terça-feira, 1 de agosto de 2023

Memórias do Monsenhor Adelmar Valença - Parte XV

Mons. Adelmar hasteando a Bandeira no Colégio do Arraial ao lado de seu pai, Abílio Valença

12 de Janeiro de 1932 - Terça-feira - Cheguei, hoje com D. Manuel Paiva. Saí com ele no dia 21 de dezembro, passando alguns dias na  Fazenda Volta, da família dele, na Paraíba. Na volta, dormimos em Gravatá,  donde saí, menino, em 1913, depois da paróquia. Foi esta a primeira vez que estive em São Bento, onde vi tantos parentes.

29 de Agosto de 1932 - Segunda-feira - Com tristeza, recebi, hoje, a notícia da morte de Jorge Pedrão,  amigo que deixei na Bahia. Faleceu no dia 28 de julho de tuberculose. Lembrava-se sempre de mim, em sua doença. Quando saí da Bahia, ao despedir-me do Banco, ele ficou chorando, soluçando. Não o esquecerei nas minhas orações.

16 de Novembro de 1932 - Quarta-feira - Dia das férias do fim do ano. Cursei o 1º ano de Filosofia. Fiz exame de Religião, no dia 10, e de Filosofia e Música, no dia 12, passando com 9, 8 e 9. Assisti, espontaneamente, às aulas de Latim 4º ano. Fui professor de Latim, Francês e Português 1º ano, Aritmética e Religião 2º ano, com dezoito aulas semanais. Fui prefeito durante todo o ano. As férias de São João foram de 16/6 até 2/7.

16 de Julho de 1933 - Domingo - Renovei, hoje, a recepção do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo. Recebi-o, pela primeira vez, em 1918 ou 1919, juntamente com Bá, na Catedral. A cerimônia de hoje foi presidida pelo Mons. Anchieta Callou, à noite, na capela do nosso Seminário.

18 de agosto de 1933 - Terça-feira - Recebi das mãos do Mons. Anchieta Callou a fita azul de Filho de Maria. A congregação Mariana para rapazes foi fundada hoje e é este motivo de não ter recebido, primeiro, a fita de aspirante. Fui nomeado o Presidente da mesma.

18 de novembro de 1933 - Sábado - Dia das férias do fim de ano. Cursei o 2º ano de Filosofia, tirando nota 8. Fiz, também, exame de História Natural, Física e Química, com nota 7, no dia 11, e Religião, no dia 15, com nota 8. Fui professor de Francês 1°, 2º e 3º anos, Português 2º e 3º, Latim 2º e 3º, Religião 2º e, no 2º semestre, Aritmética 1º e 2º, Álgebra 3º, com vinte e quatro aulas semanais. Fui prefeito durante todo o ano. Férias de junho foram de 16/6 a 3/7. No próximo ano, irei cursar Teologia no Seminário da Paraíba. Aqui, no Seminário de Garanhuns, muito aproveitei. Os trabalhos foram excessivos: tinha que estudar as minhas matérias e as matérias que lecionava. Estudando, ia até tarde da noite e, pela madrugada, estudava novamente, além das preocupações com a  disciplina. Quando entrei para o Seminário, fazia dez anos que não abria os livros escolares: tive que ensinar matérias que jamais estudara. Os alunos não eram uns santinhos, como eu esperava; mas as trelas e manhas talvez sejam coisas úteis para as atividades necessárias ao sacerdócio. Os trabalhos das aulas que lecionava, embora exaustivos, foram úteis, não só  porque serviram de prática para o magistério, como porque eram um meio para compensar, de sobra, a pensão do Seminário. Os três invernos foram penosos: presente, sempre, junto aos alunos, sobretudo nos recreios, era maltratado, duramente, pelo frio que não respeitava a minha batina de brim. Ao entrar para o Seminário, pedi a Deus sofrimentos: estes nunca me faltaram!

1º de fevereiro de 1934 - Quinta-feira - Dia em que cheguei no Seminário da Paraíba, para estudar Teologia. Saí de Garanhuns, ontem. O reitor é o Mons. José Tibúrcio de Miranda; o Ecônomo, Padre Teodomiro Queirós;  o Diretor Espiritual, Cônego Severino Pires. Como teólogo, tive direito a um quartinho. Aqui chego, cheio de esperanças. Deus me proteja!

4 de março de 1934 - Domingo - Recebi, das mãos do Mons. Tibúrcio, a fita de aspirante da Congregação Mariana do Seminário da Paraíba. Em Garanhuns, já era Filho de Maria!

7 de março de 1934 - Quarta-feira - Recebi, das mãos do Mons. Tibúrcio, o Cíngulo de Santo Tomás de Aquino, ficando como associado da Milícia Angélica. É dia de Santo Tomás de Aquino, meu protetor. Há três anos,  feliz, eu recebia a batina, no meu Seminário Menor!

11 de março de 1934 - Domingo - Fui nomeado vice-prefeito dos filósofos. Perdi o direito de ficar no quartinho. Estudos e dormida, num salão grande, como era em Garanhuns.

22 de julho de 1934 - Domingo - Recebi das mãos do Mons. Tibúrcio, na Capela do Seminário, às 6 e meia da noite, a fita azul de Congregado Mariano do Seminário da Paraíba.

19 de novembro de 1934 - Segunda-feira - Dias das férias. Não seguirei, agora, para Garanhuns, pois Mons. Tibúrcio e Padre Teodomiro pediram-me para ficar aqui, organizando a escrituração da Receita e Despesa do Seminário. É trabalho para um mês, mas farei esforços para terminar nos primeiros dias de dezembro. No primeiro trimestre, ocupei o cargo de vice-prefeito dos filósofos; no 2º semestre, o de prefeito dos mesmos; no 3º trimestre, vice-prefeito dos teólogos, voltando a ter direito a um quartinho. Fui professor de Português do 2º ano, percebendo 20$000 mensais, com três aulas semanais. Meus exames foram: dia 25 de outubro, Ação Social, nota 8; dia 27/10, Escritura, nota 9; dia 10/11, Moral, nota 8; 15/11, Eloquência, nota 8. Fui a Garanhuns, nas férias de junho, de 17/6 e 1/7, ficando em São Pedro.

Fonte: O Diocesano de Garanhuns  e Monsenhor Adelmar de Corpo e Alma / Manoel Neto Teixeira / 1994.

Foto: Mons. Adelmar hasteando a Bandeira no Colégio do Arraial ao lado de seu pai, Abílio Valença.

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