quarta-feira, 23 de agosto de 2023

O ferreiro

Garanhuns na década de 1950

Milton Marques | Recife

Anos 70, em Garanhuns tinha um senhor conhecido como Ferreiro, pois era sua profissão, sua oficina ficava no Arraial, nas proximidades da igreja redonda. Costumava ir às serrarias na rua São Francisco, muita conhecida na época como rua da Madeira e ao mesmo tempo também o baixo meretrício. Por muitos anos essa rua se dividia entre as serrarias e o famoso cabaré.

Naquelas serrarias, algumas fabricavam carros de boi, o qual a ferragem nas rodas eram feitas nas próprias serrarias onde se acumulava os resíduos queimados da madeira: carvão, pedaços semi-queimados etc., no processo ferro no fogo para alocação nas rodas.

O senhor Ferreiro contava muitas astúcias, certo dia Ferreiro veio à serraria recolher os resíduos para utilização na sua forjaria como de costume. Disse ele, aproveitou o serão da serraria e veio pegar um saco do resíduo, era umas 10 da noite. Botou o saco na cabeça e partiu para sua oficina. Chegando ali no centro, próximo a prefeitura passou por duas mulheres e um sujeito junto à elas. E já subindo na rua Nilo Peçanha, proximidade do Colégio Santa Sofia, escutou uns passos rápidos atrás dele, rua um pouco escura, ele com o saco na cabeça. O cara igualou com ele e gritou: véi sem vergonha, véi safado, vou lhe dá um pau agora pra você ficar fora do tempo !!! ele respondeu: você tá me confundindo com outra pessoa né? ...confundindo o quê véi safado, você mexeu com minhas mulheres.

O Ferreiro vendo que o negócio era feio, jogou o saco da cabeça no chão, botou a mão na boca do saco e falou brabo também: venha seu FDP, eu tô acostumado a atirar num olho de um rato para não perder o couro, venha... e mão na boca do saco, rua escura... o cara engatou uma ré e caiu fora. Não percebia se tinha uma arma ou não. Disse o Ferreiro pra nós: o que tinha na mão era apenas um tição!!!!! Ah, ah, ah.

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