Paulo Azevedo*
Fui um menino pobre que estudou entre os ricos. Sai da pequena e longínqua Água Preta, numa "sopa" até Palmares e pegando o "trem pinga-pinga" com destino a Garanhuns. Já era noite quando lá cheguei. Fui recebido pela figura marcante do padre Adelmar da Mota Valença. Tipo cara dura, fala pausada e firmeza nas palavras. Era eu um menino de apenas 10 anos. Assisti o diálogo travado com o meu pai. Seu filho não ficará sem estudos, dizia o imutável padre Adelmar.
Fazia um frio tremendo, mas o calor humano com que fui recebido no "Ginásio amigo, querido lar" deu-me a certeza de que iria forjar mais ainda o meu caráter nos bons princípios que o Grande e inolvidável Mestre Adelmar tem transmitido a tantas gerações que por lá passam. Fiz o meu ginásio bem firme e sólido, aprendendo o bom Português do professor Epaminondas e a absoluta Matemática de dona Almira. Que saudade! Era 1964 quando estava no último ano ginasial. A revolução de 1964 nos deixou surpreso. Pouca coisa sabíamos. Lembro-me perfeitamente das palavras do velho mestre a nos acalmar.
Era um homem exigente, sério, mas de um coração tão grande que jamais se furtou a receber um aluno sem condições de pagar o justo pela excelente educação que é transmitida pelo Diocesano. Devo a essa figura de homem e de Santo a minha formação moral e intelectual, durante o meu curso ginasial, que foi sem dúvida um alicerce, onde pude conviver de perto com Carlos Wilson Campos, Joaquim Guerra e tantos outros que não esquecem do grande homem que é o nosso Padre Adelmar. Nesta hora, o agradecimento do menino que foi acolhido no grande Ginásio. (28 de Outubro de 1979).
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