terça-feira, 1 de agosto de 2023

Memórias do Monsenhor Adelmar Valença - Parte XVII

Família Mota Valença

30 de novembro de 1936 - Segunda-feira - Dia das férias. Exames: dia 2, Cantochão, nota 8; dia 14, Direito, nota 8; dia 16, Liturgia, nota 9; dia 18, Dogma, nota 8; dia 20, Moral, nota 8; dia 21, Escritura, nota 8. Fui dispensado dos exames de Ascética, porque estava acamado. Fui professor de Francês 2º e 3º anos, percebendo 30$000 mensais, com cinco aulas semanais. Ocupei, no 2º trimestre, o cargo de vice-prefeito dos teólogos. De Garanhuns, saí no dia 26/12 para o Seminário Ferial de Mamanguape, onde ficamos até 1º de fevereiro deste ano. Passei as férias de junho aqui mesmo neste querido Seminário.

8 de dezembro de 1936 - Terça-feira - Dia do meu sagrado subdiaconato! Foi-me conferido por D. Manuel, na Catedral de Garanhuns na missa das 7 e 30. Foram companheiros de ordenação: Antônio Callou, que recebeu o presbiterato; Artur Silvestre, que recebeu o diaconato. Exercerei, pela primeira vez, e ordem que recebi, na primeira missa do Padre Antônio Callou, no dia 12. Até a minha casa, fui acompanhado pelo Monsenhor Callou.

19 de maio de 1937 - Quarta-feira - Dia da morte de D. Manuel Paiva, meu querido prelado. Faleceu em Garanhuns, ao meio-dia. Foi ele que, tão carinhosamente, me recebeu, ao ver o meu desejo de entrar para o Seminário. Quantas vezes, os meus ouvidos ouviram, de seus lábios, elogios a meu respeito! "É bonzinho como o outro!", dissera ele, um dia, à sua família,  na Fazenda Volta, sem saber que eu estava ouvindo. Que Nosso Senhor recompense a sua caridade! Beijei-lhe o anel, pela última vez, no dia 31 de dezembro de 1936, às 9 horas da noite, ao despedir-me para ir para o Seminário Ferial de Mamanguape. Pela última vez, vi-o, ao sair da Catedral, logo após o romper do Ano Novo. Quando estudava no Seminário de Garanhuns, por ocasião de uma ausência grande do Reitor (doença), D. Paiva escreveu-me, mandando que eu desce trabalho aos alunos, não os deixando desocupados; no envelope, escreveu: "Adelmar Valença de Abreu Gusmão". In pace requiescat!!!

ORDENAÇÃO

28 de novembro de 1937 - Domingo - Dia em que me foi conferido o sagrado Diaconato, na Catedral da Paraíba, na missa das 6 horas, por D. Moisés Coelho. Foram companheiros  de ordenação: Hildon Bandeira, Armindo Machado e Luís Marinho, que receberam, comigo, o Diaconato; Otoniel Passos, que recebeu o subdiaconato. Um degrau, apenas, está faltando! Olho para trás. Bem depressa se passaram os anos da vida feliz nos dois Seminários!

2 de novembro de 1937 - Segunda-feira - Penúltimo dia letivo. Resultado os meus exames: Teologia Ascética, dia 7, nota 9; Escritura Sagrada, dia 15, nota 8; Teologia Dogmática, dia 18, nota 8; Direito Canônico, dia 20, nota 8; Teologia Moral, dia 22, nota 8; Teologia Pastoral, dia 22, nota 8; Liturgia Sagrada, dia 23, nota 9; Fui professor de Francês 1º e 3º anos, ganhando 30$000 mensais. Fui prefeito dos teólogos, em janeiro, no Seminário Ferial, e, no 1º trimestre, vice-prefeito dos mesmo. Saí de Garanhuns, no dia 1º de janeiro, com destino ao Seminário Ferial, onde ficamos até 1º de fevereiro. Estive, no  dia 6/5 em Garanhuns, por ter ido levar um seminarista para o Seminário de lá. Passei as férias de junho, na Fazenda Volta, em casa de D. Moça. Dos dezenove alunos que foram meus companheiros no meu primeiro ano de Seminário, restam somente: Otoniel, Joel, Antônio de Barros, Carneiro Manso, Edésio, Reginaldo e José Mousinho; deixaram o Seminário: Osvaldo Medeiros e Delecarlindo, em 1931; Murilo Conti, Mário Vieira, Arlindo Tenório e Luís Patriota, em 1932; Adalberto Martorelli e Augusto Holanda, em 1933; José Bezerra e Luís Lira, em 1934; José Rosa, em 1937. Minhas notas, nos dois seminários, sempre foram 10, 9, 8, 7, três vezes; nenhuma abaixo de 7. No Seminário da Paraíba, lecionando menos, foi mais sossegada minha vida, apesar de ter adoecido, às vezes, por causa do clima, sobretudo quando fui atingido pela amebiana. Foram os quatro anos mais santos da minha vida. Sempre que era nomeado Leitor da Capela, rezava a mais, no 5º mistério do terço, 1 Ave Maria por mim, sem chamar a atenção dos colegas. Levo dos meus  superiores, a melhor impressão; homens como Mons. José Tibúrcio, Cônego Severino Pires e Cônego Teodomiro Queiroz glorificam o ministério sacerdotal e honram e  enobrecem nossa Santa Igreja! O Seminário da Paraíba devia servir de exemplo para todos os seminários do Brasil! Que Deus me perdoe pelas vezes que, aqui, não correspondi a tantas graças!

Fonte: O Diocesano de Garanhuns e Monsenhor Adelmar de corpo e alma / Manoel Neto Teixeira / 1994.

Foto: Família Mota Valença.

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