quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Nossas praças, nossa poesia



João Marques* | Garanhuns

Avenidas, parques e praças são de todos. Têm um sentido maior de coletividade, de lugar aonde todos vão e se aprazem. Garanhuns é uma cidade muito bem servida por esses lugares de deleite. Em todos há cultura e humanização. Há alguns, porém onde a poesia está mais presente, com textos poéticos expostos. O Espaço Cultural Luís Jardim, na Avenida Santo Antônio, e a praça João Pessoa, no centro da cidade.

LUÍS JARDIM

A praça monumental, em homenagem ao escritor garanhuense Luís Jardim, tem dois poemas esculpidos, painéis alusivos à história de Garanhuns, e uma estátua sentada, com caracteres da raça negra. Nas mãos, placa de cimento oferecendo a quem se aproxima e lê poema de autoria de Manuel Bandeira. É uma homenagem do poeta pernambucano a Luís Jardim. Em outro canto, poema maior, do poeta garanhuense Maurilo Matos. "Uma Canção para Garanhuns", que em seu contexto, releva esta cidade as suas origens históricas.

"Do Herói Bandeirante tu foste pousada

Refúgio de negros nos teus alcantis,

Dançaste o toré e fizeste toada,

Promessas, macumbas e ouricurís.

Ó bela Simôa, teus filhos conclama

E teus feitos desde o alvorecer.

A voz que bem alto teu nome proclama,

Exulta no hino do teu florescer".

Os painéis, em figuras de relevo, contam a história de Garanhuns. Simôa Gomes, Domingos Jorge Velho, o negro, o carro de boi, o índio, são figuras da arte do escultor Armando Rocha. No centro do Espaço, há um palco arredondado, onde seriam apresentados musicais, teatros e outras atrações. O Espaço Cultural Luís Jardim (foto abaixo) foi feito pelo Prefeito Ivo Amaral, em 1990.

Luís Jardim

O poeta Waldimir Maia Leite, de memória inesquecível, homenageia Garanhuns com um poema e a estátua de um menino na praça João Pessoa.  O poeta, de Garanhuns, invoca com o poema a sua infância vivida nessa praça antiga da cidade.

"Dois braços fugitivos

envolvendo o (vago)

e húmido corpo

da estatuazinha nua,

primeiro alumbramento

do menino que foi"

Esses espaços, contudo, não são aproveitados com atividades culturais condizentes com seus significados. E nem a própria Secretaria de Educação e Cultura programa para esses locais visitas dos alunos, onde aprenderiam mais.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

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