MADRE MARIA PIA
Quase não tenho recordações dos primeiros anos, quando por lá cheguei, pois iniciei no jardim da infância (muito criança ainda), fiz o pré-escolar para poder cursar o primário (atual 1º Grau Menor). Minhas recordações começam a partir da 1ª série primária, onde, já então amadurecida, o próprio desenvolvimento biológico facilitou a fixação em minha memória de tais lembranças. E, por ser uma criança bastante movimentada (para as irmãs, barulhenta), logo comecei a me destacar e tornei-me conhecida das freiras e coordenadoras.
A superiora daquela época era Madre Maria Pia; e minha mestra de classe a Madre Camila, que logo foi por nós apelidada de "Doce de Coco", por ser tão delicada e só nos tratar por "queridinhas". Aquele amor que nos era dedicado pela nossa mestra da então 3ª série, repercute até hoje em mim; é com a mesma dedicação e o mesmo amor que eu procuro retribui-lo às crianças, e, em especial aos meus alunos.
Minhas primeiras amizades, cultivadas até hoje, foram Ana Maria Lima e Fernanda Branco, que não poderia esquecê-las pois fizeram parte de um momento muito importante em minha vida; além de outras que agora me fogem à memória. Ao chegarmos ao Admissão (era um que existia entre o curso primário e o ginasial), novas colegas vieram se juntar a nós, entre elas: Maria Emília Miranda, Ana Maria Lima, Marilene Quirino, Edilene Santana Capitó, Helena Teixeira, Gessy Maia, Emery, Yolanda, Tereza Ramos, Creusa Barros, Ângela Branco, Eliane Martorelli, Léa Pereira, Selma Marques, Elma Noronha Galvão, Zélia Herculano, Dione, Luíza Mota, Sílvia Calado, Mariel, Maria José Pereira, Maria Luíza Galindo, Maria das Graças Menezes Lyra, Lídia Tinô (era a miss da turma), Marise Bernadete Quirino, Niedja, Gilvanete, Solange Góes e Gilda Notaro.
A CAMPAINHA
As nossas mestras eram inúmeras, mas tem algumas que, por terem sido, talvez, mais significativas na minha vida eu não as esquecerei: Madre Beatriz, Madre Priscila, Madre Perpétua, Madre Rosália, Madre Eulália (o terror da matemática), Madre Joana, Madre Joaquina, Madre Denise (nossa professora de música e canto) e Madre Maria José.
A disciplina era muito rígida: a campainha tocava às 7:10h, o portão era fechado e, a partir daí, não entrava mais ninguém, mesmo acompanhado pelos pais. Havia uma sala grande, chamada "Sala de Estudo", onde ficávamos em fila, por tamanho e por turma, tomávamos nossos lugares e não havia empurra-empurra. Entrava então a mestra geral e passava a observar o fardamento de todas as alunas, uma por uma, que devia ser completo e engomado. Existia um fardamento da diária e um de gala (traje para atos solenes) para ocasiões especiais como aniversário do colégio, visitas de autoridades, visita da madre Provincial e comemorações cívicas como o desfile do dia 7 de setembro. Diariamente devíamos vestir blusa de popeline branca, saia pregueada de cassimiro azul-marinho, laço de gurgurão de seda também azul, sapatos pretos e meia branca. E, nas ocasiões especiais, uma saia também de pregas em cassimiro inglês especial (tinha um pouco de brilho de seda) na cor azul-marinho, blusa de lingerie branca, laço de gurgurão no mesmo tom de cor da saia, sapatos de verniz preto, meias brancas, boina branca e luvas brancas. O comprimento da saia era rigorosamente medido e devia ser 4 dedos abaixo do joelho, Quando a mestra geral entrava na sala, todas as alunas deviam se curvar em sinal de respeito e em seguida cantávamos o Hino Nacional e depois o do colégio. Íamos para as salas, em silêncio, em fila, com as mãos para trás, e nos corredores, as irmãs conhecidas como "Mr Soeur", fiscalizavam a disciplina e impunham a ordem. Às 7:30h pontualmente, as aulas eram iniciadas e quase não tínhamos aulas vagas, pois neste sentido, a rigorosidade, assiduidade e pontualidade nas aulas era um exigência das irmãs, coisa que aprovo. É, em se tratando de ordem e disciplina, o comportamento das aulas permanecia com o mesmo rigor durante os desfiles onde só era permitido olhar para a companheira da frente a fim de não errar o passo. Mas, o nosso sacrifício era recompensado pois o colégio era muito elogiado durante os desfiles e a nossa Banda Marcial se destacava entre as demais.
A hora da saída também era fiscalizada e as externas não podiam conversar com nenhum aluno de outros colégios pois, certamente, receberia o "Boletim Amarelo" e ia ao "parlatório" receber o castigo. Esse boletim era entregue em situações de advertência e muitas vezes, o castigo era passar o domingo fardada no colégio.
Com as internas tínhamos pouco contato e, geralmente, elas, ficavam separadas das externas.
CORAL DA MADRE DENISE
Havia um grupo chamado AJOC (Grupo de oração para alunas mais religiosas), do qual eu não fazia parte porque as freiras não permitiam por se tratar de um grupo onde predominava a disciplina, a ordem, e o comportamento de suas integrantes devia ser angelical (quase "santas"). Infelizmente não tive acesso a tal grupo mas a minha formação cristã foi preservada, a minha fé em Deus e o meu amor ao próximo tem sido uma das razões da minha existência.
Tendo também, grande lembrança de Irmã Helena pois, era encarregada do sítio, muitas vezes nos surpreendeu a saborear as frutas tão bem cultivadas, e com seus gritos e reclamações, éramos impedidas de continuar o nosso passeio, ficando apenas a admirar de longe aquele "paraíso" terrestre.
Fazíamos parte ainda, do "coral da Madre Denise" que, vale salientar, era harmonioso e deslumbrava à todos e, por isso, estávamos sempre a nos apresentar em ocasiões sociais e recebíamos inúmeros convites para nos apresentar em outras cidades.
Em 1952 interrompi meus estudos no Santa Sofia fui para o Colégio XV de Novembro onde sinto também orgulho de ser ex-aluna e ex-professora. Regressei ao Santa Sofia em 1954 e minha turma, já técnica em contabilidade, estava acrescida de mais algumas alunas, entre elas a então noviça Maria Etiene, diretora do Colégio. Teresinha Alves, Clotildes Raposo e Auxiliadora Romeiro.
Tínhamos professores inesquecíveis e brilhantes como Dr. Mário Matos, Manoel Lustosa, Erasmo Vilela, Violeta Brito Lira, Madre Julieta Maria, Madre Bernadete, Dona Maria José e José Francisco Dias. Eram todos excelentes e temos boas recordações pois havia entre nós um relacionamento de carinho e amizade, preservado com dignidade e respeito.
Em 1959 fui prestar exames para o vestibular da Fafire e concluí o curso superior de Sociologia, mas a experiência e os ensinamentos que guardei me acompanharam na vida estudantil e continuam preservados até hoje. A sementinha que um dia foi plantada, cresceu, floresceu e, graças aos ensinamentos cristãos, estão dando bons frutos.
Em 1963, lecionei no magistério noturno, fui presidente das ex-alunas por duas vezes. Como tão bem expressa o hino do colégio - "Santa Sofia suave harmonia que eleva o coração".
*Ivete Feitosa de Freitas / Garanhuns, 05 de Setembro de 1992.
Nenhum comentário:
Postar um comentário