. Certas repressões fora dos limites da lei, demonstra despreparo dos que são convocados para defender e garantir os direitos humanos.

Talvez por essa imperativa circunstância, foi arrebatado juntamente com seus amigos, e barbaramente posto sem vida, na Hecatombe de 15 de janeiro de 1917. Deixou filhos todos moralmente bem situados na vida. Destacando-se entre eles o Dr. Ivo Júnior, grande causídico e jurista de renome.

Sátiro Ivo da Silva - é um dos vultos de nossa cidade, cuja memória deve ser perpetuada como exemplo de honra e dignidade.

*Dr. José Francisco de Souza / Advogado, jornalista e historiador / Garanhuns,  3 de dezembro de 1977. 

Créditos da foto: Leonardo Guimarães Ivo