Não é fácil dizer algo sobre o que Ronildo escreve: ele diz tudo e nos deixa sem palavras. Por outro lado, é muito, muito fácil. Ele nos dá as deixas.
Sua prosa é poesia.
Falando de Garanhuns, Ronildo Maia Leite se faz sonhoso, enamorado, fascinado. A criança que carrega na alma se foi transformando em homem sem perder sua natureza de infância.
Ele não se deixou esclerosar ao longo das trilhas que enveredou. Lutou e luta. Não se deixa vencer. E eis que brotam do seu coração, fontes puras - as águas de Garanhuns - que nos dizem canções de ninar e de gesta. Flores de todas as cores e formas e perfumes e brados de protesto e de revolta. Sonhos de justiça. Utopia? Eu diria realidade viva, pois ele não se aliena em apenas terras de sonhos e flores.
A ternura que brota do coração de Ronildo Maia Leite por Garanhuns tem raízes centenárias, profundas, de sangue e vida as quais, subterrâneas que são, foram se alastrando até o Recife. Mas, mesmo lá, ele bebe as águas de Garanhuns, sua terra, seu grande amor telúrico - que de tão grande dá até para dividir fraternalmente com Recife - sua visão de amor e fé.
Ele toma nas mãos todas as flores - de todas as cores, formas, tamanhos e perfumes - e vai diante do São José do Colégio Diocesano (com monsenhor Adelmar ao lado) oferecê-las. Depois, outra braçada de avencas e folhagens, lá se vai ele ao Magano para, diante do "mais emocionante pôr-do-sol da face da terra", depor aos pês do Cristo, que "faz que não vê ( a maldade dos homens), perdoar que sabe."
Tece de amor e beleza a história de Garanhuns, porque de amor e beleza é feito o coração desse garanhuenses que se radica e arraiga a tudo que é Garanhuns, ignorando tempo e espaço.
De amor, beleza e, como ele mesmo o diz: "de fel e de mel".
Garanhuns, julho de 1991.
*Professora e escritora.
*Ilustrações de Sérgio Lemos - Tiragem limitada 500 exemplares, numerados e assinados pelo autor e pelo editor.
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