Papagaio falador

Causos do Augustinho - Meu amigo José Leite, gostava de caçar. Certo dia preparou-se para uma caçada e viajou com os companheiros para a localidade do  Amaro, no município da Pedra. Chegaram pela manhã e foram logo entrando na caatinga, nosso amigo José Leite  seguiu pela beira dum riacho e embrenhou-se no mato, depois de uma hora de caminhada não viu nem uma rolinha; já estava desanimado, quando ouve um  barulho vindo de traz duma moita, ao  se aproximar ouve uma voz fina dizer. Ai João vai devagar que tá doendo, ai, ai, por favor devagar, o Zé se  aproxima para ver de que se tratava e  nota que não era o que ele tinha  pensado, pois se tratava de um  papagaio que estava deitado de costas, com um enorme espinho na  planta do pé e um João de barro tentando tirar o espinho, quando pegava e puxava o espinho o papagaio gritava ai, João tá doente. Zé aparece e o papagaio e João de barro voam, ai em direção a uma Serra pra onde o papagaio voou; depois de  andar muito achou em uma imburana, o ninho; sobe na árvore espanta o casal de aves e olha dentro do oco do pau e  ver 3 ovinhos, bota a mão e tenta tirá-los e consegue; pega e puxa, quando José está perto, caem 2 ovos e fica só um, ele bota no bolso do bisaco, bota bucha de corda para aquecer o ovo, desce da árvore, pega a espingarda e   volta por outra trilha, quando vê uma  juruti sentar num galho, o Zé faz pontaria e atira, aí ouve uma voz dizer: matasse Zé? Olha pra todos os lados e não vê ninguém, quando olha novamente, vê o bruguelinho subindo na correia do bisaco e dizendo, matasse Zé. Tratava-se do ovo que no calor do bisaco tinha tirado um filhote e já estava falando. Foi, o Zé que me  contou.

*Rocir Santiago | Jornalista, radialista e poeta / Garanhuns, julho de 2012 / Jornal O Monitor.

*Augusto Teixeira Filho (foto), popularmente conhecido como "Augustinho", tinha um bar e restaurante na rua Ari Barroso, lado esquerdo do antigo Fórum de Garanhuns. Augustinho faleceu em julho de 2012, deixando sua poesia, os seus causos e o abraço amigo.