quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Primeira Poesia


Natanael de Vasconcelos | Brejão, 1968

Quanta saudade hoje sinto

Da minha infância querida,

De quando os clarins da vida

Tocavam o meu despertar,

Levantava em disparada,

Saía à toda carreira

Direto p'ra cachoeira

Onde eu ia me banhar.


Era cedo o sol nascia, 

Meu peito todo sentia

Que a natureza sorria 

Alegre ao amanhecer

E entre as árvores correndo,

Cantando um hino contente,

Passo firme, sempre em frente

Mil travessuras fazer.


Sempre havia a primeira,

Subia pela ladeira,

Trepava na goiabeira,

Brincava nos coqueirais,

Me juntava a meninada

Cantando pela estrada,

Espantando a passarela

Pousada nos mangueirais.


Papai em casa chegava.

No céu o sol já pendia,

Passava do meio dia

Ah! Esquecer?! Jamais!

Mas, o filhinho, onde estava?

Dormia sonos ligeiros

Nas sombras dos cajueiros,

Debaixo dos cafezais.


Lá da porta da casinha

Pobre, tão pequenininha,

Eu via o sol desmaiar,

Caia por traz do monte

Morria no horizonte

Pr'a nunca mais despertar.


Mas, uma estrela brilhava

Quando a noite anunciava

O seu grito de chegada.

Como é belo o que acontece!

A natureza adormece

Sob a lua prateada.


De depois que o sol morria

No horizonte avermelhado

Mais parecia molhado

Do ouro do anoitecer,

Terminava mais um dia 

Mamãe já me ordenava

Igual um clarim cantava

Um toque de recolher.


Esperando um novo dia,

Rezava a Ave Maria,

Fechava os olhos e sentia

No seu colo reclinar,

Cansado e adormecido

No meu mundo tão imenso

Novo toque de silencio

Ouvia mamãe cantar.

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