Natanael de Vasconcelos | Brejão, 1968
Quanta saudade hoje sinto
Da minha infância querida,
De quando os clarins da vida
Tocavam o meu despertar,
Levantava em disparada,
Saía à toda carreira
Direto p'ra cachoeira
Onde eu ia me banhar.
Era cedo o sol nascia,
Meu peito todo sentia
Que a natureza sorria
Alegre ao amanhecer
E entre as árvores correndo,
Cantando um hino contente,
Passo firme, sempre em frente
Mil travessuras fazer.
Sempre havia a primeira,
Subia pela ladeira,
Trepava na goiabeira,
Brincava nos coqueirais,
Me juntava a meninada
Cantando pela estrada,
Espantando a passarela
Pousada nos mangueirais.
Papai em casa chegava.
No céu o sol já pendia,
Passava do meio dia
Ah! Esquecer?! Jamais!
Mas, o filhinho, onde estava?
Dormia sonos ligeiros
Nas sombras dos cajueiros,
Debaixo dos cafezais.
Lá da porta da casinha
Pobre, tão pequenininha,
Eu via o sol desmaiar,
Caia por traz do monte
Morria no horizonte
Pr'a nunca mais despertar.
Mas, uma estrela brilhava
Quando a noite anunciava
O seu grito de chegada.
Como é belo o que acontece!
A natureza adormece
Sob a lua prateada.
De depois que o sol morria
No horizonte avermelhado
Mais parecia molhado
Do ouro do anoitecer,
Terminava mais um dia
Mamãe já me ordenava
Igual um clarim cantava
Um toque de recolher.
Esperando um novo dia,
Rezava a Ave Maria,
Fechava os olhos e sentia
No seu colo reclinar,
Cansado e adormecido
No meu mundo tão imenso
Novo toque de silencio
Ouvia mamãe cantar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário