quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Joaquim Alves Barreto Coelho

Grandes Vultos de Garanhuns -  O homem superior não desconhece que a finalidade precípua do  ser humano, é conquistar um elevado nível de  pureza mental. Nesse  Estado o seu comportamento enseja amplas possibilidades de progresso em todos os setores de suas atividades. Todos são convocados naturalmente para essa  realidade de ordem psicológica. Salvo os que não podem tributar  homenagem à cultura propriamente dita. Todo momento, na vida de cada um, é importante para se estabelecer esse diálogo. Entendemos que dialogar não é simplesmente conversar. É sobretudo compreensão, entendimento pleno e mútuo. Quando estamos apenas conversando com outras pessoas, poderemos não estar identificados com os seus pensamentos. E, isto  torna insuportável a palestra. Ao contrário quando nos identificamos mentalmente o diálogo torna-se interessante porque as palavras se transformam em imagens do pensamento positivo. São, por  assim dizer, dois mundos que se completam.

Muitas vezes uma coisa é importante - mas  não é fundamental em certas ocasiões da nossa vida social. Uma implicação de ordem moral em que o homem procura purificar a sua  mente, impõe-se como criação de valores indispensáveis ao bom ordenamento ambiental. No mundo inteiro os homens vivem em permanente relação com criaturas espirituais. Por isso o próprio positivismo não pode escapar ao conhecimento de que: "os mortos governam os vivos" embora apenas através da dinâmica cultural. Essa dinâmica cultural implica num progresso de renovação constante de renovação na conduta do homem que se propõe criar possibilidades não adversas. Nesse sentido o valor moral é imprescindível. Nesse setor, ressalta, nova colocação do problema: a inteligência e a moral. A inteligência longe está de constituir um  indício certo de superioridade, porquanto o intelectual e o moralista nem sempre andam em  harmonia. Pode um homem ser bom, afável, e ter conhecimentos limitados. Ao passo que outro inteligente e instruído, cuja capacidade todos o admiram, pode  ser muito inferior em moralidades.

Não há outro critério, mais valioso, senão o bom senso, para se aquilatar do valor do homem, no seu tempo e na sua época: Joaquim Alves Barreto Coelho - homem austero e de conduta aprimorada como cidadão. Circunspecto e meio fechado ao diálogo, o seu comportamento psicológico infundia respeito e confiança. Casou-se com a poetisa, Dona Narcisa Coelho, figura de realce intelectual da nossa sociedade. O desnível cultural não possibilitou qualquer incompatibilidade de ordem afetiva. O seu lar e a família era  um exemplo de harmonia e respeito mútuos.

No seu tempo a política não exigia muito. Não se lhe apresentava como tarefa difícil. Não havia o malabarismo mental dos profissionais e nem se cogitava de multipartidarismo - como hoje se pretende. Tudo girava em torno das simpatias individuais, gerando o direito de competir. Assim participou ativamente e foi eleito vereador com 347 sufrágios. E foi um dos  membros do terceiro governo autônomo do Município nas eleições de 10 de setembro de 1898. Já  em 7 de janeiro de 1883 havia sido eleito conselheiro à nossa comunidade. Destacou-se como fiel representante do equilíbrio político partidário pertencia a Guarda Nacional. Foi contemporâneo e companheiro de lutas políticas de Pedro Barros, Luiz José Burgos e outros próceres da política de então. Nesse período foi criada a primeira escola Pública Municipal dirigida pela professora Maria Jardim. Conhecemo-lo já velho e exercendo atividades comerciais. Estabelecido à Avenida Santo Antônio, a sua casa comercial era muito bonita. Na sua residência havia reunião familiar. Onde  se cultuava a arte poética e a boa música. Seu filho Arlindo Coelho, a fidalguia  em pessoa, excelente flautista, comandava a tertúlia. Enquanto os poetas e literários contribuíam para o ornamento da graça e da beleza. Os candelabros iluminavam a paisagem humana do seleto ambiente. Joaquim Alves Barreto  Coelho aqui terminou os seus últimos dias de vida, na terra dos seus amores. Na cidade dos cravos e das boninas, onde as madrugadas cheiram e trescalam os perfumes das rosas. Berço de poetas, jornalistas, prosadores e menestréis saudoso. É mais um dos filhos da cidade centenária, cuja vida foi um relicário de  honra e dignidade.

*Dr. Jose Francisco de Souza / Advogado, jornalista e historiador / Garanhuns, 11 de março de 1978.

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